Um momento que era para ser um dos mais especiais da vida acabou se tornando um trauma para a lavradora Ariane Borges Vieira, de 39 anos. Com o filho de quase dois meses nos braços, a mulher conta que viveu momentos de terror durante o parto normal da criança, que nasceu com 7 kg em uma maternidade em Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo.
O pequeno Alderico Vieira dos Santos teve uma lesão no braço esquerdo durante o parto e não tem nenhum movimento no membro, e a mãe também teve impactos na saúde causados pelo parto.
Ariane deu entrada no Hospital Maternidade São José no último dia 8 de agosto, por volta das 7h. Segundo a lavradora, o médico que fez o pré-Natal já estava ciente de que a criança era grande, por isso entregou a ela um documento físico onde indicava a cesárea.
Como a gestação já estava completando 42 semanas, que é o limite para o nascimento do bebê, a mãe foi até o hospital, junto com o marido e pai da criança, e deu entrada no plantão da unidade hospitalar.
Mas, mesmo diante do documento que indicava a cesariana, a equipe do hospital optou por induzir o parto vaginal.
Eles forçaram o parto normal e tiraram a criança de qualquer jeito. Me colocaram de quatro e arrancaram ele de dentro do meu útero. Foi horrível.”
Ariane Borges Vieira, mãe do bebê
Foram 21h no hospital até que Alderico nasceu. Ariane conta que a criança nasceu sem respirar e teve que ser entubada, além da lesão no plexo braquial, que é uma rede de nervos que se estende do pescoço ao braço.
O bebê ficou 10 dias na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) e já está em casa. Ele está passando por fisioterapia.
Mãe ainda sofre com hemorragias
A mãe também sofre com as consequências do parto. Até hoje, quase dois meses depois, ela ainda tem hemorragias. “Eles deram 51 pontos no meu útero, porque rasgou o meu útero. Até o cordão umbilical eles arrancaram lá de dentro. Fiquei dias andando de cadeira de rodas”, relata.
A mulher atribui as sequelas na saúde do bebê e dela à recusa de realizar a cesariana. “O hospital agiu errado. Tão errado que meu filho ficou com sequelas. Me sinto muito triste ao lembrar de tudo. Quase perdi a vida, e meu bebê também. Ainda tenho tudo na mente, isso abalou meu psicológico”, desabafa a mãe.
O que mais abala a família é a preocupação com a saúde e o futuro do bebê. Segundo os pais, os fisioterapeutas que acompanham a criança disseram que pode ser que ele nunca recupere os movimentos no braço.
“Disseram que temos que esperar o tempo da fisioterapia. Se não funcionar, podemos tentar uma cirurgia. Mas mesmo assim pode ser que ele nunca consiga mexer o braço”, explicou a lavradora.
A família ainda avalia se vai tomar alguma medida judicial contra o hospital.
O outro lado
Por meio de nota, o Hospital Maternidade São José informou que o parto normal de Alderico foi resultado de uma avaliação cuidadosa e criteriosa da equipe médica.
Leia a íntegra da nota:
“O Hospital São José esclarece que o parto normal de Alderico foi resultado de uma avaliação cuidadosa e criteriosa da equipe médica, visando sempre a segurança da mãe e da criança. O Hospital São José realiza mais de 300 partos por mês com excelência e atendimento humanizado, conduzidos por equipes experientes e comprometidas”.
Pedido de ajuda
Ao todo, Ariane e o marido têm nove filhos. A família morava em Vitória, mas se mudou para a cidade de Água Doce do Norte à procura de trabalho na colheita de café. O marido, porém, ainda não conseguiu emprego. A família passa por dificuldades financeiras e pede ajuda para conseguir manter o sustento da casa e dar a Alderico o básico que ele precisa.
Um dos itens de que Ariane precisa é um carrinho de bebê, pois carregar a criança pesada nos braços está deixando-a com dores nos braços. O bebê também precisa de fraldas e roupas, além de fórmula infantil.
Quem quiser ajudar financeiramente ou com doações de itens de enxoval pode entrar em contato com Ariane pelo número (27) 99988-0938. A chave Pix é o CPF 116.202.847-58, em nome de Ariane Borges Vieira.