Em Vitória

Após chorar por furto, dono reabre bar e faz convite: "Venham conhecer meu boteco"

O vídeo de Luciano Comper sentado na calçada e chorando após seu bar ser furtado gerou comoção; veja o que ele diz sobre o episódio

Leitura: 3 Minutos
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Um dia após ser filmado chorando na calçada, em frente ao seu bar que foi invadido e saqueado no Centro de Vitória, o comerciante Luciano Comper decidiu reagir e reabriu as portas do Bar do Beco. Mas com um pedido claro: “Não quero doação, eu quero que as pessoas venham conhecer o meu boteco”, diz.

Luciano não quer ajuda em dinheiro, quer mesa cheia. Quer gente pedindo torresmo, moela com batata, carne seca com feijão. Quer ver o cigarrinho sendo aceso ali na esquina, a cervejinha gelada sendo aberta, e ouvir de novo desabafos no balcão.

Eu sou psicólogo de balcão. Tem cliente que me chama, pede uma cerveja e desabafa. Isso não tem preço.

Veja o vídeo que viralizou:

O bar, que ele administra há 1 ano e 3 meses, foi arrombado durante a madrugada da última quarta-feira (23). Os criminosos levaram uma TV de 65 polegadas, caixa de som, maços de cigarro, moedas e até os bolinhos de carne da geladeira.

“Quando eu vi a porta meio aberta, achei que era só a fechadura. Mas quando entrei e vi tudo, eu desabei. Foi o dia do pesadelo.”

Foto: Reprodução TV Vitória

O vídeo de Luciano sentado na calçada, chorando, comoveu vizinhos e viralizou. Mas não foi isso que o moveu a seguir. Foi a solidariedade. Após a matéria ser publicada no perfil do Instagram do Folha Vitória, muitas pessoas se mobilizaram e conversaram, por meio dos comentários, para combinarem de ir até o bar.

“Um amigo, Wallace Aranha, é quem está me ajudando. Ele me deu tanta energia…parecia desenho animado. Isso não tem preço.”

Segundo o comerciante, a motivação para reabrir o Bar do Beco vem da vontade de continuar oferecendo o que ele tem de melhor: comida simples, acolhimento e uma experiência de boteco raiz.

“Aqui é cervejinha na garrafinha, 15 reais no bolso, tira-gosto e acolhimento. Já teve gente que casou aqui, bloco que passou, gente que vem só pra conversar. Eu quero isso de volta.”

Mais que um bar, um ponto de apoio emocional

Luciano relembra com carinho os momentos vividos no bar e diz que a maior recompensa é o que recebe em troca.

“Ver as pessoas sendo solidárias com você é muito emocionante. E tem muita gente que precisa mais do que eu. Eu tenho corpo pra carregar o peso. O que eu quero é que venham, conheçam, comam meu feijão com carne seca e se sintam em casa.”

Apesar dos prejuízos e do trauma, Luciano garante: não vai parar.

A gente desaba, mas depois levanta. O bar tá aberto. O feijão tá no fogo. O torresmo tá na chapa. Agora é esperar o povo voltar.

A Polícia Civil informou que o boletim de ocorrência foi registrado e que o caso seguirá sob investigação no 1º Distrito Policial. Detalhes da investigação não serão divulgados no momento.

Veja o vídeo da reportagem do Balanço Geral:

Carlos Raul Rodrigues, estagiário do Folha Vitória
Raul Rodrigues *

Estagiário

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória