Polícia

Versões para o crime contra o juiz Alexandre Martins serão apresentadas no júri

Embora haja a versão de que o crime foi de mando, no início do processo o promotor Florêncio Herzog teria dito em conversa reservada com a mãe de um dos acusados que o crime foi latrocínio

O juiz Alexandre Martins foi morto nas proximidades de uma academia em Itapoã, Vila Velha Foto: TV Vitória

Sentarão no banco dos réus nesta segunda-feira (24) em júri montado na Universidade Vila Velha, o ex-policial civil Claudio Luiz Andrade Baptista, mais conhecido como Calu, e o coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira, acusados de serem mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, em março de 2003, nas proximidades de uma academia em Itapoã, Vila Velha.

Na época o juiz chegou a afirmar para a imprensa que teria sofrido ameaças por sua atuação frente à Vara de Execuções Penais.

Embora haja a versão de que o crime foi de mando, no início do processo o promotor Florêncio Herzog teria dito em conversa reservada com a mãe de um dos acusados que o crime foi latrocínio, roubo seguido de morte. 

A conversa do promotor, obtida pela revista Veja, está em uma gravação de 80 minutos que deverá ser apresentada durante o júri. A prova foi periciada por Ricardo Molina, um dos peritos mais respeitados do país, tendo atuado, inclusive, no caso PC Farias.

O Ministério Público será representado pelo promotor João Grimaldi, que semana passada tentou desqualificar a gravação. Mas o juiz que presidirá o Tribunal do Júri, Marcelo Soares Cunha, negou o pedido do MP e alegou que os acusados têm direito à ampla defesa.

O juiz prevê que o julgamento popular do coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira e o empresário Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, dure aproximadamente cinco dias, ou seja, até o dia 28 de agosto. Nos demais dias de julgamento, o juiz pretende trabalhar das 8h30 às 21 horas.

O processo possui mais de sete mil páginas, em 31 volumes e 39 anexos. O assassinato ocorreu em março de 2003. Desde então, o Poder Judiciário já julgou e condenou os executores e os intermediadores do crime.

O Cineteatro da UVV possui 200 lugares e justamente por ter mais assentos e ser um local mais amplo é que o juiz transferiu a realização do Júri do Fórum da Prainha para a UVV. Além das senhas que serão distribuídas para o público interessado em assistir ao júri, haverá credenciais para os familiares, para magistrados e senhas para a imprensa.

Segue abaixo trecho da conversa obtida por Veja:

Promotor - Essa questão toda, esse trabalho de execração pública... eu falo negócio, eu falo crime organizado

Mãe de Calu - Que absurdo isso!

Homem - Mas não tem nada a ver crime organizado com esse processo

Promotor - Eu sei, não vai ter, não tem?... Não tem pra uma pessoa normal, mas pra imprensa, do jeito que esse Tribunal tá levando o negócio, tá de sacanagem, tá de bandalheira...quem que não quer?

Mãe de Calu - Uma coisa como mãe que tá pedindo ao senhor, pelo amor de Deus, julga de acordo com os autos que estão lá...Não se deixa levar pela imprensa, por favor, é um pedido de mãe

Promotor - Porque... se fosse por minha convicção, já tinha saído desse processo, já. Porque eu acho que esse não foi crime de mando, isso é um latrocínio

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