Política

Coser critica institutos e diz que pesquisa no Estado virou "caso de polícia"

Instituto Futura constatou que Coser tem 14,6% das intenções de votos contra 27,3% de Rose de Freitas e 17% de Neucimar Fraga. Números são diferentes do Instituto Enquet

Coser esbravejou contra os resultados da pesquisa do Instituto Futura Foto: Everton Nunes

O resultado diferente de dois institutos de pesquisa eleitoral do Espírito Santo fez o candidato ao Senado João Coser (PT) estudar como questionará o resultado de um deles na Justiça Eleitoral. No caso do Futura, sua mais recente pesquisa constatou que Coser tem 14,6%; Rose de Freitas (PMDB) 27,3% e Neucimar Fraga (PV) 17% na entrevista estimulada, quando o nome dos candidatos são apresentados para o eleitor.
 
Já a pesquisa mais recente do Instituto Enquet apresentou números diferentes na estimulada: Rose, 29,5%; Coser 26% e Neucimar 13,1%. A margem de erro da Enquet é de 2 pontos percentuais e da Futura, 3,5 pontos percentuais.
 
Coser esbravejou contra os resultados da Futura: “Meu sentimento em relação ao resultado dessa pesquisa é de indignação. Estamos diante de mais um escândalo envolvendo pesquisas eleitorais aqui no Estado, isso já está virando caso de polícia”.
 
O candidato ao Senado pelo PT chegou a dizer que pesquisas foram manipuladas e alertou a população. “Só posso repudiar e lamentar o uso de pesquisas manipuladas para influenciar no resultado das urnas. Meu papel, não só como candidato, mas como figura pública, é o de alertar a população, para que escolham os candidatos por suas vidas e trajetórias e não tomem como base esse tipo de informação”.
 
O candidato vai procurar a Justiça Eleitoral. “Minha equipe está estudando como iremos questionar esse resultado junto à Justiça Eleitoral. Alguma coisa precisa ser feita”, afirmou Coser.
 
Coser foi além e lembrou da diferença das pesquisas para as urnas nas eleições municipais de 2012. “Há dois anos esse mesmo instituto (Futura) divulgou uma pesquisa com erro de sete pontos percentuais e segundo esse estudo o prefeito de Vitória seria Luiz Paulo”,  disse Coser.
 
Futura
 
O diretor da Futura, José Luiz Orrico, se defendeu das acusações de Coser. “Nossa pesquisa foi a que estava mais próxima do resultado, mais do que a do Ibope. A diferença é que o Ibope não apontou quem venceria e nós, sim. Se ele (Coser) for à Justiça vamos apresentar os dados que a Justiça cobrará, estamos tranquilos. Não será a primeira vez que seremos questionados”, disse Orrico.
 
O diretor da Futura alfinetou Coser. “Ele (Coser) não reclamou quando na eleição para prefeito em 2002 nós fomos o único instituto que disse que ele venceria no primeiro turno para prefeito de Vitória”.
 
“Não faz sentido”
 
Para o cientista político e professor da Ufes André Pereira, a diferença nas duas pesquisas não faz sentido. Pereira disse que não dá para saber qual instituto está certo e qual está errado e disse que precisa outros institutos divulgando pesquisas para a população avaliar melhor.
 
“Futura deu a Rose na frente. O mais impressionante nas duas pesquisas é a diferença dos pontos da Dilma. Na Futura Dilma está atrás de Marina e na Enquet elas estão empatadas. A situação no PT está boa. A gente sabe que Dilma é mal avaliada no Espírito Santo e o PT também. É só ver que Roberto Carlos (candidato ao Governo do Estado) está lá embaixo. Resultado da Enquet é favorável ao PT e Futura é desfavorável”, analisou Pereira.
 
Pereira destacou ainda que a pesquisa é mais confiável quando a margem de erro é menor. “Em geral quanto mais entrevistas, menor a margem de erro. Porém não é impossível que o instituto esteja errado. Saberemos quem está certo quando aparecerem outros institutos. A rigor, não dá para dizer quem está certo".
 
 FlexConsult
 
Nas eleições municipais de 2012 o único instituto que acertou todas as pesquisas foi o FlexConsult/Rede Vitória.
 
Em Cariacica, Vila Velha e Vitória os números bateram com os revelados nas urnas. “Nós fomos os únicos a acertar na mosca. A FlexConsult faz uma pesquisa com a metodologia domiciliar, parecida com a usada pelo IBGE. A fiscalização é melhor desta forma”, disse o diretor da FlexConsult, Fernando Pignaton.
 
Pignaton lembrou que quando as pesquisas são feitas nas ruas  as campanhas identificam que haverá pesquisa e começam a fazer panfletagens. Pignaton fez um desabafo sobre os erros e diferenças entre os institutos de pesquisa:
 
“A indústria da pesquisa e a democracia estão ameaçadas. Deveria haver uma rediscussão sobre o método utilizado nas pesquisas. A democracia tem um grande ganho quando o instituto antecipa o placar das urnas e o eleitor pode avaliar o que está acontecendo de fato”, disse Pignaton.

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