
Com secas severas, enchentes repentinas e uma agricultura que responde por mais de 92% do consumo de água no Espírito Santo, os efeitos das mudanças climáticas já se impõem sobre o Estado, pressionando a produção, o abastecimento e a segurança hídrica da população.
Diante desse cenário de alerta e da urgência por soluções, o Espírito Santo sedia, entre 23 e 28 de novembro, o XXVI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (SBRH). No evento, especialistas vão discutir como a gestão da água pode fortalecer a adaptação climática e reduzir riscos em diferentes regiões.
O encontro vai acontecer no Pavilhão de Carapina, na Serra, com expectativa de receber mais de 10 mil participantes, 1.100 trabalhos técnicos, 50 painéis temáticos, espaço de exposição e visitas técnicas.
Dentre os temas que serão discutidos estão reflorestamento, segurança de barragens, qualidade da água e impactos das mudanças climáticas. O simpósio deve reunir especialistas, pesquisadores, gestores públicos, profissionais do setor produtivo e estudantes.
Espaço de exposição gratuito
Além da programação científica, o evento contará com espaço de exposição gratuito (EXPOHIDRO) para marcas e instituições apresentarem suas iniciativas e soluções voltadas à gestão hídrica e à sustentabilidade.
A inscrição para participar do simpósio já está aberta e o ingresso pode ser adquirido no site oficial do evento.
Prejuízos à produtividade agrícola
Segundo o doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, chefe do Departamento de Engenharia Ambiental da Ufes e coordenador da Comissão Organizadora Local do XXVI SBRH, Diogo Buarque, regiões como o Norte e o Noroeste já registram vulnerabilidade elevada, com prejuízos à produtividade agrícola, maior necessidade de irrigação e conflitos pelo uso da água, especialmente em pequenas bacias.
O especialista explica que, diante desse cenário, o Espírito Santo vem adotando políticas robustas de adaptação e mitigação. Desde 2010, o Estado possui a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), complementada pela criação do Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas (FCMC), em 2019, que amplia o debate e mobiliza diversos setores da sociedade.
Em 2023, o Programa Capixaba de Mudanças Climáticas (PCMC) passou a integrar e coordenar ações estratégicas em adaptação e mitigação, reforçando o compromisso de reduzir 50% das emissões até 2030 e atingir a neutralidade climática até 2050, alinhado às campanhas globais da ONU Race to Zero e Race to Resilience.
Esse planejamento ganhou novos capítulos em 2024, com a conclusão do Plano Estadual de Descarbonização e Neutralização das Emissões de GEE e, já em 2025, com o avanço do Plano Estadual de Adaptação às Mudanças Climáticas (PEAMC), que está em consulta pública até 11 de dezembro e reúne 26 ações estratégicas e 178 medidas para fortalecer a resiliência climática.
Na COP 30, que está sendo realizada em Belém, o Espírito Santo também lançou o Cidades ResilientES, que financiará Planos Municipais de Redução de Risco e Adaptação ao Clima nos 78 municípios capixabas.
Investimento em monitoramento e resposta
Buarque ainda destaca que a preparação climática envolve ainda investimentos em monitoramento e resposta.
“Um exemplo disso é a operação do sistema AlertaES, integra o Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil (Siepdec) e possui um dos mais modernos centros de inteligência climática do país, o Cidec, que reúne equipes especializadas, infraestrutura tecnológica e integração com as prefeituras para prevenção e resposta a extremos meteorológicos”, exemplifica.
Já na área de área de segurança hídrica, o especialista explica que o Espírito Santo desenvolve o Programa Capixaba de Segurança Hídrica, Águas e Paisagem II, em parceria com o Banco Mundial, e mantém iniciativas como o Programa de Financiamento para Construção de Pequenas Barragens, que apoia produtores rurais na criação de reservatórios.
“A ciência precisa orientar decisões públicas e privadas. Fortalecer pesquisas, ampliar o diálogo entre universidade, governos, setor produtivo e sociedade será cada vez mais essencial para garantirmos inovação, segurança hídrica, resiliência urbana e políticas públicas baseadas em evidências. Não agir pode custar mais do que se adaptar”, reforça a especialista.
Serviço
XXVI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (SBRH)
Quando: 23 e 28 de novembro
Local: Pavilhão de Carapina, na Serra
Inscrições: no site oficial do evento