
Nos últimos anos, novas gerações de medicamentos para diabetes e obesidade têm chegado ao mercado, e o Espírito Santo contribui ativamente para essa revolução científica. O Cedoes, maior centro privado de pesquisas clínicas do estado, tem sido protagonista em estudos internacionais de três substâncias que prometem transformar o tratamento dessas condições: orforglipron, eloralintida e tirzepatida.
As três moléculas fazem parte de uma nova era no controle da obesidade e do diabetes tipo 2, doenças que atingem proporções epidêmicas globalmente. No Brasil, dados recentes mostram que 7,4% da população têm diabetes e 20,3% vivem com obesidade – números que não param de crescer e exigem respostas urgentes da ciência.
A revolução dos GLP-1 orais

O orforglipron, desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, representa um avanço significativo por ser o primeiro agonista oral de GLP-1 de pequena molécula a completar com sucesso estudos de Fase 3. Diferentemente dos medicamentos injetáveis que dominam o mercado, como Mounjaro, Ozempic e Wegovy, o orforglipron é uma pílula que pode ser tomada uma vez ao dia, sem restrições de comida ou água.
“Participar dessas pesquisas clínicas coloca o Espírito Santo no mapa mundial da inovação em saúde”, destaca a CEO do Cedoes, Irani Francischetto. “Estamos falando de medicamentos que podem beneficiar milhões de pessoas ao redor do mundo, e é motivo de orgulho saber que pesquisadores capixabas contribuíram para validar a segurança e eficácia dessas terapias.”
Os resultados dos estudos ATTAIN, nos quais o Cedoes participou, demonstraram que o orforglipron não apenas reduziu significativamente os níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) em pacientes com diabetes tipo 2 (65% dos pacientes atingiram a glicada < que 6,5%), mas também promoveu perda de peso expressiva. Em estudos de obesidade de 72 semanas, a perda média chegou a 12,4%.
A amilina
A eloralintida surge como uma alternativa inovadora com mecanismo de ação distinto. Trata-se de um agonista seletivo do receptor de amilina, administrado uma vez por semana. Em estudos de Fase 2 conduzidos em 2025, a substância demonstrou redução de peso de até 20,1% em 48 semanas em adultos com obesidade.

“O que torna a eloralintida particularmente interessante é seu mecanismo único”, explica a endocrinologista Queulla Garret, investigadora do Cedoes. “Enquanto os GLP-1 já são conhecidos, a amilina atua de forma diferente na regulação do apetite e saciedade. Isso significa que podemos ter mais opções terapêuticas para personalizar o tratamento de cada paciente.”
Queulla Garret ressalta que a obesidade é uma condição complexa e que não existe uma solução única para todos. “Ter medicamentos com diferentes mecanismos de ação nos permite oferecer o tratamento mais adequado para cada pessoa, considerando eficácia, tolerabilidade e características individuais.”
Tirzepatida: já aprovado
A tirzepatida, comercializada como Mounjaro para diabetes tipo 2 e obesidade, já é uma realidade no mercado internacional e brasileiro. O medicamento foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos em 2022 para diabetes e em 2023 para obesidade. No Brasil, recebeu aprovação da Anvisa para diabetes tipo 2 em setembro de 2023 e para obesidade em junho 2025.
O diferencial da tirzepatida está em sua dupla ação: ela atua simultaneamente nos receptores de GLP-1 e GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose), o que potencializa seus efeitos no controle glicêmico e na perda de peso.
“Nas pesquisas das quais participamos no Cedoes, testemunhamos resultados realmente impressionantes com a tirzepatida”, relata Queulla Garret, que participou ativamente das pesquisas de Fase 3 do Mounjaro dentro do Cedoes. “Pacientes conseguiram não apenas melhorar significativamente o controle do diabetes, mas também perderam peso de forma sustentada, o que é fundamental para o controle das duas condições”, afirma.
Estudos demonstraram que a tirzepatida promoveu perda de peso de até 22,9% em tratamentos de longo prazo (176 semanas), além de reduzir em 94% o risco de progressão de pré-diabetes para diabetes tipo 2. Em comparações diretas, mostrou-se superior à semaglutida, com pacientes perdendo em média 21,6% do peso contra 15,4% com o concorrente.
O papel estratégico do Espírito Santo
A participação do Cedoes nesses estudos globais não é coincidência. O centro investe constantemente em infraestrutura, equipe especializada e processos rigorosos que atendem aos mais altos padrões internacionais de pesquisa clínica.
“Trabalhamos seguindo protocolos globais extremamente rigorosos, com monitoramento constante e atenção total à segurança dos participantes”, afirma Irani Francischetto. “Nossa equipe multidisciplinar, que inclui médicos, enfermeiros, farmacêuticos e coordenadores de pesquisa, é treinada continuamente para garantir a excelência em cada etapa do processo.”
A CEO destaca ainda o impacto social desse trabalho: “Além de contribuir para o avanço científico mundial, oferecemos aos capixabas acesso antecipado a tratamentos inovadores, muitas vezes anos antes de chegarem ao mercado brasileiro. Muitos participantes dos nossos estudos tiveram suas vidas transformadas”, afirma.
Perspectivas futuras
A Eli Lilly planeja submeter o orforglipron para aprovação regulatória global para obesidade até o final de 2025, com submissão para diabetes tipo 2 prevista para 2026. A eloralintida continua em desenvolvimento, com estudos de Fase 2 em andamento combinando-a com tirzepatida em pacientes com obesidade e diabetes.
Para Queulla Garret, o futuro é promissor: “Estamos vivenciando uma transformação na medicina. Há poucos anos, as opções para obesidade eram limitadas e muitas vezes ineficazes. Hoje, temos e continuaremos tendo medicamentos cada vez mais potentes, seguros e convenientes”, acredita.