Trinta e cinco anos após se tornar paraplégica, a dona de casa capixaba Hormi dos Anjos Tadino, de 61 anos, realizou o sonho de voar. Ela voou de parapente pela primeira vez no último domingo (30), com a ajuda do piloto Mozart Antônio Spadeto, em Afonso Cláudio, na região Serrana do Espírito Santo.

“Como eu não posso andar, então eu tenho que arrumar um jeito de ser feliz, né? E voando foi o jeito que eu achei de ter mais felicidade”, registrou a dona de casa.

Foi em uma visita à Rampa da Liberdade, em Afonso Cláudio, que ela se encantou pela prática e manifestou pela primeira vez a vontade de realizar o voo.

“Eu vi o pessoal voando e queria voar também. Aí eu fiquei com aquela vontade. Eu falei com meus filhos: um dia eu vou voar”, contou.

Algum tempo depois, em uma conversa informal entre um irmão de Hormi e Mozart, surgiu a oportunidade.

O meu irmão, que é capoteiro, estava fazendo um serviço para o Mozart e falou com ele sobre essa minha vontade. O Mozart se interessou e me deu a maior força, meus filhos também. E aí foi marcado, e nesse domingo deu certo.

Hormi dos Anjos Tadino
A dona de casa paraplégica Hormi dos Anjos Tadino, 61, voou de parapente pela primeira vez. Foto: Reprodução/vídeo

Apesar do desafio, mulher não sentiu medo

Apesar do voo de parapente parecer uma atividade arriscada, especialmente para ela, por ser paraplégica, Hormi não sentiu medo em momento algum.

“Eu estava com tanta vontade de ir que não senti medo, só alegria e vontade de estar lá, de voar. Eu me senti livre, a sensação de liberdade é enorme. Quando você está lá em cima, você se sente muito bem, muito à vontade. É uma sensação muito boa.”

O piloto contou que, assim que soube do desejo de Hormi, se ofereceu imediatamente para realizá-lo. “Há uns quatro meses, eu estive com o irmão dela, e ele disse que ela tinha muita vontade de voar. Ele comentou que, por ela ser paraplégica, achou que não seria possível. Eu disse: ‘não, pera aí, tem jeito, sim’. Aí começou a nascer a ideia”, contou Spadeto.

Além de contar com o piloto, Hormi recebeu o apoio de toda a família para realizar o sonho de voar.

“Muitos profissionais me deram força, e meus filhos também. Quando tem as pessoas que fazem aquilo, que sabem que eu posso fazer, que a gente pode fazer, aí é uma coisa maravilhosa”, disse a mulher.

Dona de casa ficou paraplégica após tirar tumor da medula

Hormi contou que ficou paraplégica após retirar um tumor na medula, descoberto por ela enquanto estava grávida por conta de dores nas costas. Ela relata que começou o tratamento, mas precisou interromper por conta da gravidez.

“Em 1990, eu ganhei meu filho e, em 1991, operei a coluna e descobri que estava com um tumor na medula. Fiz três cirurgias, foi retirado o tumor, mas eu não voltei mais a andar”, relatou.

Agora que realizou o sonho de voar, Hormi contou que quer fazer novos voos de parapente. Antes de se aventurar novamente, ela se recupera de um acidente que sofreu no momento em que entrava no carro para ir embora da rampa. Na ocasião, ela quebrou uma das pernas. “Se Deus quiser, eu vou de novo.”

Patricia Maciel

Repórter

Jornalista formada em 2011, com experiência nas principais empresas de comunicação do Espírito Santo. Também atuou como assessora de comunicação e social media.

Jornalista formada em 2011, com experiência nas principais empresas de comunicação do Espírito Santo. Também atuou como assessora de comunicação e social media.