Cachoeiro de Itapemirim

Crianças passam mal após inalarem pó de extintores de incêndio em escola no Sul do ES

Um aluno diagnosticado com TEA, em momento de crise, agrediu uma cuidadora e, em seguida, bateu em dois extintores

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Extintores de incêndio
Imagem: Freepik

Estudantes de uma escola de ensino fundamental no bairro Basiléia, em Cachoeiro de Itapemirim, passaram mal após inalarem o pó químico liberado durante o acionamento de extintores de incêndio. O caso aconteceu na última terça-feira (16).

Segundo informações da Secretaria Municipal de Educação, um aluno, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em momento de crise durante o recreio, agrediu uma cuidadora e, em seguida, bateu em dois extintores, causando a liberação do pó.

Ainda segundo a nota enviada pela secretaria, os alunos que apresentaram mal-estar receberam atendimento médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A coordenadora escolar também precisou ser atendida após uma crise de ansiedade.

A equipe escolar agiu prontamente e acionou o atendimento médico. Equipes do Samu e do Corpo de Bombeiros estiveram na unidade, realizando pré-avaliação em todos os estudantes. Algumas crianças, sem sintomas, permaneceram na escola; outras foram levadas para casa por precaução, e cinco foram encaminhadas para observação em unidade hospitalar, seguindo protocolo médico. Todas passam bem.

Secretaria Municipal de Educação de Cachoeiro

O Corpo de Bombeiros Militar informou que, por não se tratar de uma substância tóxica, não houve a necessidade de atuação dos militares.

“A escola está tomando as medidas cabíveis para evitar novos episódios, reforçando seu compromisso com a segurança e o bem-estar dos alunos”, complementou a secretaria.

Autismo: como agir em momentos de crise

O Folha Vitória procurou a Associação dos Amigos dos Autistas (Amaes) para entender quais devem ser as ações adotadas, caso uma pessoa diagnosticada com TEA entre em crise.

De acordo com Karoliny Rocha, psicóloga da Amaes Cariacica, episódios como este acontecem, geralmente, por conta da sobrecarga sensorial. Sons, muitas pessoas, barulhos extremos e frustração podem ser gatilhos. “Às vezes, ele não consegue lidar com a frustração e acaba entrando em crise”, disse.

A psicóloga explica que o primeiro passo para lidar com isso é evitar muito contato físico e aproximação abrupta, já que muitos autistas têm resistência ao toque.

“Você não vai se afastar. Você deve se mostrar próximo e perguntar para o autista se ele aceita que você o abrace. Alguns autistas aceitam o abraço no momento de crise porque o abraço é acolhedor e, através desse abraço, a gente pode acalmar. Às vezes você não precisa falar nada e só de você o abraçar, o autista já vai se sentir acolhido”, explicou.

Além disso, a especialista também destaca que é essencial retirar qualquer objeto com o qual a pessoa em crise possa se machucar ou machucar outras pessoas. Retirá-lo de locais estressantes para que ele possa se recompor também é uma opção.

Também é importante evitar pedir para que a pessoa fique calma ou para “parar” com isso. Em vez de usar estes termos, prefira dizer “vai ficar tudo bem” ou “estou aqui do seu lado” de forma tranquila e controlada.

Sempre perguntar se ele aceita um abraço ou se ele aceita um copo d’ água. Tente se manter o mais calmo possível para que esse autista se sinta acolhido, porque acolhimento é a palavra-chave. Eles precisam ser ouvidos e sentir que eles são ouvidos, sentir que há alguém que se importa com eles.

Karoliny Rocha, psicóloga da Amaes Cariacica
Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.