madeira engenheirada
Projeto com madeira engenheirada. Foto: Archdaily/Reprodução

*Artigo escrito por Alexandre Anicio, gerente de novos negócios e produto da Lotes CBL

O Seminário de Comunidades Planejadas, no COMPLAN 2026, realizado em Atibaia-SP, trouxe cases, debatendo soluções urbanas e desafios para um urbanismo mais humano nas comunidades planejadas.

Um dos momentos principais foi a palestra de Carlos Moreno, defendendo a noção da “Cidade de 15 minutos”, visando reordenar as cidades para que os residentes tenham seus destinos cotidianos (moradia, trabalho, compras, lazer e educação) acessíveis a pé ou de bicicleta. Isso exige densificação moderada, misturas de uso, redes de mobilidade ativa e fortalecimento de centralidades locais, sendo identificado como maior desafio a redução do deslocamento in itinere (casa ao trabalho).

Precursora desta visão está a filosofia do dinamarquês Jan Gehl, autor de “Cidades para Pessoas”, que enfatiza a implantação de praças, calçadas amplas, ruas calmas com ênfase na escala humana, na percepção, no encontro.

Se no discurso isso soa plausível, na prática arquitetônica e urbanística temos o maior dos obstáculos: como integrar moradia, emprego, lazer e serviços sem criar bolhas ou segregações?

Algumas das soluções unilaterais são a mudança de função de prédios corporativos para uso misto (retrofit pelo empreendedor) ou a criação de uma empresa municipal que subsidia pontos para pequenos comércios se manterem em bairros valorizados, como foi feito pelo poder público em Paris.

Na realidade brasileira, os casos de sucesso apresentados tiveram um ponto em comum: diálogo aberto entre empreendedor e agentes públicos (prefeituras e concessionárias), visando soluções urbanas “fora da caixa” com segurança jurídica e ganho social.

Como exemplos existentes, podemos citar o Parque Una em Pelotas-RS e em desenvolvimento temos o Cidade das Águas em Joinville-SC.

Já no Espírito Santo se identifica forte potencial para espaços urbanos mais humanizados. Algumas empresas capixabas têm avançado no desenvolvimento de projetos imbuídos nessa proposta e sugere que o ambiente se amplie ainda mais, envolvendo mais de um agente, integrando estado (concessionárias) e município (prefeituras).

No âmbito da sustentabilidade, destacou-se o uso da madeira engenheirada, técnica construtiva que promete menor pegada de carbono, rapidez de execução, leveza estrutural e conforto térmico, atributos que bem aplicados podem transformar a forma de construir bairros com densidades moderadas e estética contemporânea.

Alexandre Anicio, gerente de novos negócios e produto da Lotes CBL
Alexandre Anicio, gerente de novos negócios e produto da Lotes CBL. Foto: Acervo pessoal