
Meio segundo, é o tempo que nosso cérebro leva para formar uma primeira impressão sobre alguém. Parece pouco? É porque realmente é. E o pior: reverter uma má primeira impressão pode levar meses, quando não anos.
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Recentemente fui apresentada em um evento profissional a um homem que me pareceu tímido e introspectivo. Quem nos apresentou não deu muitos detalhes sobre quem éramos. Trocamos algumas palavras, eu fiz perguntas gerais, ele fez o mesmo. Posteriormente, em uma postagem de redes sociais, vi esta pessoa marcada e naveguei pela sua página por pura curiosidade.
Foi quando me surpreendi com o perfil profissional dele, experiências acadêmicas e políticas fantásticas, conteúdos muito bem elaborados, entrevistas interessantíssimas. Confesso que fiquei confusa, tentando associar a pessoa que eu tinha conhecido ao perfil que estava vendo nas redes.
Aquele encontro me fez refletir sobre o que, afinal, constrói ou destrói uma primeira impressão. E a ciência tem respostas interessantes. A primeira impressão conta. E conta muito. Estudos divergem quanto ao tempo necessário para se realizar uma leitura inicial alheia.
O fato é que nosso cérebro faz uma leitura emocional dos interlocutores mesmo que não queremos fazê-lo. Quem compreende e investe em conhecimento para desenvolver uma boa comunicação inicial literalmente sai na frente. Quantas vezes somos vistos, mas não teremos a oportunidade de falar?
A comunicação não verbal é a leitura inicial. E o que mina essa primeira impressão?
Evitar contato visual. Desviar o olhar constantemente durante a conversa transmite desinteresse e insegurança.
Aperto de mão inadequado. Seja fraco demais, transmitindo insegurança, ou forte demais, soando agressivo.
Postura corporal fechada. Braços cruzados, ombros curvados, corpo que não esteja orientado para o interlocutor criam uma barreira física que comunica desinteresse ou defensividade.
Imagem desleixada ou com cores muito escuras. Outro exemplo, as cores escuras, embora elegantes, podem criar barreiras inconscientes na comunicação, sinalizando menor disponibilidade para interação.
Expressões faciais são inatas e transculturais, dos elementos da comunicação não verbal mais difíceis de controlar. Fazemos cara de raiva, tristeza ou nojo sem perceber. Uma expressão fechada ou insegura mina o primeiro contato. Sorriso demais também não é positivo e pode demonstrar fragilidade ou falta de segurança.
Vem então a hora de trocar as primeiras palavras. Faz-se importante tentar evitar algumas frases como:
“Você parece mais jovem ou velho do que eu imaginava”.
Comentários sobre aparência física logo no primeiro contato são invasivos e constrangedores.
“Essa área/esse assunto” não é muito a minha praia”. Demonstrar desinteresse pelo campo de atuação da pessoa com quem você está tentando se conectar é um tiro no pé.
“Desculpa, qual seu nome mesmo?” Alguns minutos depois de ser apresentado, não ter prestado atenção no nome da pessoa demonstra desinteresse imediato.
Interromper a fala do interlocutor, sem permitir que ele conclua o raciocínio revela ego inflado e falta de interesse. Enquanto isso fazer perguntas sobre o que estão dizendo, aprofundar o assunto, demonstrar interesse gera conexão.
Pequenos gestos e palavras têm peso desproporcional durante os primeiros contatos. Em um mundo cada vez mais conectado e veloz, saber causar uma boa primeira impressão é uma habilidade estratégica que também se estende para o mundo digital.
Esquecemos as palavras e discursos, mas não esquecemos imagens e sentimentos. Porque ninguém se lembra de todas as palavras ditas, mas todos se lembram de como você os fez sentir e do que viram.
Penso naquele homem do evento. Quantas oportunidades ele pode ter perdido por não comunicar bem presencialmente? E nós, o que estamos deixando de comunicar sem perceber?