O bebê José, que teve o pé esquerdo queimado logo após o nascimento no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, passaria por uma nova cirurgia nesta segunda-feira (25), mas os médicos resolveram adiar o procedimento.
O cirurgião plástico responsável pelo caso contou à família que foi realizada apenas a troca de curativo, e não a raspagem do local afetado.
O profissional destacou que a evolução do tratamento precisa ser feita de forma cautelosa, já que “a pressa pode comprometer a recuperação”.
O médico explicou ainda que não há como saber, neste momento, se os tendões do recém-nascido foram atingidos, já que ficam em camadas mais profundas do tecido.
No caso do José, a pressa pode ser inimiga. É preciso ir aos poucos. Ainda não é possível saber se os tendões foram atingidos, porque estão em camadas mais profundas.
Rosilene, avó da criança
Apesar da gravidade, o cirurgião plástico pediu que a família mantenha a esperança. “Ele disse para a gente não perder a fé. O caso do José é muito sério, mas precisa ser tratado passo a passo”, contou a avó.
Entenda o caso
O bebê José nasceu no último dia 19 e precisou ser colocado em uma incubadora porque estava com a temperatura corporal abaixo do ideal (36,2º, quando o recomendado é 36,7º).
Durante o procedimento, segundo a família, uma enfermeira teria usado algodão de forma irregular, esquentando o algodão em uma lâmina da incubadora e depois colocando o material dentro da meia do bebê. Ao aquecer, gerou fagulhas que acabaram provocando as queimaduras.
A criança foi socorrida, mas apresentou graves lesões no pé esquerdo. Desde então, passou por cirurgias no Hospital Infantil de Vitória e permanece internada para acompanhamento. A avó relatou que José chorava insistentemente e que a ala ficou com cheiro de queimado.
Investigações em andamento
O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) informou que vai apurar a conduta da profissional envolvida, já que não existe protocolo que recomende o uso de algodão para regular a temperatura de recém-nascidos.
O Hospital Jayme Santos Neves instaurou um processo interno para investigar o caso e lamentou o ocorrido. Já a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) determinou o afastamento preventivo dos profissionais envolvidos e instaurou uma auditoria, que deve apresentar relatório conclusivo em até 30 dias.
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) também abriu procedimento para investigar o episódio e notificou o hospital, além dos conselhos de Medicina e Enfermagem.