
Um cardume de arraias chamou a atenção de banhistas na Praia de Camburi, em Vitória, neste domingo (14). Os animais foram vistos próximos à arrebentação das ondas, o que gerou surpresa e apreensão entre quem estava no local. Veja vídeo:
Apesar do susto, o comportamento é considerado natural e comum nesta época do ano, segundo especialistas. De acordo com o biólogo Daniel Gosser Motta, mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a presença das arraias perto da faixa de areia está ligada principalmente à alimentação.
Elas gostam de andar em grupo em determinadas épocas, como migração, reprodução ou alimentação. Em grandes grupos, as arraias conseguem cercar cardumes com mais eficiência, o que aumenta o sucesso na caça, explica.
Segundo o especialista, ao se aproximarem da arrebentação, as arraias utilizam a própria areia como estratégia.
“O cardume de peixes não consegue avançar para a areia, então elas acabam encurralando as presas e se alimentando com mais facilidade”, afirma.
Daniel Motta destaca que o verão é um período mais propício para esse tipo de ocorrência, já que muitos peixes entram em fase reprodutiva, aumentando a oferta de alimento.
É mais comum nessa época do ano, mas registros semelhantes já ocorreram em outras estações, inclusive aqui em Vitória, pontua.
O que fazer ao ver arraias no mar?
Apesar de o comportamento ser natural, o biólogo alerta para os riscos de permanecer na água ao avistar as arraias.
A maioria das espécies possui ferrão. O acidente geralmente acontece quando a pessoa pisa no animal, que reage por defesa. As feridas são graves, de difícil cicatrização e, dependendo da região do corpo atingida, podem levar até à morte, alerta.
A orientação é clara: “Ao perceber a presença de arraias, o ideal é sair imediatamente da água e apenas observar à distância”, reforça.
Água-viva também foi registrada na praia

Além das arraias, banhistas também relataram a presença de água-viva na Praia de Camburi nos últimos dias. Segundo Daniel Motta, os dois fenômenos não estão diretamente relacionados, mas as condições do mar favorecem a aproximação desses animais.
Dias de ressaca, ventos mais fortes e correntes marítimas intensas costumam trazer as águas-vivas para perto da praia. Além disso, com a proximidade do verão, que é o pico reprodutivo desses animais, a chance de ocorrência aumenta, afirma.
O biólogo alerta para os cuidados em caso de contato. “Se encontrar água-viva na água, saia imediatamente. Na areia, nunca toque, mesmo morta, porque os tentáculos ainda podem causar acidentes”, orienta.
Em casos de contato com os tentáculos, a recomendação é retirar os resíduos com um objeto, como um palito, nunca com a mão, e aplicar vinagre, que ajuda a neutralizar o veneno. “Se a reação for intensa ou houver sinais de alergia, é fundamental procurar atendimento médico, pois, em casos raros, pode ocorrer choque anafilático”, conclui.