Em hospital da Serra

Médicos decidem não fazer nova cirurgia em bebê que teve o pé queimado

Cirurgião disse à família do recém-nascido que tratamento será cauteloso. Bebê teve o pé queimado após enfermeira usar algodão para aquecê-lo

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Foto: Reprodução/Instagram
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O bebê José, que teve o pé esquerdo queimado logo após o nascimento no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, passaria por uma nova cirurgia nesta segunda-feira (25), mas os médicos resolveram adiar o procedimento.

O cirurgião plástico responsável pelo caso contou à família que foi realizada apenas a troca de curativo, e não a raspagem do local afetado.

O profissional destacou que a evolução do tratamento precisa ser feita de forma cautelosa, já que “a pressa pode comprometer a recuperação”.

O médico explicou ainda que não há como saber, neste momento, se os tendões do recém-nascido foram atingidos, já que ficam em camadas mais profundas do tecido.

No caso do José, a pressa pode ser inimiga. É preciso ir aos poucos. Ainda não é possível saber se os tendões foram atingidos, porque estão em camadas mais profundas.

Rosilene, avó da criança

Apesar da gravidade, o cirurgião plástico pediu que a família mantenha a esperança. “Ele disse para a gente não perder a fé. O caso do José é muito sério, mas precisa ser tratado passo a passo”, contou a avó.

Entenda o caso

O bebê José nasceu no último dia 19 e precisou ser colocado em uma incubadora porque estava com a temperatura corporal abaixo do ideal (36,2º, quando o recomendado é 36,7º).

Durante o procedimento, segundo a família, uma enfermeira teria usado algodão de forma irregular, esquentando o algodão em uma lâmina da incubadora e depois colocando o material dentro da meia do bebê. Ao aquecer, gerou fagulhas que acabaram provocando as queimaduras.

A criança foi socorrida, mas apresentou graves lesões no pé esquerdo. Desde então, passou por cirurgias no Hospital Infantil de Vitória e permanece internada para acompanhamento. A avó relatou que José chorava insistentemente e que a ala ficou com cheiro de queimado.

Investigações em andamento

O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) informou que vai apurar a conduta da profissional envolvida, já que não existe protocolo que recomende o uso de algodão para regular a temperatura de recém-nascidos.

O Hospital Jayme Santos Neves instaurou um processo interno para investigar o caso e lamentou o ocorrido. Já a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) determinou o afastamento preventivo dos profissionais envolvidos e instaurou uma auditoria, que deve apresentar relatório conclusivo em até 30 dias.

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) também abriu procedimento para investigar o episódio e notificou o hospital, além dos conselhos de Medicina e Enfermagem.

Leiri Santana, repórter do Folha Vitória
Leiri Santana

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.