Um total de 276.305 pessoas residentes no Espírito Santo possui algum tipo de deficiência. O número é do Levantamento de Dados Socioeconômicos de Pessoas com Deficiência no Espírito Santo, e representa 6,7% da população total habitante do estado.
Os dados do levantamento revelam ainda o perfil dessas quase 300 mil pessoas: 50,6% são mulheres; 114.825 se declaram brancas; 135.847, pardas; 23.042 pretas; 1.772, amarelas, e 816 indígenas. Do total de pessoas com deficiência, 50,8% possuem deficiência visual; 24,2%, deficiência motora/intelectual, e 11,2%, auditiva.
As cidades onde há mais pessoas com deficiência são: Serra (33.239), Vila Velha (30.117), Cariacica (27.128) e Vitória (20.374), justamente as mais populosas do Espírito Santo e que fazem parte da Grande Vitória, Região Metropolitana do estado. E aí está a questão: como essa parcela dos capixabas faz para se locomover pela Grande Vitória?
Realidade da pessoa com deficiência
Para o estudante de Serviço Social Peterson Esteves, a simples tarefa de sair de casa é desafiadora.
É muito difícil, principalmente para mim, que uso muletas e sou cadeirante também. Às vezes não tem como usar cadeira de rodas devido a não ter calçada acessível. Todos os dias a gente vai lutando e lutando.
A realidade de Peterson é parecida com a da artesã Neide Martins. Para qualquer atividade que faça, ela precisa de cadeira de rodas.
Neide conta que depende de transporte público para se locomover entre os municípios da Grande Vitória e afirma que, apesar das dificuldades, encontra uma forma mais acessível de utilizar esse serviço.
A artesã é usuária do Transcol + Acessível, que é um serviço especializado e gratuito de transporte oferecido pelo governo do Espírito Santo para atender exclusivamente pessoas cadeirantes que vivem na Região Metropolitana da Grande Vitória.
“A pessoa com deficiência estuda, trabalha, constitui família, tem filhos… O serviço nos dá uma mobilidade maior, uma liberdade maior para ir e vir”, afirma Neide.
Para o especialista em trânsito Josimar Amaral, a adoção de medidas para atender às pessoas com deficiência vem por meio de provocações da própria sociedade.
Nós precisamos respeitar esse público e verificar, de fato, se aquilo que está na teoria corresponde na prática.
Opção de mais acessibilidade
Segundo o governo, o Transcol + Acessível substituiu o antigo serviço Mão na Roda e funciona como um complemento ao sistema de ônibus convencional, oferecendo deslocamentos mais rápidos, com conforto e atendimento personalizado. Os veículos são vans adaptadas, com agendamento prévio de 48 horas por meio de aplicativo.
O serviço realiza viagens fixas e eventuais, priorizando compromissos de saúde, estudo e trabalho, mas também atendendo demandas como lazer, supermercado ou igreja.
“O Transcol + Acessível é uma política pública da pessoa com deficiência que não é somente uma van. Essa política passa ainda pelo aquaviário, que também tornou-se acessível, tendo dois lugares para cadeirantes, e os ônibus, que têm dois lugares para cadeirantes”, comenta o secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Espírito Santo, Fábio Damasceno.
Para utilizar o Transcol + Acessível, o passageiro deve estar cadastrado e possuir o CartãoGV. O sistema oferece ainda a possibilidade de transportar acompanhantes e dependentes, conforme regras da Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Espírito Santo (Ceturb-ES), ajustando a operação às reais necessidades da população cadeirante.
Até o momento existem 4 mil pessoas cadastradas. Na implementação do serviço, o governo disponibilizou 11 vans para circulação pela Grande Vitória. De acordo com novas atualizações, 30 veículos compõem a frota e estão disponíveis para prestação do serviço.
*Reportagem de Breno Ribeiro, com informações de Lucas Pisa