O ônibus é o principal meio de transporte usado para realizar o trajeto entre a casa e o trabalho no Espírito Santo. Os dados são do Censo de 2022, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo informações do estudo, divulgado na quinta-feira (9), no Estado o ônibus é o meio de transporte usado em 27,2% dos deslocamentos, com o total de 366,9 mil usuários. Já 26,87%, o que significa 360,7 mil, usa o automóvel de casa para o trabalho.
Em seguida, cerca de 246 mil, totalizando 18,3% dos trabalhadores, seguem a pé, superando os 16,05% do uso de motocicleta, sendo 217,4 mil de usuários e 9,2% das bicicletas, usadas por 119.066 ciclistas.
O estudo também demonstra que, no Estado, 1.296.146 pessoas, ou seja, 33,8% da população, têm que se deslocar para o trabalho. Além disso, desse número, 188.271, ou seja, 14,5% trabalham em cidades diferentes de onde moram.
No Espírito Santo, também é demostrado que 1,5 milhões de pessoas, o total de 86,6% moram no mesmo município onde trabalham. No Brasil, esse total é de 76 milhões, com o percentual de 88%.
57,4% levam até meia hora para chegar ao trabalho no ES
O estudo também demonstra que em relação ao tempo de deslocamento entre casa e o trabalho do Espírito Santo, 780 mil pessoas (57,4%) levam de 6 minutos a meia hora para chegar ao trabalho.
Já o total de 18 mil pessoas (1,3%) gasta mais de duas horas durante o trajeto diário.
Uma dessas realidades é enfrentada pela analista de RH Adriana Primo de Souza, que em entrevista à reportagem da TV Vitória, narra o trajeto diário realizado entre a empresa que trabalha em Vila Velha e a casa na Serra.
A analista descreve que sai de casa às 6h, caminha 10 minutos e leva mais meia hora de ônibus até o escritório. “Já para ir embora, que eu saio às 17h, o trânsito está mais complicado, principalmente na alça da Terceira Ponte, e é mais de uma hora”.
Veja declaração da analista de RH:
Distância e qualidade do transporte influenciam
Morar e trabalhar na mesma cidade não necessariamente significa menos aborrecimento. Segundo o professor de Arquitetura e Urbanismo da Ufes, a distância e a qualidade do transporte influenciam negativamente.
“Se a gente olhar uma cidade média, cidade do interior, como Santa Teresa, Guaçuí, ele provavelmente mora e trabalha na mesma cidade. Nas regiões metropolitanas, é diferente. É bem provável que um trabalhador more na Serra e trabalhe em Vila Velha”, explica o especialista em Mobilidade Urbana Tarcísio Bahia.
Para o especialista, independentemente do modal, é necessário planejar melhor os espaços urbanos e dar prioridade para o transporte coletivo, em especial nas grandes cidades.
“O projeto da faixa exclusiva de ônibus aqui na região metropolitana estamos aguardando ansiosamente de ser implementado aqui, passou por vários governos e ainda não saiu do papel. O trabalhador precisa sair, chegar no trabalho e de maneira descansada para ter uma melhor qualidade de vida”, defende.
Veja entrevista do especialista:
O que diz a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura?
A Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) informou que tem atuado para enfrentar um dos grandes desafios urbanos, que é garantir deslocamentos mais rápidos, seguros e sustentáveis. “O Espírito Santo vem se destacando por investir em soluções que priorizam o transporte coletivo e a integração entre modais”, defende o órgão.
A Semobi destacou que nos últimos anos, o Governo do Estado ampliou e modernizou o Transcol, com 1.100 ônibus climatizados — mais de 60% da frota — e implantou a integração temporal e tarifária; implantou o primeiro corredor exclusivo para ônibus, na Terceira Ponte; e está implantando o corredor exclusivo na Avenida Carlos Lindenberg, ligando Vila Velha a Cariacica.
A pasta lembrou também o investimento do Estado no aplicativo Ônibus GV, que permite acompanhar, em tempo real, a localização dos veículos e a previsão de chegada nos pontos, e o videomonitoramento.
“O governo do Estado também investe na reforma de Terminais e em infraestrutura viária e mobilidade ativa, com ciclovias, Aquaviário, e melhorias nos principais eixos de ligação entre os municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória”, informou a Semobi.
*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record