Preservar a memória é a forma de manter vivas tradições e costumes de uma sociedade, além de passar para as gerações futuras o legado construído por importantes figuras da história.
Neste domingo (17), é celebrado o Dia Nacional do Patrimônio Cultural. A data foi escolhida por ser o dia em que foi sancionada a Lei nº 378, de 1937, no governo Getúlio Vargas, que criou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O Folha Vitória separou 10 patrimônios que ajudam a contar a história do Espírito Santo. Na lista estão monumentos religiosos, imóveis com mais de 200 anos de existência, além de tradições culturais e do folclore capixaba que são transmitidas de pais para filhos há séculos, mantendo viva a memória de povos.
Confira a lista
Convento e Igreja de Nossa Senhora da Penha
Situado no alto de um penhasco, as obras do Convento da Penha tiveram início em 1558 com o frei espanhol Pedro Palácios, que trouxe para Vila Velha a imagem de Nossa Senhora das Alegrias.
O local é um dos espaços religiosos mais antigos do Brasil. Além disso, o santuário é considerado um dos mais importantes pontos turísticos capixabas.
No interior do Convento, está a Igreja de Nossa Senhora da Penha, revestida, parcialmente com madeira em cedro, entalhada com motivos fitomorfos, executada pelo escultor português José Fernandes Pereira, nos anos de 1874 a 1879.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artísticos Nacional (Iphan) tombou os locais como patrimônios materiais em 1943.
Casa e Chácara Barão Monjardim
O início das obras de construção da sede da Fazenda Jucutuquara ocorreu no final do século XVIII e finalização foi em 1805, quando começou a ser habitada pelo capitão-mor Francisco Pinto Homem de Azevedo. A fazenda era destinada ao cultivo de cana-de-açúcar, algodão, mamona, mandioca, cereais, hortifrutigranjeiros, além da produção de sal e criação de gado.
A fazenda se estendia até a Baia de Vitória com a fachada principal da sede voltada para o mar.
Tombado patrimônio em 1940, a casa e a chácara passaram, a partir de 1980, a abrigar o Museu Solar Monjardim. O imóvel é administrado pelo antigo Departamento de Museus do Iphan, atual Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Igreja dos Reis Magos
Construída entre 1580 e 1615, com a ajuda de indígenas Tupiniquim, o local recebeu os primeiros habitantes da região, os indígenas Goitacazes e Tupiniquim, em uma das quatro reduções que os jesuítas fundaram na Capitania do Espírito Santo.
O conjunto arquitetônico de Reis Magos foi um núcleo de catequese indígena, realizado pelos padres jesuítas, entre o século XVI e o XVIII. Após a expulsão dos jesuítas, em 1759, a igreja foi utilizada para fins religiosos.
Hoje, a Igreja dos Reis Magos é um importante ponto turístico e guarda parte da história de Nova Almeida, na Serra.
Ruínas de São José do Queimado (ES)
Símbolo da Insurreição do Queimado, importante movimento de resistência à escravidão no Espírito Santo, as ruínas de São José do Queimado, na Serra, também estão na lista de patrimônios capixabas.
Em 19 de março de 1849, escravos da localidade de São José do Queimado, na Serra, se rebelaram após o frei italiano Gregório José Maria de Bene não cumprir o que havia prometido. O acordo era que eles receberiam a alforria, caso construíssem a igreja.
Liderados por Chico Prego, João da Viúva e Elisiário, mais de 300 homens e mulheres iniciaram um levante pela liberdade. O movimento foi contido, após chegada de reforços vindos do Rio de Janeiro.
Chico Prego e outros quatro negros foram condenados à morte. Entre os líderes, apenas Elisário conseguiu fugir e desapareceu nas matas do monte Mestre Álvaro.
Igreja Nossa Senhora da Ajuda
Construída em 1716, em Viana, a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda é a única estrutura arquitetônica que restou da Fazenda Araçatiba, que foi a maior fazenda que os jesuítas possuíram em extensão.
A produção da Fazenda contribuía para o sustento de aldeias jesuítas e dos antigos Colégio e Igreja São Tiago, em Vitória – hoje, Palácio Anchieta, sede do governo estadual. No século XX, o pátio interno da igreja foi transformado em um cemitério público.
Localizada em Araçabitba, a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda é um dos monumentos religiosos mais importantes do Espírito Santo e foi tombado como patrimônio material pelo Ipham, em 1950. Recentemente, a igreja foi restaurada.
Santuário José de Anchieta
A pedido do padre José de Anchieta, os indígenas iniciaram a construção da Igreja de Nossa
Senhora da Assunção em 1579. A igreja faz parte do conjunto arquitetônico do Santuário José de Anchieta.
Além da igreja, o santuário também abriga a antiga residência dos jesuítas e museu. O local já serviu de sede também para câmara municipal, cadeia pública e fórum.
Recentemente, o santuário foi restaurado. Hoje, milhares de devotos de São José de Anchieta
vêm ao santuário, especialmente à cela, pedir e agradecer pelas graças diante da relíquia do padre.
Viaduto Caramuru
Construído em 1925 com o objetivo de ligar as ruas Dom Fernando e Francisco Araújo e servir de passagem para o bonde, que então circulava pela Cidade Alta, em Vitória. No entanto, o bonde nunca passou pelo local, porque havia o medo da estrutura não suportar o peso ou do veículo não conseguiu fazer a curva.
Logo abaixo do viaduto, está a rua Caramuru, onde teria ocorrido uma batalha contra holandeses que tentaram invadir a ilha em 1640.
O nome do viaduto e da rua é uma homenagem aos Caramurus, membros da Irmandade de São Benedito do Convento São Francisco, que foi extinta no início do século XX. O nome surgiu a partir de conflitos com os irmãos de outra irmandade do mesmo santo, situada na Igreja do Rosário, que receberam o nome de Peroás.
Congo
O Congo é uma expressão da cultura capixaba que mistura influências afro e indígena,
nascida no Espírito Santo durante o período colonial.
No contexto da escravidão, para driblar o preconceito, que só permitia o culto das tradições europeias, afrobrasileiros e indígenas incorporaram elementos da cultura do branco para manter seus costumes e crenças vivos.
Participam das bandas de congo homens, mulheres e crianças, com seus instrumentos, estandartes e indumentárias. Elas possuem função fundamental nas festas populares ligadas à Igreja Católica, como as Festas de Santos, como São Benedito, São Sebastião, Nossa Senhora do Rosário e outras.
Ofício das Paneleiras de Goiabeiras
Primeiro bem cultural inscrito no Livro de Registro dos Saberes do Iphan, em 2002, o Ofício das Paneleiras é uma atividade econômica passada de geração para geração.
Atividade predominantemente feminina, o processo de produção das panelas barro é feito de forma manual. A argila utilizada é sempre da mesma procedência.
A técnica cerâmica utilizada para a produção das panelas é reconhecida por estudos arqueológicos como legado cultural Tupi-guarani e Una.
Jongo
O Jongo é uma expressão do folclore capixaba que envolve canto, dança e percussão de tambores. De origem africana, chegou ao Brasil através dos negros escravos. Está presente tanto no norte do Espírito Santo, nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra, como no Sul, em Cachoeiro de Itapemirim, Anchieta e Presidente Kennedy.
Considerado a raiz mais primitiva do samba, difundiu-se nas regiões cafeicultoras, fato que explica a sua existência quase que exclusiva no sudeste do país. Doze mulheres, vestindo blusa branca, saia e lenço azul na cabeça são componentes do Jongo. Fazem parte também três homens, que tocam tambores e um reco-reco.