O atropelamento que tirou a vida do estudante Lucas Pancini Machado, de 16 anos, na noite de terça-feira (16), na BR-101, em Viana, gerou revolta e mobilização entre moradores da região. A comunidade voltou a cobrar a instalação de uma passarela e outros mecanismos de segurança no trecho onde o acidente ocorreu.
Lucas era aluno do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e cursava o segundo ano de logística. Ele retornava da aula e tentava atravessar a rodovia para pegar um ônibus rumo ao bairro Nova Betânia, onde morava, quando foi atingido por um carro na altura do bairro Universal, por volta das 18h30.
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Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o jovem atravessava a rodovia pelo espaço existente no divisor de pistas.
Ao atravessar, ele foi atingido por um veículo na faixa da direita e foi arremessado. As marcas no chão indicam que ele foi projetado por cerca de 30 a 50 metros, bateu ao solo e ainda foi arrastado por mais 30 metros.
Otaviano Campagnaro, policial rodoviário
O motorista fugiu sem prestar socorro. Para a PRF, a gravidade do acidente indica que o condutor estava acima da velocidade permitida de 60 km/h no trecho. “Posso dizer que ele estava acima da velocidade permitida. Isso pelo fato da distância que o corpo foi projetado”, completou Campagnaro.
Moradores cobram segurança no trecho
Para os moradores do bairro Universal, a morte de Lucas reforça um problema antigo: a falta de segurança para pedestres no trecho da BR-101. O presidente da Associação de Moradores, Gedeon Frango, afirma que desde a duplicação da via diversos atropelamentos já ocorreram no local.
Enquanto não faz a passarela, que virou uma bola de neve empurrada há anos, a gente pede encarecidamente dois redutores: um descendo e o outro voltando para Cariacica. São alunos, idosos, trabalhadores que precisam atravessar todos os dias. É muito triste. Uma mãe está ali chorando por um filho, um pai perdeu seu menino. Quantos mais vão precisar para isso mudar?
Gedeon Frango, presidente da Associação de Moradores
Segundo Gedeon, a comunidade já recolheu assinaturas e protocolou pedidos em diferentes órgãos para a construção de uma passarela, mas até hoje não houve solução.
Veja depoimento do presidente da Associação de Moradores:
O que diz a Ecovias Capixaba
A Ecovias Capixaba, concessionária responsável pela BR-101 no Espírito Santo, lamentou a morte do estudante e afirmou que o novo contrato de concessão prevê a construção de uma passarela na região, que será tratada como prioridade.
Segundo a empresa, os estudos para melhorias seguem em andamento e o tema será avaliado dentro do Programa de Redução de Acidentes (PRA), frente de trabalho multidisciplinar voltada para analisar a rodovia e adotar medidas capazes de reduzir os índices de sinistros.
Atualmente, no quilômetro 301 da BR-101, a cerca de 50 metros do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e a 200 metros do trecho onde ocorreu o atropelamento, já existe uma faixa de pedestres com semáforo e botoeira.
“A orientação da concessionária é para que os usuários e pedestres utilizem o recurso com o objetivo de garantir mais segurança durante a travessia na rodovia”, diz a nota da concessionária.
Investigações em andamento
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que busca imagens de câmeras de segurança e do cerco eletrônico para tentar identificar o veículo que atropelou Lucas. As informações serão encaminhadas ao delegado responsável pelo caso.
Repórter
Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.
