O colapso do mercado de trabalho -  o mercado não está acompanhando

Trabalho era sinônimo de segurança. O crachá era um troféu, a CLT, uma conquista. Mas o mundo mudou e, com ele, o significado de pertencer a uma empresa.
Estamos diante de uma transição silenciosa.
O modelo anterior não sustenta mais o ritmo, e o novo ainda não encontrou sua forma definitiva.

O que estamos presenciando não é o fim do trabalho, mas o fim da forma como fomos ensinados a trabalhar. A estabilidade deixou de ser o sonho; a autonomia passou a ser o novo desejo.

As novas gerações não querem mais chefes, querem propósito, buscam tempo de vida no lugar do tempo de casa.

E essa mudança, embora previsível, desafia profundamente o sistema corporativo. Enquanto empresas insistem em medir produtividade em horas, profissionais começam a medir valor em significado. O resultado? Um apagão de engajamento que é, na verdade, uma crise de vínculo emocional.

Em 2024, mais de 6 milhões de profissionais pediram demissão voluntariamente no Brasil. E empresas relatam a maior escassez de talentos da história

A verdade é que o emprego deixou de ser identidade. E o trabalho começou a ser escolha.

Mas o que parece pleno emprego esconde um efeito colateral que não pode ser ignorado: a desigualdade. Para alguns o home office e da autonomia digital, a ideia de liberdade que os prende a informalidade, sem proteção ou reserva financeira. O país virou um laboratório de experimentos sociais precários, tentando equilibrar liberdade e sobrevivência.

A ojeriza em relação ao trabalho presente conflita com um futuro inadiável para alguns. Trabalhadores irão envelhecer sem reservas financeiras e as empresas vão colapsar por falta de empregados. O desafio, agora, é coletivo.

As empresas precisam repensar o que oferecem além do salário.
E os profissionais precisam refletir sobre o que estão dispostos a entregar além do cargo.

O futuro do trabalho não é sobre vínculo, é sobre clareza.
É saber o que faz sentido e por quê. É entender que propósito e performance não são opostos são o novo equilíbrio.

Não existe uma única resposta. Mas talvez o futuro do trabalho não dependa de novas ferramentas, e sim de novas consciências.

Empresas que souberem perceber antes de planejar, ouvir antes de cobrar, exigir e reconhecer alinhando desempenho e gestão humanizada terão vantagem.
Profissionais que buscarem coerência entre o que vivem e o que fazem — terão mais saúde mental.

Ambos guiados por propósito.

Roberta Kato

Empresária, consultora de desenvolvimento organizacional, palestrante e mentora de líderes. Administradora, psicanalista e psicopedagoga, Roberta também tem pós-graduação nas áreas de Gestão de pessoas, Gestão de Projetos e Extensões em Inteligência Emocional e ESG.

Empresária, consultora de desenvolvimento organizacional, palestrante e mentora de líderes. Administradora, psicanalista e psicopedagoga, Roberta também tem pós-graduação nas áreas de Gestão de pessoas, Gestão de Projetos e Extensões em Inteligência Emocional e ESG.