Polícia

Acusado de mandar matar juiz, coronel Ferreira afirma ser vítima de armação

O julgamento acontece no auditório da Universidade de Vila Velha (UVV), em Vila Velha. Alexandre Martins foi morto em 2003, na porta de uma academia em VV

Coronel Ferreira é acusado de ser um dos articuladores da morte do juiz Foto: TV Vitória

Dois dos três acusados de serem os mandantes da morte do juiz Alexandre Martins, assassinado em 2003, vão a júri popular nesta segunda-feira (24). O julgamento acontece no auditório da Universidade de Vila Velha (UVV), em Vila Velha. 

Logo pela manhã, uma fila com mais de 100 pessoas já podia ser vista no local. Um dos acusados, o ex-policial civil Claudio Luiz Andrade Baptista, conhecido como Calú, chegou ao local acompanhado dos pais e dos advogados. Logo em seguida, foi a vez do coronel da reserva da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira. O Coronel negou mais uma vez participação no crime e sustenta a hipótese de latrocínio. 

“Todo mundo sabe que foi um latrocínio. Qualquer pessoa da sociedade civil sabe. O resto foi montando pela Secretaria de Segurança. Os senhores terão uma surpresa nos depoimentos de algumas testemunhas. Os senhores saberão que estou sendo vítima de uma armação montada pela secretaria, contra o governador do Estado. Ele [governador] que o diga. Ele sabe que foi torturado com essa história. Ele recebia de 20 a 30 ligações por dia do pai do juiz, achando que o filho tinha sido morto em um crime de mando. Não foi. Foi um assalto. Os acusados do assassinato afirmam isso em todos os lugares. Afirmaram isso sob tortura. Eles dizem que não me conhecem e falam que realmente pretendiam assaltar”, alegou o acusado. 

Durante entrevista, o réu voltou a citar o pai da vitima, o advogado e professor Alexandre Martins de Castro. Segundo ele, é possível entender o sofrimento do pai do juiz. “Infelizmente ele vem me tripudiando, me humilhando e eu nunca respondi o que ele merecia ouvir. Eu entendo o sofrimento dele de pai. Eu também sou pai. Tenho um filho advogado. Eu entendo sofrimento dele, mas eu quero que entendam o meu. Sou acusado de um crime eu que não cometi”, afirmou. 

O crime

Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado na porta de uma academia de ginástica em Itapoã, Vila Velha, no dia 24 de março de 2003. Na época, ele comandava investigações contra o crime organizado no Espírito Santo.

Os acusados de serem executores do crime - Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliard Ferreira de Souza - foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. Também foram condenados, como intermediadores do crime, os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; Fernandes de Oliveira Reis, o "Cabeção"; André Luiz Barbosa Tavares, o "Yoxito"; e Leandro Celestino dos Santos, o "Pardal". 

Durante todos esses anos, o processo se arrastou nos tribunais do Espírito Santo porque, além dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados de serem os mandantes do crime, nove juízes foram considerados impedidos de julgarem o caso. Eles alegaram ter algum tipo de relação com uma das partes - ou réu ou vítima - e, por esse motivo, o julgamento poderia ser considerado sem validade.

Pontos moeda