Cotidiano

Divórcio cinza: separações entre pessoas acima dos 50 anos crescem no Brasil

Divórcio entre pessoas com 50 anos ou mais já representa quase um terço das separações no país

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Casal de idosos brigando (Foto/reprodução: FREEPIK)
Casal de idosos brigando (Foto/reprodução: FREEPIK)

O perfil do divórcio no Brasil está mudando. Nos últimos anos, tem crescido de forma o número de separações entre pessoas com 50 anos ou mais, movimento conhecido como “divórcio cinza”.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa faixa etária já representa cerca de 30% dos divórcios recentes, contra menos de 10% registrados em 2010.

Para a psicóloga e psicanalista Mariana Weigert de Azevedo, esse aumento acompanha transformações sociais.

Com a maior longevidade, as pessoas passam a reavaliar suas relações. O casamento deixa de ser uma obrigação e se torna um espaço em que a satisfação emocional tem peso central.

Mariana Weigert

A independência financeira, principalmente das mulheres, também tem papel central. Com filhos adultos e estabilidade econômica, elas se sentem mais livres para decidir o futuro. “Separar-se não significa fracasso, mas coragem de buscar uma vida mais autêntica”, completa Mariana.

Mais fatores para o aumento do “divórcio cinza”

Outro ponto é a busca por realização pessoal. Após décadas de vida a dois, muitos casais percebem que sonhos e projetos foram deixados de lado. O divórcio, nesse contexto, pode ser a chance de se reconectar consigo mesmo, investir em autoconhecimento e explorar novos caminhos.

As mudanças culturais também contribuíram para esse cenário. Se antes o divórcio era visto como tabu, hoje ele é encarado como uma alternativa legítima para relações infelizes.

Atualmente, se separar é visto como uma decisão que preserva a saúde emocional e o respeito aos próprios limites.

Mariana Weigert

Apesar das oportunidades de recomeço, o divórcio cinza exige atenção prática. Questões jurídicas e financeiras, como partilha de bens, pensão e sucessão, precisam ser planejadas com cuidado.

Leiri Santana, repórter do Folha Vitória
Leiri Santana

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.