Vitória alcançou um marco histórico na educação: a capital capixaba aparece em segundo lugar no ranking nacional do Indicador Criança Alfabetizada, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC).
O levantamento mostra que 73,2% das crianças de até sete anos estão alfabetizadas em 2024. Esse avanço coloca a cidade atrás apenas de Fortaleza (74,8%) e acima das médias nacional (59,2%) e estadual (71,7%).
No Sudeste, Vitória lidera com folga, superando Belo Horizonte (68,5%), Rio de Janeiro (63,7%) e São Paulo (48,2%). Dentro do Espírito Santo, também se destaca frente a Vila Velha (67,7%), Cariacica (64,5%) e Serra (57,1%).
Para a secretária municipal de Educação, Juliana Rohsner, o resultado é fruto de planejamento e da consolidação de uma política pública baseada em diálogo com a comunidade escolar.
“A alfabetização das nossas crianças é prioridade absoluta, mas não qualquer alfabetização: é aquela que alcança todas, em todos os territórios da cidade. Esse salto mostra que estamos reduzindo desigualdades históricas e garantindo aprendizagem de qualidade também nas áreas mais vulneráveis”, afirma.
Esse marco é resultado de um conjunto de ações planejadas. O programa Educar para Vitória oferece apoio a estudantes com dificuldades de aprendizagem, ajudando a reduzir a defasagem idade/ano e a evitar a evasão escolar. Já o Avaliar Vitória aplica periodicamente testes de Língua Portuguesa e de fluência em leitura, o que permite identificar falhas e direcionar intervenções pedagógicas de forma mais precisa.
Além disso, professores e gestores passaram a contar com formação continuada reforçada, por meio de bolsas e cursos que ampliam repertórios e aprimoram práticas em sala de aula.
Escolas em tempo integral
Além dos programas acima, a rotina de milhares de famílias também mudou desde que a rede municipal ampliou a oferta de escolas em tempo integral. Em 2021, a cidade contava com apenas quatro unidades nessa modalidade, agora, em 2025, serão 41 escolas, entre Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e escolas de ensino fundamental.
A transformação alcança não só os estudantes, mas também mães, pais e responsáveis que, com a jornada estendida, podem se organizar melhor no trabalho, buscar novas oportunidades e viver com mais tranquilidade.
A proposta não se limita a aumentar o tempo que a criança passa na escola: forma cidadãos mais preparados, fortalece laços comunitários e oferece novas perspectivas para quem, muitas vezes, não enxergava outras possibilidades de futuro.
Durante nove horas diárias, as unidades oferecem um currículo integrado que combina as disciplinas tradicionais da Base Nacional Comum Curricular com práticas que estimulam a autonomia, a criatividade e o protagonismo. Oficinas de culinária, clubes de leitura, eletivas de empreendedorismo, orientação de estudos e ambientes temáticos.
A secretária municipal de Educação, Juliana Rohsner, reforça que o investimento em tempo integral tem reflexo direto na comunidade.
“Quando uma criança passa o dia em um espaço seguro, aprendendo, convivendo e se desenvolvendo, a família também ganha. Muitos pais e mães conseguem se dedicar ao trabalho, concluir estudos, ou mesmo buscar novas oportunidades profissionais, sabendo que seus filhos estão bem cuidados”, explica.
Esse avanço na educação é fruto de planejamento, reorganização da rede e diálogo com as famílias. Desde 2021, mais de R$ 260 milhões foram investidos em obras e melhorias nas 104 unidades da rede municipal, incluindo escolas parciais e integrais.
“Esse é um modelo que vai além da aprendizagem tradicional. Ele contribui para o desenvolvimento integral dos estudantes, ajudando a moldar o caráter, formar cidadãos e transformar comunidades inteiras”, afirma a secretária.
Confira os bairros onde ficam as unidades de tempo integral:
- Andorinhas
- Bela Vista
- Centro
- Comdusa
- Cruzamento
- Fonte Grande
- Forte São João
- Fradinhos
- Goiabeiras
- Grande Vitória
- Gurigica
- Ilha das Caieiras
- Ilha de Santa Maria
- Ilha do Príncipe
- Inhanguetá
- Itararé
- Jabour
- Jardim Camburi
- Jardim da Penha
- Jesus de Nazareth
- Joana D´Arc
- Mário Cypreste
- Monte Belo
- Nova Palestina
- Piedade
- Praia do Suá
- Resistência
- Santo André
- Santos Dumont
- São Benedito
- São Cristóvão
- São José
- Tabuazeiro
Como funcionam as escolas em tempo integral?
O modelo de tempo integral em Vitória garante, além dos conteúdos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como Língua Portuguesa, Matemática, História e Ciências, uma série de práticas e projetos que ampliam a vivência escolar.
Entre elas estão as disciplinas eletivas, escolhidas pelos próprios estudantes conforme seus interesses. As opções vão de culinária e costura a oficinas de empreendedorismo, leitura e atividades manuais. Também há clubes temáticos, inglês desde o 1º ano e a disciplina de orientação de estudos, que ensina técnicas de organização, resumos e mapas mentais.
Um dos destaques é o Projeto de Vida, que acompanha os alunos do 1º ao 9º ano. A proposta é estimular reflexões sobre sonhos, valores e objetivos, com foco no planejamento do futuro.
“Muitas vezes, em famílias de territórios mais vulneráveis, não há espaço para sonhar. O Projeto de Vida ajuda esses estudantes a perceberem que podem escolher outros rumos para suas vidas”, diz a secretária.
Já na educação infantil, que atende crianças de seis meses a cinco anos, o currículo inclui momentos de acolhimento, descanso, higienização, oficinas temáticas e ambientes preparados pelos professores para estimular a curiosidade.
A secretária destaca que o tempo integral muda o papel do professor. No novo modelo, todos passam a ser responsáveis por todos os estudantes. Há mais espaço para o planejamento coletivo, troca entre os educadores e acompanhamento individual.
Impacto na comunidade
Os impactos do ensino em tempo integral vão além da escola. A modalidade contribui para o desenvolvimento dos estudantes no ambiente familiar, nas relações sociais e na preparação para o mundo do trabalho.
“A gente acompanha a transformação na comunidade como um todo. O modelo ajuda a romper ciclos de pobreza, violência e vulnerabilidade, oferecendo novas perspectivas de vida para crianças e adolescentes”, diz Juliana Rohsner.
No dia a dia, a mudança é percebida de forma prática. Famílias relatam melhora na disciplina das crianças, maior interesse pelos estudos e até redução de situações de conflito em casa.
Nas escolas, professores registram ambiente mais integrado, com menos casos de bullying e mais cooperação entre os alunos. Ao mesmo tempo, a comunidade do entorno também se beneficia, já que os espaços escolares se tornam polos de convivência e atividades culturais.
O interesse pelo modelo é tão grande que hoje todas as unidades em tempo integral têm fila de espera. Segundo a secretária, é comum que haja resistência inicial, mas após cerca de 100 dias de funcionamento, as famílias percebem a transformação e a procura aumenta significativamente.
A Prefeitura de Vitória já planeja ampliar o número de vagas para o próximo ano, sempre com atenção ao equilíbrio entre escolas integrais e parciais, para garantir que todas as famílias tenham opções.
“A escola em tempo integral não é só sobre aprender mais Matemática ou Português. É sobre formar cidadãos preparados para a vida. É um investimento que muda histórias e constrói um futuro melhor para toda a cidade”, conclui Juliana.