Em Busca das Tartarugas Marinhas Capixabas
Tartaruga-cabeçuda desovando em Regência com o céu estrelado. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
Fui até Regência, no Espírito Santo, com meu amigo Professor Sérgio Lucena.
Nosso objetivo era registrar as tartarugas marinhas desovando, seguindo os passos dos antigos naturalistas que exploraram o Brasil há mais de 200 anos.
Era uma grande aventura, cheia de desafios e momentos memoráveis.
A Fascinante História do Príncipe Maximiliano
O Professor Sérgio me convidou para essa expedição inspirada na viagem do Príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied, um naturalista que explorou o Brasil no início do século XIX.
Maximiliano descreveu várias espécies, paisagens e culturas, documentando sua jornada em livros que se tornaram referência para cientistas e entusiastas da natureza.
Seguir seus passos nos permitiu não apenas registrar as lindas tartarugas-marinhas, mas também refletir sobre as mudanças que ocorreram nos últimos 200 anos.
Tempestade e Salvamento de Ninhos
Ao chegarmos em Regência, uma tempestade violenta se formava… era visível no céu com nuvens pesadas e mar agitado.
Tartaruga-cabeçuda desovando em Regência com céu nublado, antes de uma tempestade que destruíu diversos ninhos. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
O mar avançava sobre a praia, destruindo os ninhos de tartarugas. Colocamos nossos planos de lado e nos unimos ao Projeto Tamar e à equipe da Reserva de Comboios (representada pelo gestor Antonio de Pádua Almeida, do ICMBio), para ajudar.
Realocar os ovos foi uma tarefa árdua, mas saber que salvamos centenas de tartaruguinhas foi extremamente gratificante.
A equipe do Projeto Tamar e da Rebio, de forma heroica, se colocou entre as agressivas ondas do mar e os ovos das tartarugas que tanto protegem e conseguiram salvar centenas deles.
Equipe do Projeto Tamar resgatando ninhos de tartarugas durante uma tempestade. | Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios
Nos dias seguintes, após a tempestade, finalmente pudemos acompanhar a desova das tartarugas sob um céu estrelado.
“Tartaruga-cabeçuda desovando em Regência com o céu estrelado após tempestade | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
VEJA O VÍDEO DA HISTÓRIA DO RESGATE AQUI:
A Magia da Desova Noturna
Nossa meta era registrar as tartarugas desovando com o céu estrelado ao fundo. As tartarugas-cabeçudas, concentradas na desova, pareciam estar em transe, ignorando completamente nossa presença.
Guiados pelo Professor Sergio Lucena e pelos pesquisadores do Projeto Tamar, conseguimos replicar a famosa ilustração do Príncipe Maximiliano de Wied, feita em sua viagem ao Brasil entre 1815 e 1817.
Ilustração da expedição de Maximiliano de Wied ao Brasil (1815-1817). | Crédito: Wellcome Collection
Professor Sérgio Lucena replicando a cena histórica de Maximiliano de Wied. | Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios
Usando técnicas de longa exposição, capturamos tanto o momento da desova quanto o céu noturno repleto de estrelas.
Tartaruga-cabeçuda desovando em Regência sob céu noturno | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
Histórias e Aventuras
Acompanhar a desova das tartarugas foi uma experiência única. Ver essas criaturas majestosas, tão dedicadas à continuidade de sua espécie, me encheu de esperança e admiração.
Leonardo Merçon fotografando tartaruga desovando em Regência. | Foto: Ilka Westermeyer / Instituto Últimos Refúgios
Detalhe de ninho e ovos de tartaruga-cabeçuda em Regência | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
A aventura de salvamento dos ninhos durante a tempestade mostrou a força da colaboração e a importância do trabalho de conservação.
Curiosidades Sobre as Tartarugas-cabeçudas
As tartarugas-cabeçudas (Caretta caretta) são conhecidas por suas cabeças grandes e mandíbulas poderosas.
Elas são omnívoras, alimentando-se principalmente de invertebrados do leito marinho, como gastrópodes, bivalvos e decápodes. Elas também consomem esponjas, corais, vermes poliquetas, anêmonas-do-mar e cefalópodes.
Durante as migrações em mar aberto, sua dieta inclui medusas, moluscos flutuantes, lulas e peixes-voadores, demonstrando sua capacidade de adaptação a diferentes ambientes marinhos.
Infelizmente, estão classificadas como vulneráveis tanto pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) quanto pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente), devido às ameaças como a perda de habitat e a captura acidental em redes de pesca.
No Brasil, as áreas prioritárias de desova estão localizadas no litoral do Espírito Santo, Bahia e Sergipe.
Tartaruga-cabeçuda desovando em Regência com horizonte e rastro do animal ao fundo estrelado. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
Um Legado de Conservação
O trabalho de conservação do Projeto Tamar foi fundamental para a sobrevivência das tartarugas marinhas no Brasil.
Suas campanhas de sensibilização e educação ambiental ajudaram a reduzir a carebada (caça das tartarugas e seus ovos) e a proteger os habitats de desova.
Meu desejo é que minhas imagens também possam contribuir, ainda que modestamente, para essa causa tão importante.
No final, fico feliz que nessa nossa aventura pudemos ajudar centenas de tartaruguinhas a terem mais uma chance de vida.
Filhotes de tartarugas-marinhas recém-nascidas indo para o mar. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
E documentar essa história foi uma das experiências mais emocionantes de minha vida!
Orgulho das maravilhas capixabas
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Espero que tenham gostado desta história. Te vejo na próxima AVENTURA! 😉👍
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Por Leonardo Merçon
Fotógrafo e Cinegrafista de natureza, fundador do Instituto Últimos Refúgios, Mestre em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, apaixonado pelo meio ambiente! Junte-se a mim nesta incrível jornada de descobertas sobre a vida selvagem e veja mais histórias lindas que vivo estando sempre explorando a natureza. 🌳 (Foto de makingof: Iago Bueno)
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