Morte na Segunda Ponte: PMs ficaram em silêncio em depoimento após vídeo

Durante as investigações sobre a morte de Kaylan Ladário, de 17 anos, os policiais militares suspeitos de jogarem o adolescente da Segunda Ponte ficaram em silêncio no segundo interrogatório do caso, após o vídeo ser coletado como prova no inquérito.

Antes da Polícia Civil tomar conhecimento do vídeo, os policiais prestaram depoimento informando que o jovem teria solicitado para sair do carro, pois não queria chegar em casa numa viatura.

As informações foram confirmadas pelo secretário de Estado de Segurança Pública, Leonardo Damasceno, em entrevista ao Folha Vitória. O vídeo se associa aos outros elementos da investigação, como o rastreamento do celular do adolescente, que foram anexados ao inquérito do caso.

“É possível ver alguma coisa sendo arremessada e isso se associa a outras provas obtidas pela Polícia Civil, inclusive o rastreamento do celular do menor, que para exatamente na Segunda Ponte”, explicou.

Além disso, Damasceno explicou que o primeiro depoimento prestado pelos acusados, no qual alegaram que Kaylan teria solicitado para sair da viatura justamente na Segunda Ponte, não se sustentava.

“Essa foi a alegação deles, que ele [Kaylan] não queria chegar em casa dentro de uma viatura. Mas é uma alegação que também não se sustentava, até pela distância da casa dele em relação àquele ponto. Quando apareceu o vídeo, eles, já na condição de investigados, permaneceram em silêncio”

Leonardo Damasceno, secretário de Estado de Segurança Pública

O cabo Franklin Castão Pereira, o soldado Luan Eduardo Pompermaier Silva e o soldado Leonardo Gonçalves Machado continuam presos no Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, em Vitória. Os três foram indiciados por homicídio qualificado.

Vídeo mostra movimentação na água e viatura voltando para Cariacica

No vídeo, divulgado com exclusividade pelo Folha Vitória, novos ângulos mostram uma movimentação na água e a viatura já em curso em direção a Cariacica. Segundos antes, é possível ver a viatura parada com os policiais e o adolescente, quando algo é arremessado no mar.

Por que os policiais voltaram com o adolescente da delegacia?

Na época do caso, dia 18 de fevereiro, o adolescente foi abordado pelos policiais no bairro Aparecida, em Cariacica, porque tinha um mandado de apreensão em aberto. Kaylan foi levado para a Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), em Vitória, mas estava com a ordem judicial vencida.

O delegado orientou os policiais a levarem o adolescente de volta para casa. Neste caso, como explica Damasceno, o procedimento de praxe seria entregar o jovem para o responsável legal, seja este indo até à delegacia ou os policiais entregarem o menor de idade em sua residência.

“Primeiro, é preciso contactar a família, o que foi feito no caso. Mas, por algum motivo, ninguém pôde atender. Está na investigação também essa informação. Então, os policiais tiveram que entregá-lo em casa, porque o menor não pode ser liberado, ele tem que ser entregue a um responsável. Ou o responsável vai à unidade policial para receber o menor ou a polícia o leva até a residência. Esse é o procedimento”, concluiu.