Qual é o papel da gastronomia? Para o chef de cozinha David Hertz, ela é uma ferramenta de impacto para pessoas, comunidades e histórias. O fundador da ONG Gastromotiva – organização social que oferece educação gratuita e potencializa a empregabilidade – foi o participante especial do Encontro de Transformadores Sociais (ConectorES), promovido pelo Instituto Americo Buaiz, para falar sobre o poder da gastronomia social.
Em sua palestra nesta terça-feira (16), “Cozinha de impacto: o alimento como vetor de transformação”, o empreendedor social contou sobre sua trajetória desde 2006 no combate à fome e insegurança alimentar, mostrando como os projetos sociais podem mudar a forma como a população tem acesso à comida e a educação.
A cozinha é o laboratório inovador que pode mudar o mundo. A comida alimenta o corpo, o corpo alimenta a alma. A alma nos conecta. Juntos podemos alimentar a humanidade com humanidade.
David Hertz, chef de cozinha
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O cenário atual reforça a importância de tratar o assunto. A atualização de 2024 do Índice de Pobreza Multidimensional apontou que 1,1 bilhão de pessoas em 112 países vivem na pobreza. Ao todo, 5% da população mundial está desempregada, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em paralelo, segundo a edição 2024 do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (SOFI 2024), 733 milhões de pessoas passaram fome em 2023. Isso equivale a uma em cada 11 pessoas no mundo. Se a tendência continuar, a estimativa é que cerca de 582 milhões de pessoas estarão cronicamente subnutridas em 2030.
Para David, a gastronomia social pode ajudar a reverter este cenário, tendo como principais pilares: a inclusão social, a segurança alimentar, a qualificação profissional, as iniciativas comunitárias e a sustentabilidade. Priorizar essas frentes, possibilita um novo olhar para a forma como consumimos e produzimos alimentos.
Ele explicou que na Gastromotiva os projetos são voltados para capacitação profissional para jovens em situação de vulnerabilidade, refeições solidárias e diálogos sobre o desperdício. O projeto, que já formou 11 mil pessoas em programas de educação em gastronomia e empreendedorismo social, também já serviu mais de 5 milhões de refeições solidárias.
“O que pode trazer mudanças de fato, reais, são as oportunidades. Para que as pessoas tenham acesso a essas oportunidades, elas precisam ser qualificadas. Acreditamos nesse empoderamento que a educação consegue entregar.”
Em frente à grandes representantes do terceiro setor, autoridades, empresários e jornalistas, David Hertz ressaltou: “É muito importante abrir espaços como esse porque, quando falamos de pobreza alimentar e dificuldade social, falamos de uma reparação histórica que precisamos fazer como sociedade.”
Oito anos do Instituto Américo Buaiz (IAB)
A 3ª edição ConectorES, que encheu uma das salas do Cinemark, no Shopping Vitória, também celebrou os oito anos do Instituto Américo Buaiz (IAB). A organização apoia projetos e ações sociais nas áreas de educação, cultura, sustentabilidade, assistência social, meio ambiente, esporte e formação de jovens.
O presidente do IAB e do Grupo Buaiz, Americo Buaiz Filho, destacou o trabalho do instituto e a importância de conectar o terceiro setor à sociedade.
O Instituto Americo Buaiz foi criado há oito anos com o propósito de apoiar instituições que cumprissem já um bom papel na sociedade, mas que demandavam visibilidade e projeção. […] Há três anos criamos o ConectorES que, como o próprio nome diz, pretende conectar o IAB com essas instituições com palestrantes de peso.
Americo Buaiz Filho, presidente IAB e Grupo Buaiz
Já a vice-presidente do IAB e do Shopping Vitória, Mariana Buaiz, ressaltou a importância de abordar temas como a pobreza alimentar e a gastronomia social.
“Procuramos trazer temas que são dores da sociedade e a fome é um dos maiores, se não o principal problema mundial e o David veio para falar sobre isso e sobre caminhos. Há muitas formas de ajudar. A sociedade civil como um todo precisa participar e atuar para mudar este mundo para melhor”, disse.
Mariana Buaiz reforçou que o ConectorES nasce com a proposta de unir forças e estimular cada um a fazer a sua parte. “Podemos conectar pessoas e inspirar para que cada um contribua do jeito que seu coração determinar e dentro do que for possível realizar”, afirmou.
O vice-presidente da Rede Vitória, Americo Buaiz Neto, também destacou o papel da comunicação nesse processo. Para ele, dar visibilidade a iniciativas que transformam a sociedade é essencial para que novas ideias possam surgir.
“Estarmos aqui reunidos com formadores de opinião, que vão difundir o tema e abordá-lo de forma recorrente, é fundamental. Esse é um dos objetivos do Instituto”, ressaltou.
O IAB foi fundado em 2017 e, desde então, apoia o desenvolvimento social no Espírito Santo. Todos os anos, quatro novas instituições são selecionadas para receberem o incentivo do Instituto.
Já o ConectorES foi criado em 2023, como um evento que une conexão e conhecimento para quem acredita na transformação gerada pelo terceiro setor
Para a gerente do Instituto, Paula Martins, comemorar os 8 anos de IAB é comemorar um legado e um trabalho contínuo. “O trabalho do IAB e dos seus apoiadores é focado no outro, com um olhar para o outro e não para si. Isso já é um grande diferencial.”
Repórter
Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.
