
Os bebês reborn têm sido um dos assuntos mais comentados nas últimas semanas. Cada vez mais, colecionadores e pessoas que tratam as bonecas realistas, que parecem recém-nascidos, como filhos têm aparecido para mostrar seus bebês.
Expressões, textura, peso e até cheiro similar ao de uma criança são algumas das características que fazem os bonecos realistas serem um desejo entre o público infantil e adulto.
Vídeos publicados recentemente mostram a rotina de mães que levam seus bebês reborn para passear, ao supermercado e até ao hospital, o que tem gerado uma onda de críticas nas redes sociais.
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Outro caso que chamou atenção foi o relato da advogada Suzana Ferreira, que compartilhou nas redes sociais o atendimento a uma cliente que busca a guarda do boneco que adotou com o parceiro.
CONFIRA O CASO:
Famosos e influenciadores também não ficaram de fora do tema. Jojo Todynho, Luciana Gimenez e Sabrina Sato são alguns dos exemplos.
Entretanto, apesar de o assunto ter infiltrado nas rodas de conversa recentemente, os bebês reborn são mais antigos do que muitas pessoas pensam. Outra famosa, Britney Spears, já havia apresentado sua filha aos fãs em 2021.
Apesar de muitos encararem como um hobby ou uma brincadeira saudável, algumas pessoas começam a ficar preocupadas quando o apego emocional parece ir longe demais. Será que o nascimento de um bebê reborn pode estar relacionado a problemas de saúde?
O nascimento dos bebês reborn
Segundo sites especializados na arte reborn, a origem das bonecas estaria relacionada à escassez de recursos causadas pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Na época, mães inglesas revitalizavam as bonecas das crianças em um processo artesanal.
Mesmo após a guerra, a revitalização continuou e, na década de 1980, a artista plástica, Joyce Moreno, começou a criar bonecas de vinil com características realistas. Aquele foi o começo de uma técnica que se popularizaria por todo o mundo e ganharia o coração dos colecionadores.
Muitos artistas tiveram seu trabalho alavancado pelo alcance da internet. A capixaba Sydia Bertoldo, por exemplo, trabalha com a Art Reborn, há 13 anos. Ela já produziu para clientes de todo Brasil, Estados Unidos, Europa, Ásia e África.
“Em pouco tempo as pessoas esperavam por até 6 meses na fila de espera pelo seu bebezinho”, conta.
Segundo ela, inicialmente seu público era majoritariamente adulto, mas hoje tem se tornado cada vez mais infantil.
“Os adultos não compram para brincar, geralmente são colecionadores. À medida que foram ficando conhecidos no mercado, também foi despertando interesse nas crianças. Com a demanda, cresceu o número de artistas e conteúdo on-line”, explicou.
A procura é grande e o número de artesãs acompanha o mercado. No Rio de Janeiro, a Câmara Municipal instituiu o dia 4 de setembro como o “Dia da Cegonha Reborn”, para homenagear quem se especializou na prática. O projeto segue para aprovação do prefeito Eduardo Paes (PSD).
A visão da psicologia sobre os bebês reborn
Assim como qualquer outro objeto, ter um bebê reborn não representa qualquer problema. Entretanto, como destaca o psicólogo e professor do Unesc Alexandre Vieira Brito, o apego excessivo é o que deve ser fonte de preocupação.
“Quando você começa a comparar com experiências afetivas, corre o risco de haver uma alienação e ter prejuízos no vínculo social com outras pessoas. Além de prejuízos psicológicos também quanto a sua capacidade de simbolização. É esse limite entre ter o bebê reborn como simbólico ou se alienar na experiência que devemos ter atenção”, explica.
Segundo ele, a psicologia compreende o fenômeno do bebê reborn sob várias perspectivas, incluindo o psicológico e o social.
“Pode ser um hobby, como acontece com os colecionadores, mas também pode ter questões mais profundas, envolvendo alguma compensação de uma experiência vivida ou faltosa a partir do bebê reborn. Pode, simbolizar, por exemplo, um luto ou um desejo de ser mãe”, disse.
Quando o apoio psicológico se torna necessário
Quando a linha entre a simbolização e a humanização extrema é quebrada, o apoio psicológico pode ser necessário, explica o psicólogo.
Caso a pessoa esteja vivendo um processo de exclusividade com o bebê reborn e começa a ter prejuízos na vida, como com qualquer outro elemento que causa sofrimento psíquico, ela pode ter ajuda.
Portanto, apesar de levantar muitos questionamentos e estranhamento, os bebês reborn não representam algo negativo, desde que a realidade não se misture com a fantasia. “A prática de brincar com bonecos e bonecas não é nenhuma novidade”, afirma.