
Uma ação de reintegração de posse foi realizada na manhã desta terça-feira (9), nas comunidades Vila Esperança e Vale da Conquista, em Jabaeté, Vila Velha. Durante a desocupação, alguns moradores incendiaram as próprias casas em ato contrário à decisão da Justiça.
A operação contou com a presença da Tropa de Choque, além de várias viaturas da Polícia Militar e do helicóptero do Núcleo de Operações e Transportes Aéreos (Notaer), da Casa Militar, que sobrevoou a região.
De acordo com a decisão publicada em 20 de agosto, as famílias deveriam deixar a área reconhecida como terreno particular. Desde então, os ocupantes realizaram mais de cinco manifestações em Vitória na tentativa de reverter a medida.
Confira imagens:
Em entrevista ao Folha Vitória, um dos moradores, que preferiu não se identificar, relatou o desespero diante da perda do imóvel. “Preferi botar fogo do que entregar a casa que construí com tanta dificuldade”, disse.
Imagens registradas pelo fotojornalista do Folha Vitória, Thiago Soares, mostram residências em chamas, famílias retirando móveis às pressas e veículos carregados de pertences.
Veja momentos da desocupação:
De acordo com o repórter da TV Vitória, Gabriel Cavalini, a Prefeitura de Vila Velha informou que foi oferecido transporte para auxiliar no deslocamento dos bens, mas algumas famílias não conseguiram utilizar o serviço. Muitos moradores saíram apenas com o que puderam carregar nas mãos.
Não vieram. Só sai quem estiver inscrito. Dizem que tem um dinheiro, mas não será para todo mundo. Nós não temos carro, dinheiro, nem moradia. Minhas coisas vão ficar para trás.
Nair, moradora da comunidade
O que diz a Prefeitura de Vila Velha
Em nota, a Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Vila Velha informou que as famílias que ocupam as áreas conhecidas como Vila Esperança e Vale da Conquista, em Jabaeté, podem realizar atendimento social na estrutura montada pelo município na região. O serviço funciona desde quinta-feira (4), na área do Projeto Tom de Amora, na Avenida Líbano, 26, ao lado da UMEI Hélida Figueiredo Milagres. Nos três primeiros dias, 236 famílias passaram pelo atendimento.
Entre os serviços oferecidos estão atendimento psicossocial com orientações e encaminhamentos, apoio a famílias com crianças e adolescentes em idade escolar, inclusive para transferência de matrícula se necessário, e recolhimento e destinação adequada de animais doentes, abandonados ou em situação de maus-tratos, conforme legislação vigente, além de outras ações de suporte às famílias em situação de vulnerabilidade.
Auxílio extraordinário
O Estado, a Prefeitura e a empresa proprietária do terreno estão organizando recursos para custear aluguel de unidades habitacionais para até 493 famílias, totalizando aproximadamente R$ 1,8 milhão. Desse valor, R$ 1,3 milhão será fornecido pelo Estado, R$ 300 mil pela empresa e R$ 222,2 mil pela Prefeitura.
Para ter direito ao recurso, os moradores devem ter renda per capita de até meio salário mínimo, estar inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e passar pelo atendimento social realizado na estrutura próxima à área objeto da ação judicial.
Além do auxílio financeiro, a empresa disponibiliza veículos para transporte de móveis e eletrônicos para municípios da Grande Vitória ou para local de guarda provisória, bem como espaço para armazenamento dos pertences por até 21 dias, sob sua responsabilidade.
Decisão judicial
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) determinou, em 20 de agosto de 2025, a retomada da reintegração de posse das áreas da Vila Esperança e Vale da Conquista, reconhecendo que os terrenos são privados. A medida atende a ações judiciais movidas pelos proprietários em 2017 e 2019.
*Com informações do repórter Gabriel Cavalini, da TV Vitória.