
Um grupo de 25 gestores e diretores capixabas está visitando a Coreia do Sul para conhecer um dos modelos de educação mais inovadores e reconhecidos do mundo e vivenciar, na prática, o sistema que alinha disciplina e inovação para gerar resultados.
Os gestores embarcaram no dia 8 de setembro e retornam no próximo domingo (21) e a viagem da comitiva inclui visitas a escolas, universidades, centros de pesquisa e instituições governamentais sul-coreanas. A educação do país asiático é reconhecida pela disciplina, pelo rigor acadêmico, valorização dos professores e uso de metodologias inovadoras.
Uma das coisas que chamou a atenção da vice-presidente do Sinepe e representante das escolas Novo Mundo e Escola da Ilha, Roberta Pezzin Bonelli, é como a tecnologia está integrada ao cotidiano das salas de aula, desde a educação infantil até o ensino superior, promovendo ambientes de aprendizagem dinâmicos. Segundo ela, também foi possível compreender como a sociedade coreana valoriza a educação como eixo central do desenvolvimento nacional.
Entre os aprendizados mais marcantes eu destaco a profunda valorização da educação no país, vista como um bem comum e prioridade nacional; o respeito e a admiração pelos professores, reconhecidos como verdadeiros mestres e pilares da sociedade; a participação ativa das famílias, que acompanham de perto a rotina escolar e contribuem com a vida da escola e o entusiasmo dos alunos, que demonstram amor pelo ambiente escolar a ponto de não quererem ir embora para casa.
Roberta Pezzin Bonelli
Ana Maria Buaiz, representante da Escola Americana de Vitória (EAV), destaca que a dedicação extrema aos estudos e a busca por alta performance são características da educação sul-coreana e que o grande destaque do sistema educacional é o foco no desempenho pessoal e sucesso profissional do estudante.
Nas escolas da Coreia, o aluno estuda cerca de 10 horas e ainda complementa com atividades extraclasses.
Os professores recebem treinamento e as instituições investem em seu desenvolvimento, garantindo que ofereçam o melhor aos alunos. A Coreia se sobressai em rankings internacionais, como o PISA, reflexo do valor cultural atribuído à educação. Já o Brasil, embora possa se inspirar no modelo coreano, ainda carece de maior organização, disciplina e de investimentos consistentes na formação e valorização do professor.
Ana Maria Buaiz
Presidente da Fucape Business School e integrante da comitiva, Valcemiro Nossa aponta três grandes aprendizados na Coreia do Sul para o Brasil: o primeiro é a formação do professor como peça-chave para a qualidade do ensino; o segundo é o envolvimento das famílias, que precisa ser estimulado para que a educação seja vista como corresponsabilidade entre escola, pais e alunos; e o terceiro é a adoção mais ampla de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em problemas (PBL).
Vimos este modelo de aprendizagem aqui sendo muito utilizado. Em vez de apenas decorar conteúdos para provas, os estudantes são incentivados a pensar, resolver problemas e trabalhar em equipe. Esse conjunto de práticas pode inspirar fortemente melhorias na educação brasileira.
Ensino sul-coreano
Em 2023, a Coreia do Sul ficou entre as cinco melhores notas globais em Ciências e Leitura, além da sexta colocação em Matemática no Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). O estudo foi realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para avaliar alunos de 80 nações na faixa etária dos 15 anos.
O país coreano possui uma das maiores taxas de matriculados no ensino superior do mundo. Mais de 80% dos estudantes concluem o ensino médio e ingressam em universidades, com 47,7% dos adultos entre 25 e 64 anos possuindo graduação universitária.
Para o presidente do Sinepe/ES, Moacir Lellis, conhecer modelo de ensino é essencial para repensar caminhos no Espírito Santo.
É um privilégio conhecer o sistema de ensino da Coreia do Sul. Posso dizer que é um modelo inspirador, com ênfase na educação de qualidade e investimento significativo em educação. Isso permitiu que o país se tornasse um líder mundial em produção de conhecimento e inovação. É um exemplo a ser seguido.
Moacir Lellis
Outra característica do sistema coreano é a gestão baseada em resultados. Ou seja, grupos externos avaliadores, vinculados às secretarias de educação, monitoram constantemente o desempenho das escolas.
Esses dados servem de base para políticas de incentivo. Assim, instituições bem avaliadas recebem bônus, enquanto as que apresentam dificuldades contam com orientação para melhorar. Professores de destaque também são premiados, reforçando o ciclo de valorização da carreira.
Recentemente, a Coreia do Sul proibiu o uso de celular ou outros dispositivos digitais em escolas de todo o país, com a intenção de reduzir os efeitos negativos do vício em telas sobre o rendimento acadêmico e a saúde mental.
O uso dos dispositivos será permitido para fins educativos, em situações de emergência ou para alunos com necessidades especiais.
Missão Educacional
O projeto Missão Educacional completa 10 anos de intercâmbio em 2025. De acordo com o Sinepe, a imersão já aconteceu em outros países, como Chile, Portugal, Finlândia, Dinamarca, Singapura, Inglaterra, Polônia, Canadá, Israel e também nos estados brasileiros do Rio Grande do Sul e São Paulo.