Nov 2023
28
Felipe Mello
COLUNA ESG

porFelipe Mello

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Mudanças Climáticas: o maior desafio do todos os tempos

Mudança climática é a questão mais desafiadora que o mundo tem enfrentado e a busca  por um equilíbrio na economia que garanta carbono zero ou zero líquido ou neutralidade não é recente. O aumento da temperatura no planeta já é um alerta antigo para as nações de todo o mundo! Em 2015, na COP21, quase 200 países se reuniram e assinaram o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, para buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, a fim de evitar os piores efeitos do aquecimento global.

Em 2021, também sob os termos do Acordo de Paris, os Estados Unidos, por exemplo, se comprometeram a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em até 52% e o Brasil em 43%, em comparação com a linha de base de 2005 até o ano de 2030. A China, que é o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, limitou o crescimento das emissões e fixou meta de neutralidade de carbono até 2060. Infelizmente, porém, mesmo se os compromissos de todas as nações forem rigorosamente cumpridos, ainda é provável que excedamos a meta de dois graus Celsius.

Hoje, ao ler os jornais no Brasil e no Espírito Santo, é evidente que a mudança climática é uma realidade presente, afetando indivíduos, famílias e negócios locais. As histórias variam desde o aumento das ocorrências de queimadas, a elevação dos níveis do mar afetando a costa brasileira, secas severas afetando mananciais e comprometendo fortemente o abastecimento de água em muitas cidades, em especial no território capixaba, e impactos sobre a agricultura, essencial para a economia espiritossantense. Podemos observar, ainda, paralelos com o cenário global, onde publicações como The Wall Street Journal e The New York Times destacam a urgência da crise climática, abordando desde o futuro incerto do petróleo até os incêndios florestais devastadores.

Todos os países precisam  aumentar suas ambições para neutralizar o CO2. Durante a Cúpula da Ambição Climática da 78ª Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2023, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, anunciou novas metas, com a redução de 48% das emissões até 2025 e 53% até 2030, melhores em comparação com as metas originais apresentadas na COP21. Mas essa é uma situação prática em que não apenas governos e reguladores, mas também o setor privado, indústrias, comércios, organizações financeiras e outros precisam trabalhar juntos para alcançar uma economia líquida zero carbono até o ano de 2050.

Pressão para ESG de verdade

E o risco empresarial não se limita aos impactos operacionais do aumento de temperatura. Ainda com muito pouca maturidade corporativa no cenário nacional, um levantamento feito pela Data Makers, aponta que dos 170 presidentes e diretores de empresas ouvidos consideram que (85%) zelar pela imagem e (65%) diminuir o risco reputacional são as principais motivações para avançar na agenda ESG, seguidas pela melhora na gestão da empresa (59%), redução de riscos (pressão de stakeholders; 38%) e retenção de talentos (35%).

Aqui, vale relembrar um episódio notável, de 2021, em que a ExxonMobil vivenciou uma pressão sem precedentes de seus investidores. O fundo ativista Engine No. 1, detendo menos de 1% das ações, conseguiu eleger três membros para o conselho da Exxon, realinhando a estratégia da empresa com um foco maior em sustentabilidade e energias renováveis. Esse caso reflete um movimento crescente no mundo corporativo, onde a responsabilidade ambiental está se tornando um critério central para investidores e acionistas (vamos contar essa história com mais detalhes nas próximas colunas, não percam porque vale a pena!).

Há muita importância em ter sinergia entre ações governamentais e a pressão de stakeholders privados na condução da transição para a economia de carbono zero. Exemplos de regulamentações governamentais ilustram esforços para mitigar as emissões de gases de efeito estufa. Paralelamente, investidores, consumidores e funcionários têm se mostrado agentes de mudança, exigindo que as corporações adotem práticas mais sustentáveis que envolvem as três letras, o Ambiental, o Social e a Governança.

A FRONTEIRA IDEOLÓGICA

Com isso, a COP28 cria novas expectativas e promete remexer em algumas feridas abertas. A esperança é de que à medida que a conscientização sobre a urgência das ações climáticas se intensifica, empresas de todos os setores aceitem a necessidade imperativa de adotar práticas de ESG para mitigar riscos de reputação e alinhar-se com os padrões de sustentabilidade globalmente reconhecidos.

A cúpula em Dubai servirá como um lembrete e um catalisador para ações concertadas, reiterando a importância da sinergia entre os stakeholders do planeta  na transição para uma economia de baixo carbono, um passo essencial para enfrentar a desafiadora realidade das mudanças climáticas.

Postado Agora

Daniela Klein

Comunicóloga, com habilitação em jornalismo, especializada em meio ambiente, e pós-graduada em gestão de energia e em marketing, com MBA em Gerenciamento de Crises. Experiência em comunicação ambiental e sustentabilidade, gestão de imagem, planejamento de comunicação e elaboração e execução de Programas de Comunicação Socioambiental e de Relatórios de Impacto Ambiental. Atua no desenvolvimento de Relatórios de Sustentabilidade (Certificação GRI) e atendimentos de outras demandas relativas à ESG.

Responsável pela criação de metodologia de comunicação inovadora de voz aos territórios, com base em análise de discurso, e sua aplicação prática no projeto indenizatório “Pescador de Fato”, no auxílio de uma das maiores tragédias socioambientais do mundo, o rompimento da barragem da Samarco.

No mercado há mais de 20 anos, já atuou em redação, na assessoria de órgãos públicos e na iniciativa privada. Foi jurada recorrente do Prêmio Ecologia, consultora das Associações Brasileiras de Entidades de Meio Ambiente (ABEMA) e de Membros do Ministério Público do Meio Ambiente (ABRAMPA). É certificada em Inbound MKT, em Logística e Operações Humanitárias e em Engajamento Significativos de Partes interessadas (BID).

Fundou a KICk, em 2010, empresa de comunicação, com foco em socioambiental e branding. Profissional ABRAPS.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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