Fev 2024
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VOZ DA INCLUSÃO

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Moradia acessível é inclusão

Na parte final da entrevista com o Instituto JNG, Flávia Poppe fala sobre a importância da independência, inclusão e acessibilidade no Brasil, e futuros passos do projeto.

 

Todos somos diferentes, e pessoas com deficiência também não são iguais. Como estimular a independência de cada um, respeitando as diferenças?

Exato, não é o diagnóstico que une pessoas com deficiência. Antes de mais nada, é preciso reconhecer as necessidades de cada pessoa para dar o apoio adequado, sem subestimá-la, escutando-a.

A metodologia do Instituto JNG tem esse diferencial: o apoio é centrado na pessoa, com respeito às singularidades de cada um. Eles são protagonistas e tem oportunidade de decidir e fazer suas escolhas. Nós conhecemos o perfil dessa pessoa, e a partir daí a gente consegue conhecer e estimar o tipo de apoio que ela vai precisar, elaborando um Plano Personalizado de Apoio (PPA). E aí o apoio individualizado permite que os estímulos e a motivação para o desenvolvimento de autonomia e independência seja sob medida, de acordo com a necessidade de cada pessoa.

Inclusão e acessibilidade no Brasil estão num bom caminho, ou precisam avançar mais?

Sim, O Brasil está num bom caminho em relação à inclusão das pessoas e podemos constatar isso a partir do Marco Jurídico disponível, a Convenção Internacional das pessoas com Deficiência do qual o Brasil é signatário; e também pela aprovação da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) de 2015.

Do ponto de vista de algumas ações da educação inclusiva o Brasil avançou, e hoje a geração mais nova já se beneficia dos princípios dos direitos das pessoas com deficiência. Entretanto, o Brasil ainda tem muito o que avançar, sobretudo no que diz respeito aos direitos associados à vida adulta da pessoa com deficiência, como trabalho e moradia.

As estatísticas da última PNAD, de 2022, demonstram que ainda há uma defasagem enorme em relação à empregabilidade e relação ao nível de educação quando comparados às pessoas sem deficiência.

E em relação à moradia, que é onde o Instituto JNG atua, praticamente nada está sendo feito, muito pouco. Somos o único ator da sociedade atuando e incidindo sobre moradia para vida independente.

O que existe de política pública para exercício desse direito, garantido na LBI, é muito pouco e atende apenas uma parcela da população brasileira.

Como Organização da Sociedade Civil, nossa interlocução com o poder público é permanente, pois enxergamos essa primeira moradia independente como um laboratório para políticas públicas, com o objetivo de viabilizá-la para o maior número possível de pessoas.

O projeto pioneiro foi no RJ. Existe a ideia de ampliá-lo para outros estados?

Sim, claro! Já demos o primeiro passo em São Paulo, com um grupo de 10 famílias participando da Fase I do projeto de moradia independente.  Estamos prontos para replicar o modelo de moradia JNG em qualquer cidade, com uma metodologia consolidada, indicadores e resultados comprovados. Podemos liderar o processo, como estamos fazendo em São Paulo; ou dar consultoria para outras instituições, governos e grupos de famílias. Ele está estruturado em 3 fases, com duração total de 6 a 8 meses. O principal ponto é que as famílias acreditem no modelo e estejam dispostas a dar oportunidades para o desenvolvimento de autonomia de seu filho(a) adulto. Afinal, as crianças crescem e a fase escolar não dura para sempre. É possível aprender a viver de forma mais independente e com autoestima através das escolhas da vida diária e a partir da construção de identidade que o seu próprio espaço e privacidade oferecem para jovens adultos com deficiência.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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