
O mercado de moda da América Latina, avaliado em mais de US$ 70 bilhões em 2024, é uma força dinâmica no cenário global, com o Brasil liderando esse movimento. Como o maior produtor de roupas da região, o país é lar de marcas icônicas como Osklen e Farm Rio, que se tornaram sinônimo de identidade nacional. No entanto, em um mundo interconectado, a indústria reconhece que o verdadeiro crescimento vem de ultrapassar fronteiras. por Tereza Cordeiro
Uma oportunidade-chave para essa expansão surgiu no BRICS+ Fashion Summit e na Moscow Fashion Week, realizada em paralelo. O fórum internacional rapidamente se tornou um polo vital de colaboração, unindo negócios, cultura e tecnologia. Paulo Borges, fundador da São Paulo Fashion Week, participou pela primeira vez com objetivos claros: “Nunca havia participado antes. Espero estabelecer novas conexões, fortalecer relacionamentos e parcerias globais e conhecer melhor a moda russa. Acredito que seja uma grande oportunidade para encontros individuais, que certamente facilitam uma troca pessoal, cultural e de negócios entre marcas e países”.
Esse sentimento foi compartilhado por Henri Moi, Head de Projetos da IARA, que também viajou do Brasil: “Acredito que o BRICS Fashion Summit é uma experiência importante para conectar a IARA e a BRIFW com outros eventos de moda, especialmente explorando novas formas de apresentar coleções combinando novas tecnologias. Espero que seja um espaço de troca e networking entre sistemas de moda de diferentes países”. Para o Brasil, trata-se também de uma oportunidade de ser ouvido, de mostrar seu artesanato e sua cultura como parte do patrimônio global.
Artemisi ( Brazil) na Moscow Fashion Week
A Moscow Fashion Week, realizada em conjunto com o Summit, transformou-se em um palco vibrante para exibir as tendências da nova geração. O Brasil fez uma declaração poderosa na passarela, ao lado de designers de mais de 22 países. Mayari Jubini, fundador da marca Artemisi, apresentou uma coleção que refletiu a expressão brasileira e uma atenção meticulosa aos detalhes, reforçando que a inovação é central no DNA da marca.
“Um dos principais aspectos da identidade da Artemisi é a busca constante pelo futuro, dominando uma ampla variedade de técnicas. A inovação é um dos elementos centrais da linguagem da marca — onde tecnologia, arte e artesanato são inseparáveis. Nesta coleção, exemplos como um look motorizado, peças criadas por impressão 3D, um look feito inteiramente de aço e pinturas manuais hiper-realistas refletem essa exploração contínua”, afirmou Mayari Jubini.
Sasha Barbakov Na Moscow Fashion Week
O evento também trouxe um rico panorama criativo onde o talento brasileiro pôde interagir com tendências globais. Designers russos, por exemplo, chamaram atenção com coleções que uniam história e modernidade. A marca Odor apresentou looks que lembravam exposições vivas de museu, enquanto Elisabetta trouxe experimentações contemporâneas inspiradas no estilo Art Déco. Inspirada em tecidos da era soviética com padrões florais, a designer incorporou esses elementos em saias, camisetas, corpetes e vestidos.
Elisabetta Na Moscow Fashion Week
A Moscow Fashion Week provou ser muito mais do que uma vitrine de tendências. É um palco global onde diferentes culturas se encontram e novos diálogos criativos nascem. Para o Brasil, participar desses eventos é mais do que uma chance de ganhar visibilidade. É a oportunidade de afirmar seu papel como protagonista em uma indústria global sedenta por novas ideias e energia criativa.