Matriz de Viana
Imagem: Prefeitura de Viana/Reprodução

Mais de dois séculos de história em um só lugar. É o que quem decide conhecer Viana encontra ao caminhar pelas ruas de uma cidade que cresceu, mas ainda preserva as marcas do seu passado.

O que começou no final do século XVI e início do século XVII, com os portugueses que saíram de Vila Velha, em busca de ouro, continuou com a influência dos que passaram pelo município. Suas origens açorianas, negras, indígenas, alemãs e italianas contribuíram para a formação de uma identidade única e diversa.

Mas essas marcas não estão apenas na memória. Os casarões antigos e a Matriz de Viana, por exemplo, são alguns dos retratos físicos dessa herança plural e reforçam a consolidação de Viana como ponto turístico do Espírito Santo.

Berço da imigração açoriana

A travessia dos colonos pelo Rio Jucu marcou a chegada dos primeiros europeus à região onde hoje está localizado o quilombo urbano de Araçatiba. Lá, os jesuítas se estabeleceram e criaram uma antiga fazenda que fornecia recursos ao Colégio e Igreja São Tiago, que deram origem ao Palácio Anchieta.

Após passar por Araçatiba, a colonização seguiu pelo Rio Santo Agostinho até alcançarem a região onde atualmente está a sede do município, povoada àquela época por indígenas da tribo dos Puris.

Foi nessa região em que, no ano de 1813, o intendente Paulo Fernandes Viana trouxe 53 famílias de Açores — arquipélago de Portugal — para o município, que se tornou o berço da imigração açoriana no Estado. Os novos moradores se instalaram na região – então conhecida como Sertão de Santo Agostinho, nas proximidades do Rio Jucu e seus afluentes recebendo terrenos, casas, ferramentas, carros de bois ou cavalgaduras.

O apoio dessas famílias se estendeu do cultivo de trigo e arroz até a melhoria das culturas de milho e mandioca, mostrando sua relevância na região. Além disso, elas contribuíram diretamente para a construção da cultura e tradições vianenses.

A escassez de mão de obra e a necessidade de povoar as margens da primeira estrada, que ligaria Vitória a Minas, foram o pontapé para a chegada dos alemães e italianos em meados do século XIX.

O capelão Frei Francisco Nascimento Teixeira foi encarregado de fundar e desenvolver o núcleo populacional. Com a criação desse núcleo, o local, que até então se chamava Jabaeté, recebeu o nome de Viana, em homenagem ao intendente e sua contribuição para o povoamento do local.

Em 23 de julho de 1862, a cidade foi oficialmente criada, ao ser desmembrada de Vitória.

Vocação para a logística

Imagem: Prefeitura de Viana/Reprodução

A cidade que hoje é considerada a capital estadual da logística já apresentava essa característica muito antes de receber o título, em 2018. O porto fluvial de Viana, chamado Porto da Igreja, foi um grande empório comercial da época.

Localizado ao sul da cidade, às margens do Rio Santo Agostinho, foi nele que desembarcaram os materiais utilizados na construção da Igreja Matriz, os objetos religiosos e a imagem de Nossa Senhora da Conceição.

Atualmente, Viana é considerada um local estratégico do estado. Cortada por duas BRs — 262 e 101 —, a cidade tem atraído diversos empreendimentos e movimenta a economia local.

Portas abertas para o passado e futuro

Conhecer Viana é percorrer o caminho de quem chegou, ficou e construiu. A cidade, com mais de 163 anos oferece atividades para quem quer conhecer seu passado ou aproveitar o desenvolvimento local.

Além dos diversos pontos turísticos históricos, como a Igreja Matriz ou o quilombo urbano de Araçatiba, Viana ainda conta com roteiros para quem deseja contemplar a natureza ou praticar esportes.

A preservação histórica e o investimento no desenvolvimento fazem de Viana um destino completo, onde é possível revisitar os marcos da colonização, vivenciar tradições culturais e acompanhar de perto o crescimento de uma cidade em movimento.