Pimenta-rosa. Foto: Reprodução IdentidadES
Pimenta-rosa. Foto: Reprodução IdentidadES

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Pimenta-do-reino e pimenta-rosa: do ES para o mundo com sabor de identidade

Reconhecidas com Indicação Geográfica, as especiarias movimentam a economia e carregam o nome do ES para além das fronteiras brasileiras

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Do litoral ao interior, o Espírito Santo guarda no aroma e no sabor de suas especiarias uma história de trabalho, união e reconhecimento. Líder nacional na produção de pimenta-do-reino e de pimenta-rosa, o estado é referência mundial nesses cultivos, que carregam o selo de Indicação Geográfica (IG) e se tornaram símbolos de identidade para produtores e comunidades.

A pimenta-do-reino do Espírito Santo conquistou, em novembro de 2022, o reconhecimento como Indicação de Procedência pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A certificação, solicitada pela Associação dos Pipericultores do Espírito Santo (Apes) com apoio do Sebrae/ES, abrange 29 municípios e valoriza um cultivo que se destaca pela qualidade, fruto de clima e solo ideais para a produção.

No caso da pimenta-rosa, a história é mais recente, mas igualmente marcante. Em julho de 2023, o município de São Mateus recebeu a Indicação de Procedência como centro produtor da especiaria. A cidade, reconhecida como capital estadual das especiarias, lidera desde 2012 o ranking mundial de produção e exportação da pimenta-rosa, também chamada de aroeira.

Tradição e protagonismo

Francisco Dantas, produtor de pimenta-do-reino. Foto: Breno Ribeiro

Para Francisco Dantas, presidente da Apes, a certificação da pimenta-do-reino capixaba representa mais do que um selo de qualidade. É uma forma de garantir rastreabilidade e de levar orgulho aos produtores. Ele lembra que, quando a associação foi criada, em 1979, a produção no estado ainda era modesta.

“Hoje o Espírito Santo é o primeiro produtor no Brasil e o segundo no mundo. Temos solo e clima perfeitos, sem necessidade de defensivos para combater fungos, como acontece em outros países. É uma cultura rentável e socialmente importante, porque envolve jovens, mulheres e até idosos, que conseguem colher manualmente sem dificuldade. E 95% da nossa produção é exportada. A IG garante que, se alguém consumir pimenta lá na Europa, vai saber que ela é do Espírito Santo”, destaca.

O secretário de Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli, reforça o peso econômico da especiaria.

“A pimenta-do-reino é o terceiro produto na pauta de exportações do agronegócio capixaba. Há cerca de três décadas, o Pará produzia cerca de 80% da pimenta-do-reino do Brasil. Agora, nós, capixabas, estamos exportando mais de 60% de tudo o que o Brasil exporta de pimenta-do-reino. E não está mais somente em São Mateus. Hoje, a pimenta-do-reino está em todo o norte do Espírito Santo e já entrando na região sul do estado. É uma atividade que gera renda em pequenos espaços e é altamente adaptada ao nosso modo de produção, predominando na agricultura de base familiar”, diz.

O território da IG abrange desde cidades litorâneas, como Aracruz e São Mateus, até municípios do interior, formando uma rede de agricultura familiar que mantém o cultivo de forma manual e com técnicas transmitidas de geração em geração.

O sabor que vem do litoral

Alessandro Eller, apresentador, e Ana Paula Martin, produtora de pimenta-rosa. Foto: Breno Ribeiro

No extremo Norte do Estado, em São Mateus, a pimenta-rosa encontrou solo arenoso, clima favorável e produtores visionários. Foi assim que a família de Ana Paula Martin viu, na década de 80, uma praga de pasto se transformar em oportunidade.

“Meus tios receberam um vidrinho com bolinhas vermelhas. Meu avô reconheceu como aroeira e decidiu colher no Sapê do Norte, em Conceição da Barra. Foi o começo de tudo. O Sebrae/ES nos ajudou desde cedo, preparando para a Indicação Geográfica. Aqui o solo é diferenciado, e o produto tem qualidade única. Na pandemia, o Brasil começou a descobrir a pimenta-rosa na gastronomia, mas ela já era muito usada em perfumes e cosméticos no exterior”, conta Ana Paula.

Hoje, boa parte da produção segue para mercados da Europa, Ásia e Estados Unidos, onde a pimenta-rosa capixaba é valorizada pelo sabor e pela menor toxicidade em relação a outras regiões.

Capital das especiarias

Sônia Hortêncio. Foto: Breno Ribeiro

Para Sônia Hortêncio, conhecida como Sônia dos Temperos, não é exagero dizer que São Mateus é a capital do tempero. Há 40 anos trabalhando em feiras, ela conhece bem a importância das duas IGs para a região.

“Pimenta-do-reino e pimenta-rosa são nossa marca registrada. Usamos pimenta-do-reino para tudo: feijão, salada, legumes, carne. Além do sabor, ela ajuda na saúde. Já a pimenta-rosa é um anti-inflamatório natural e vai muito além da cozinha, estando em perfumes e especiarias no mundo todo”, diz.

Reconhecimento e futuro

O reconhecimento das duas IGs reforça a identidade capixaba e abre portas para novos mercados. Com o apoio do Sebrae/ES, os produtores têm acesso a capacitações, melhorias no manejo e estratégias para aumentar o valor agregado das especiarias.

Mais do que produtos, a pimenta-do-reino e a pimenta-rosa representam histórias de superação, inovação e pertencimento. Elas conectam o Espírito Santo ao mundo, sem perder as raízes plantadas no trabalho familiar e na riqueza do território.

Sobre a websérie

IdentidadES é uma websérie de reportagens e vídeos produzidos pela Rede Vitória em parceria com o Sebrae/ES. A cada episódio, uma história inspiradora revela como produtos com Indicação Geográfica estão transformando vidas, territórios e economias no Espírito Santo.
Breno Ribeiro

Reporter

Jornalista há 9 anos, formado pelo Centro Universitário Faesa, com especializações em Marketing, Administração de Empresas e Gestão de Vendas.

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