Cotidiano

Bebê que teve pé queimado é operado e terá que passar por nova cirurgia

Segundo a mãe do bebê, foi retirada a parte de pele necrosada e o pé do recém-nascido está íntegro

Foto: Reprodução/Instagram
Foto: Reprodução/Instagram

O bebê José, que teve o pé esquerdo queimado em um hospital na Serra, passou por uma cirurgia na tarde desta sexta-feira (22), no Hospital Infantil de Vitória. A informação foi confirmada pela própria mãe da criança, Sara Peisino Barbosa.

Segundo ela, foi retirada a parte de pele necrosada e o pé do bebê está íntegro. Apesar disso, ele precisará passar por uma nova cirurgia na segunda-feira (25).

O caso ocorreu na última terça-feira (19), no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra. A criança nasceu de parto normal, e logo após o nascimento, a equipe de enfermagem teria informado que o bebê estava com a temperatura um pouco abaixo do ideal.

O recém-nascido estava com a temperatura de 36,2º, pouco abaixo do indicado, de 36,7º. Por conta disso, foi recomendado que fosse para uma incubadora para que pudesse ser aquecido.

A mãe concordou e pediu à mãe dela, Rosilene Peisino, avó da criança, que acompanhasse o trabalho da equipe de enfermagem.

Algodão e faíscas

A mãe disse que uma enfermeira teria passado um algodão na parte de metal da incubadora, para aquecer o algodão e, neste momento, faíscas de fogo teriam aparecido, mas sem que a profissional percebesse. O algodão foi dobrado e colocado na meia da criança.

“Uma enfermeira pegou um pedaço de algodão e encostou na lâmina do bercinho dele, e saíram fagulhas de fogo. Quando ela dobrou, minha mãe (a avó do bebê) não viu. A enfermeira colocou dentro da meia dele e, quando minha mãe percebeu, o macacão dele já estava pegando fogo”, contou a mãe.

Veja o vídeo da mãe:

Ainda segundo a mulher, ela foi acordada com o choro da criança e correu para o quarto onde o bebê estava.

Lá, se encontrou com médicos e enfermeiros, que tentavam ajudar o bebê. De acordo com ela, o quarto foi tomado por um forte cheiro de queimado.

“Acordei com o choro dele e corri para a sala. Nessa hora já havia muita gente lá, médicos, enfermeiros… Estava um cheiro muito forte de queimado, tanto que ontem (quarta-feira) a bolha no pé dele estourou e ainda estava com cheiro de queimado na meia”, contou.

Coren-ES vai avaliar conduta de profissional

Por nota, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) informou que ainda não recebeu denúncia, mas que vai avaliar a conduta da enfermeira que atendeu o bebê.

Em nota enviada à reportagem, a Câmara Técnica Materno-Infantil do Coren esclareceu que não existe protocolo de Enfermagem que recomende o uso de algodão úmido para controle da temperatura de recém-nascidos.

“A estabilidade térmica deve ser garantida por equipamentos adequados, como incubadoras ou berços aquecidos, e outras medidas padronizadas. A demanda está em investigação e apuração pelo Conselho, e que eventuais responsabilidades serão aplicadas com o rigor da legislação vigente”, diz o conselho.

Já o Hospital Jayme Santos Neves, também em nota, lamentou o caso e prestou solidariedade à família. “Informa que já instaurou processo interno para apuração rigorosa dos fatos. As medidas administrativas cabíveis serão adotadas”, finalizou.

Sesa exige afastamento de servidores

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) determinou o afastamento dos profissionais envolvidos no caso.

“A Sesa informa que determinou à direção do hospital que os profissionais potencialmente envolvidos no caso sejam afastados preventivamente até a conclusão da apuração sobre as circunstâncias que envolveram os ferimentos provocados no bebê”, disse a secretaria, em nota.

Também no comunicado, a pasta disse que, por ordem do secretário de saúde, Tyago Hoffmann, também foi encaminhado ao setor de Auditoria da Sesa o pedido de abertura imediata de auditoria para que, no prazo máximo de 30 dias, apresente relatório conclusivo.

MPES vai investigar o caso

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informou que instaurou procedimento para apurar as circunstâncias da queimadura.

“A apuração busca esclarecer os fatos e eventuais responsabilidades, em consonância com a missão institucional do MPES de defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis”, informou o MPES.

Segundo o MP, a Promotoria de Justiça Cível e da Infância e Juventude da Serra encaminhou ofício à Associação Evangélica Beneficente Espírito-santense (AEBES), responsável pelo hospital.

“Também foram enviadas comunicações ao Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) e ao Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES), para que as entidades avaliem possíveis falhas de conduta de profissionais de saúde e adotem, se cabível, as sanções pertinentes no âmbito de suas atribuições”, afirmou o MPES por nota.

Guilherme Lage, repórter do Folha Vitória
Guilherme Lage

Repórter

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.