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Lamentavelmente, ES registra mais de 7 mil infrações relacionadas ao consumo de álcool nos primeiros meses de 2025

Em seis meses, 458 pessoas morreram no trânsito do Espírito Santo e 603 foram autuadas por dirigir alcoolizadas

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Homem dirigindo alcoolizado. (Foto: freepik)
Homem dirigindo alcoolizado. (Foto: freepik)

Em seis meses 603 condutores foram autuados por dirigir alcoolizados e mais de 6.500 se recusaram a fazer o teste do bafômetro.

Misturar bebida alcoólica e direção ainda é tratado, por muitos condutores, como um erro menor, uma falha de julgamento, um deslize. A verdade, no entanto, é mais dura, direta e incômoda: dirigir sob efeito de álcool é crime. Previsto em lei. Com consequências legais. E, muitas vezes, fatais.

Diante de um cenário alarmante, o Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran|ES) lançou uma campanha contundente, sem rodeios: “Não seja um criminoso. Seja responsável. Se beber, não dirija”

Campanha Detran/ES (Foto: Divulgação Detran)
Campanha Detran/ES (Foto: Divulgação Detran)

A iniciativa adota um tom direto e provocativo, com o objetivo de desconstruir a ideia ainda comum de que misturar bebida e direção é somente um “descuido”. A campanha do Detran|ES mostra que essa escolha é, na verdade, uma infração penal e precisa ser tratada como tal.

Números mostram a gravidade do problema

Entre janeiro e junho de 2025, o Espírito Santo registrou 7.188 infrações de trânsito relacionadas ao consumo de álcool ou substâncias psicoativas que causam dependência, de acordo com dados do Observatório de Trânsito do Espírito Santo.

A maioria das ocorrências, 6.561 infrações, se refere à recusa em realizar o teste do bafômetro ou passar por avaliação clínica. Mesmo sem o teste, a recusa é considerada infração e gera penalidades. Outras 603 pessoas foram autuadas por dirigir sob influência de álcool, e 24 por uso de substâncias psicoativas com dependência.

No mesmo período, o estado contabilizou 8.984 vítimas em acidentes de trânsito, das quais 458 morreram, importante salientar que nem todas as vítimas estão associadas ao consumo de álcool. As estatísticas revelam também o perfil de quem mais morre nas ruas: 83,6% são homens. Março foi o mês mais letal até agora, com 96 mortes.

Por regiões, a Grande Vitória lidera em fatalidades, com 121 vítimas, seguida pelo Sul (89), Norte (87), Noroeste (70) e Região Serrana (67).

Confira o quadro das vítimas de trânsito no ES:

Número de infrações que envolvem álcool no ES (Foto/Divulgação: Detra/ES)
Número de infrações que envolvem álcool no ES (Foto/Divulgação: Detran|ES)

Por trás dessas estatísticas há famílias desfeitas, sonhos interrompidos, lutos que poderiam ser evitados. Tudo isso muitas vezes iniciado com uma decisão irresponsável: sair de um bar, pegar a chave e dirigir até em casa.

Não é falha, é crime

Diante desse cenário, o Detran|ES resolveu mudar de estratégia, adotando na campanha um tom direto e sem rodeios: beber e dirigir é crime. E o criminoso pode ser você.

Esse tom provocador não é gratuito. É uma tentativa deliberada de quebrar a conivência social que ainda existe em relação ao comportamento. A escolha de beber e dirigir ainda encontra respaldo em piadas, em justificativas como “foi só uma latinha” ou na ideia ultrapassada de que a pessoa “dirige melhor bêbada”.

Para encerrar a campanha, o Detran|ES apostou em ações urbanas de impacto direto, realizadas nos dias 25 e 26 de julho. Bares e restaurantes nas cidades de Vitória, Vila Velha e Serra receberam intervenções visuais inusitadas e incômodas:

  • Lambe-lambes espelhados, com frases como “O criminoso pode estar refletido aqui”, foram colocados nas saídas dos estabelecimentos. Quem olhava, via a si mesmo no espelho e, junto, a mensagem de conscientização.
  • Projeções em fachadas de prédios mostravam pessoas comuns, como um trabalhador, uma mãe, um estudante, se transformando em fichas criminais ao decidirem beber e dirigir, reforçando que ninguém está imune à consequência de uma escolha errada.

Não há personagem fictício ou vilão: o motorista comum, cidadão de bem, trabalhador, também pode ser autor de um crime de trânsito. Isso não é exagero. É o que a lei diz. É o que os dados mostram. E é o que as vítimas confirmam, quando têm voz para contar suas histórias.