Cotidiano

Amor e reconciliação: preso doa rim e salva irmão com doença renal no ES

Mesmo preso, Geovani doou um rim ao irmão Ediones e transformou a vida da família com um gesto de amor e solidariedade

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Geovani de Souza Agostinho doou rim para o irmão Ediones de Souza Agostinho
Geovani de Souza Agostinho doou rim para o irmão Ediones de Souza Agostinho. Foto: Sejus/Reprodução

“Me sinto realizado por ter transformado a vida do meu irmão, por quem tenho um amor incondicional”. As palavras de Geovani de Souza Agostinho resumem seu sentimento após um gesto de amor e solidariedade. Mesmo preso, ele foi responsável por doar um rim e dar uma nova chance de vida para seu irmão mais velho.

Foi dentro do Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (CDRL), onde cumpre pena desde 2022 por envolvimento com tráfico de drogas, que Geovani descobriu que era compatível com Ediones de Souza Agostinho, que lidava com problemas renais há sete anos.

Após os resultados confirmarem a compatibilidade, o transplante foi realizado dia 27 de agosto de 2024, no Hospital Evangélico de Vila Velha. O momento simbolizou um recomeço para uma família, que há tempos não sabia o que era sonhar em conjunto.

Com a doação, pude restabelecer a saúde do meu irmão e receber o perdão e a união da minha família. Eu também me autoperdoei e só espero seguir um caminho diferente daqui para frente, uma vida digna, poder ajudar meus pais e dar orgulho à minha família.”

Geovani de Souza Agostinho

A doação do órgão só foi possível porque Geovani se afastou das drogas após a prisão, já que o estado de saúde do doador é determinante nestes casos.

“Foi aqui onde consegui me afastar das drogas e recuperar minha saúde. Pude estar pronto para fazer algo bom por minha família. Consegui transformar não só a vida do meu irmão, mas a minha também”, contou.

Um novo começo

Aos 34 anos, Ediones conseguiu superar um momento difícil da vida. Com o novo rim, deixou para trás anos de hemodiálise e a incerteza do futuro.

“Passei por hemodiálise por quase sete anos. Foi um período muito difícil, que exigiu esforço para me adaptar a uma nova realidade, com muitas restrições. Tive que deixar de trabalhar, me adaptar a uma nova dieta, além de não conseguir praticar atividade física. Fiquei cinco anos na fila de transplante aguardando uma chance, mas essa chance veio do meu irmão”, disse.

Agora, apesar de ainda precisar manter alguns cuidados, ele consegue viver uma vida normal ao lado da família, especialmente da sua filha de um ano.

“Meu maior sonho é dar um futuro cheio de oportunidades para a minha filha e também realizar meus próprios objetivos, como conquistar minha casa e continuar cuidando da minha família com amor. Quero conseguir retribuir tudo o que meu irmão fez por mim”, disse.

A gratidão se reflete nas ações. As visitas mensais ao seu irmão passaram a fazer parte da rotina de Edioni. Já Geovani mantém a saúde estável dentro da unidade prisional, recebe acompanhamento regular da equipe multidisciplinar de saúde e faz revisão anual.

Ele concluiu o ensino médio e tem participado de cursos de qualificação, como o de Empreendedorismo Rural, pelo Qualificar-ES. 

Com toda certeza, faria tudo de novo. A cirurgia foi um sucesso e esse ato de amor fortaleceu ainda mais o vínculo com o meu irmão e a minha família. Meu irmão vem me visitar todo mês, está feliz, com uma filha de um ano e grato por ter recebido uma outra chance.”

Geovani de Souza Agostinho
Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.