A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) agora faz parte do seleto grupo de instituições internacionais que compõem o Observatório Vera C. Rubin, no Chile, um dos maiores projetos de astronomia do mundo.
O complexo abriga o maior telescópio fotográfico do mundo, o LSST (Legacy Survey of Space and Time), com estreia prevista para 2025.
O LSST promete transformar, por meio de imagens de altíssima resolução captadas em intervalos regulares, a compreensão do universo, possibilitando o mapeamento completo do céu do Hemisfério Sul e a investigação de questões fundamentais sobre matéria escura e outros fenômenos astronômicos.
A principal participação da Ufes no LSST envolve professores e pesquisadores de mestrado e doutorado vinculados ao Núcleo de Astrofísica e Cosmologia (Cosmo/Ufes), que desenvolvem seus estudos nos programas de pós-graduação em Astrofísica, Cosmologia e Gravitação (PPGCosmo) e em Física (PPGFis); e no Laboratório Multiusuário de Computação Científica (Sci-Com).
A equipe do Cosmo/Ufes vem atuando desde 2019 no projeto por meio de estudos que usam métodos estatísticos para analisar explosões estelares (chamadas supernovas), aplicação de inteligência artificial para estimar a distância entre objetos no espaço, e identificação de sinais visíveis (como luz) que acompanham fenômenos cósmicos extremos (como colisões entre buracos negros ou estrelas de nêutrons).
Segundo o coordenador do PPGCosmo/Ufes, Valério Marra, o LSST é um dos maiores projetos de astronomia da atualidade.
“Sua importância é máxima, tanto para o avanço científico global quanto para a formação de recursos humanos altamente qualificados no Brasil e na Ufes”, avalia Marra, que, em 2019, ganhou destaque ao se tornar um dos principais investigadores do LSST Brazilian Participation Group (Grupo Brasileiro de Participação no LSST).
Para o pesquisador do Laboratório de Telecomunicações (LabTel/Ufes) Moisés Ribeiro, os dados divulgados pelo Observatório podem revelar fenômenos cósmicos em uma escala sem precedentes, destacando o potencial do telescópio para transformar a astronomia moderna.
“Além disso, os requisitos de qualidade para transporte dos imensos volumes de dados gerados pelo Vera Rubin por longas distâncias podem também exigir uma transformação na engenharia das redes de computadores que conhecemos hoje”, ressalta.
De acordo com Moisés Ribeiro, todas as atividades que lidam com alta capacidade de transmissão de dados envolvem comunicações de sinais luminosos sobre fibras ópticas (fotônica) e fazem parte de iniciativas ligadas a um “seleto” grupo de universidades brasileiras (entre elas, a Ufes), que integram o Sistema Nacional de Laboratórios de Fotônica (Sisfóton) e o programa e-Ciência, ambos financiados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Para ele, estas ações são reforçadas pela recente aprovação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Fotônica da Ufes.
“Os experimentos são realizados utilizando infraestruturas físicas de transmissão e roteamento de alta capacidade chamadas ‘testebeds’, que são compartilhadas pela Rede Nacional de Educação e Pesquisa (RNP) e outras instituições que atuam de forma integrada. Nesta rede colaborativa, os pesquisadores buscam viabilizar soluções para lidar com os requisitos extremos do transporte de dados científicos, como é o caso do telescópio LSST”, diz Ribeiro.