Psicanálise e Arte

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Darlene Tronquoy

Curioso, o leitor pode se perguntar: por que um psicanalista falaria da e sobre a Arte, visto que esta é mais antiga que a Psicanálise e são campos distintos?

A Arte surge com o homem, nas cavernas, sendo mesmo o testemunho de sua presença na Terra. Será, pois, que se pode afirmar que não há vida sem a Arte, essa «produção» que parece para nada servir?

Afinal, o que há de útil em um quadro na parede ou o desenho de uma criança que implora para ser visto? Não estamos aqui falando do Mercado, no qual a presença do objeto artístico faz circular fortunas.

Trata-se de sua função pra quem o fez ou o admira, lê, escuta, toca ou se movimenta, fazendo o corpo vibrar, rir, chorar, arrepiar-se, se extasiar ou se horrorizar. Nesse sentido, a Arte é inútil, mas indispensável. Isso interessa à Psicanálise.

Mais nova, a Psicanálise nasce no mesmo terreno da Arte Moderna (fim do século XIX). Sigmund Freud, cientista com «alma de artista», amante da literatura, ao dar voz a(o)s histérica(o)s que apresentavam seus corpos retorcidos – verdadeiras obras vivas que evocam Picasso, Munch, Chagall, Bacon e outros – nomeou seus relatos de «romances familiares» dando-se conta de que, os contando, eles diziam mais do que supunham dizer.

Ali estava o inconsciente, dimensão que não para de comparecer, e é bem com ele que, além da técnica, estética ou traçado racional, se faz Arte.

Assim, Jacques Lacan afirma: os artistas às vezes não sabem o que dizem, mas eles o fazem antes que outro possa fazê-lo.

 

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Darlene Tronquoy

Graduada em Psicologia, Mestre e Doutora em Letras pela UFES, analista Membro da Escola Lacaniana de Psicanálise de Vitória (AME). É autora de artigos publicados nos campos da Psicanálise e da Literatura.