
O chá-revelação se tornou uma verdadeira tendência nas redes sociais nos últimos anos. Você já deve ter se deparado com vídeos em que a mãe e o pai, de primeira viagem ou não, descobrem juntos o sexo do bebê ao lado de amigos e familiares.
Os métodos são muitos: pode ser um bolo que ao ser cortado revela massa de cor azul ou rosa, tem também fumaça, gente que pinta o corpo inteiro… As opções são tão vastas quanto a imaginação de quem prepara uma brincadeira destas.
Mas e quando um chá-revelação é usado para fazer uma boa ação? A bancária Alice Cristina Vieira Corrêa e o marido dela Josiney Barbosa Corrêa, que moram no Centro de Vitória, decidiram transformar a chegada do segundo filho em algo ainda mais especial.
O casal decidiu que o chá-revelação, marcado para a manhã do próximo domingo (26), servirá para levantar fundos à Associação Capixaba de Paralisia Cerebral (ACPC), para ajudar a dar mais qualidade de vida a crianças com a condição, além de combater estigmas relacionados a deficiências.
Alice destaca que a ideia surgiu após o casal conhecer a associação em um dia de recreação entre pais e filhos.
Nós conhecemos a associação por meio de um amigo que nos convidou para participar de um futebol inclusivo que a associação estava organizando. A ideia foi sensacional!. Ver as famílias e, principalmente, os filhos tendo o prazer de jogar futebol nas suas cadeiras de rodas e ver a satisfação de fazer um gol foi algo que ensinou muito.
Alice Corrêa
Como surgiu a ação solidária
A ideia veio do marido, que quis dar um novo significado à chegada do novo bebê. O chá-revelação vai funcionar assim: cada convidado fará uma doação no valor de R$ 5 por palpite, e no final todo o valor arrecadado será revertido à ACPC, na compra de produtos de higiene.
O casal, que já tem um filho, o xodó Arthur Vieira Corrêa, de 8 anos, com Síndrome de Down, relata que assim que anunciou a segunda gravidez, começou a receber perguntas de diversas pessoas sobre o medo de uma possível deficiência no bebê.
Segundo Alice, os questionamentos motivaram o casal a fazer uma ação especial, tendo em vista que esta é uma preocupação real de pessoas que ponderam se devem ou não ter filhos.
“Como a gente gosta de significado das coisas, resolvemos unir a alegria de descobrir o sexo do bebê com uma das paisagens que mais gostamos no nosso bairro, que é a Avenida Beira-Mar e a possibilidade de chamar atenção de mais gente para que pensem de forma diferente sobre a deficiência, conhecendo a nossa história e da Associação Capixaba de Paralisia Cerebral”, relatou.
O “irmãozão” Arthur
Arthur, que agora se prepara para se tornar irmão mais velho, é o verdadeiro amor do casal. O pequeno, quando ainda estava na barriga, enfrentou alguns problemas de saúde.
Alice não nega o amor e aprendizado que tem com o pequeno, que garante: é comunicativo e cheio de opiniões. Nos hobbies, adora tocar bateria e ser diácono na igreja, além de carinhoso, esperto e cheio de amigos.

“Ele tem amigos, uma rotina cheia, com terapia, escola e esportes. Hoje nós acreditamos que o maior desafio dele é na fala, embora, ainda que pareça contraditório, é uma das pessoas mais comunicativas que conhecemos. Graças a Deus temos a alegria de termos um ao outro na criação do Arthur e também uma rede de apoio que inclui nossas mães e parentes, amigos, a igreja que congregamos e tantas outras pessoas que Deus tem colocado no nosso caminho”, revela a mãe coruja.
Amiga é a guardiã do segredo
O chá-revelação vai acontecer junto de amigos e parentes na Avenida Beira-Mar, em Vitória, às 10h45 de domingo. O casal, que adora passear pelo Centro da Cidade, escolheu o local justamente por ser um dos pontos turísticos mais conhecidos da Capital.
Todo a surpresa contará com a participação de amigas da bancária. Cada uma tem sua função: uma é a própria guardiã do segredo, que já sabe qual o sexo do bebê, mas não contou para ninguém.
Já uma segunda amiga ajuda a organizar o bolão solidário, outras cuidam de detalhes da festa e divulgação.
Alice conta que segue na expectativa, mas que a ansiedade mesmo deve bater é na hora que a fumaça verde ou lilás começar a voar pelo céu.
“Estou animada, mas me me considero tranquila. Por enquanto ando ocupada com a organização, acredito que na hora vou ficar mais ansiosa”, revelou.
O que é a Associação Capixaba de Paralisia Cerebral?
A ACPC é uma entidade sem fins lucrativos que atua no fortalecimento de políticas públicas e no acompanhamento de pessoas com paralisia cerebral e suas famílias.
A instituição promove ações e atendimentos voltados à inclusão e à qualidade de vida dos atendidos. Cerca de 280 pessoas com paralisia cerebral são impactadas por ano pelas iniciativas da associação.
A relação da ACPC com a família da Alice começou por meio de uma ação conjunta com um projeto social de futebol.
Desde então, eles se encantaram pela causa e passaram a abraçá-la junto conosco. Mesmo tendo um filho com Síndrome de Down, demonstraram uma sensibilidade e empatia admiráveis, tornando-se grandes parceiros da nossa missão.
Erika Almeida, presidente da Associação Capixaba de Paralisia Cerebral

Erika conta que a equipe ficou muito feliz e grata com o chá-revelação. “O nosso trabalho só é possível graças à união de pessoas que acreditam em um mundo mais inclusivo”, finalizou.
A associação aceita doações através da chave Pix 50145742/0001-83 (CNPJ) e voluntários que possam atuar nas ações ou simplesmente ajudar na divulgação.