O drama deu lugar a emoção e a felicidade! Após ficar à deriva por mais de 50 horas em uma lancha, o empresário Maikel Araújo dos Santos, criador do projeto Macakids, pediu a namorada Fernanda Duarte, que está grávida, em casamento.
Maikel e o amigo Ronald Menezes ficaram quase três dias desaparecidos após a embarcação em que estavam sofrer uma pane elétrica em alto-mar. Eles foram localizados na terça-feira (30) por um navio mercante na região de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.
Após serem resgatados, Maikel e Ronaldo reencontraram suas famílias na madrugada de quarta-feira (1º), quando retornaram ao Espírito Santo.
Os familiares de Maikel se reuniram, durante a noite de quarta-feira, para celebrar o renascimento do empresário. Durante o festejo, o empresário surpreendeu a todos ao pedir a namorada em casamento. O momento foi flagrado e compartilhado pela capitã Andresa, capitã do Corpo de Bombeiros, cunhada de do criador do “Macakids”.
Durante o pedido, Maikel descreveu o quanto a companheira, que está grávida, é uma verdadeira guerreira. Em seguida, revelou que havia gravado um vídeo de despedida em alto-mar e, então, a pediu em casamento: “Eu queria aproveitar esse momento, vendo a guerreira que você é, e te pedir em casamento.”
Entenda o caso
Resgatados após 50 horas à deriva, o empresário Maikel Araújo dos Santos e o montador de móveis Ronald Menezes contaram detalhes do drama que viveram antes do resgate em uma coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (1º).
A dupla saiu para mergulhar e pescar no domingo (28) pela manhã no barco de Maikel. O dia tinha tudo para ser perfeito. “Foi uma das pescarias mais abençoadas que eu já fiz. Tinha mais de 200 quilos, uns 250 quilos de peixe. Não cabia mais peixe no barco. Eu falei: graças a Deus, vamos embora. Que dia perfeito”, contou o empresário.
Por volta das 16 horas os dois amigos decidiram encerrar a pescaria e voltar para casa. O barco navegou por cinco milhas (cerca de oito quilômetros) e parou de funcionar. “A lancha deu uma pane que nunca tinha dado”, relatou Maikel.
Os pescadores jogaram as quatro âncoras do barco, mas mesmo assim a ventania começou a levar a embarcação para mais longe da costa. Eles conseguiram fazer contato com quatro barcos que estavam no entorno, mas antes que os pilotos respondessem, o rádio também parou de funcionar.
“Mas aí eu sinalizei vendo se algum deles me via e eles não estavam vendo. E aí escureceu. E eu já comecei a me preparar para passar uma noite bem longa.”
Pouca comida e água
Os pescadores passaram uma noite difícil, sem dormir quase nada. Havia pouca comida e pouca água. “Normalmente levávamos muita comida. Dessa vez, levamos apenas o básico: três pães, 100 gramas de muçarela e alguns biscoitos”, detalhou Maikel. De água, os dois tinham apenas um litro e meio, que foi racionado até o resgate.
No domingo, o barco estava a 30 milhas da costa. Na manhã de segunda-feira (29), o vento e a correnteza levaram a embarcação a sete milhas ao Sul. De Anchieta, onde embarcaram, os dois já haviam chegado na altura de São Francisco do Itabapoana, já no Rio de Janeiro.
Vela improvisada
Uma atitude de Ronald foi crucial para reaproximar o barco da costa e aumentar as chances de resgate da dupla. Utilizando camisas, o montador de móveis improvisou uma vela e transformou a lancha num barco a vela.
“A gente teve a ideia de fazer esse veleiro, mas só o Ronald que tinha a expertise de fazer. Então, ele costurou as roupas com a habilidade dele. Se ele não tivesse feito isso, acho que nem sei até onde que a gente conseguiria chegar. Essa vela criava um balão e empurrava a gente para a direção da costa”, detalhou Maikel.
Veja vídeo que mostra a vela improvisada por Ronald:
Pedidos de socorro
Ao longo do período em que os pescadores estiveram à deriva, eles avistaram três rebocadores, tentaram pedir socorro, mas não foram resgatados. “Provavelmente, eles acharam que a gente estava pescando e simplesmente desviaram da gente e foram embora”, disse Maikel.
Já exaustos e com medo de nunca serem resgatados, os dois amigos avistaram mais uma esperança: o avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que estava em busca dos pescadores desaparecidos. Mas a tripulação não viu o barco e seguiu em frente. “Foi um momento de muito desespero”, contou o empresário.
O resgate aconteceu na tarde desta terça-feira (30) por um navio mercante, a cerca de duas milhas náuticas do Porto de Açu, no Rio de Janeiro.