Ressocialização

Presos do ES fazem oficinas de literatura e vão publicar livros

A escritora Kátia Fialho, de Cariacica, promove projetos de leitura e escrita que ajudam na autoestima e ressocialização de presidiários

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Kátia Fialho
Projetos realizados nos presídios capixabas, pela escritora Kátia Fialho. Foto: Reprodução/Instagram

Quando a palavra “presídio” é falada, logo vem o pensamento de pessoas encarceradas, pagando por algum crime, e paradas dentro de espaços confinados, sem ter o que fazer. No entanto, presos que estão em cadeias no Espírito Santo têm a oportunidade de desenvolver atividades voltadas ao artesanato, costura, acesso à educação básica e também literatura.

Um desses trabalhos focados nas “letras” é realizado pela escritora e produtora cultural Kátia Fialho, que é de Cariacica. Ela é embaixadora do Humaniza Brasil, uma organização sem fins lucrativos que realiza trabalhos sociais, e também imortal na Academia Cariaciquense de Letras.

Kátia atua com presidiários ofertando oficinas literárias dentro das cadeias, ajudando na ressocialização. Atualmente, ela faz esse trabalho com pessoas LGBTQIAP+ em privação de liberdade por meio do projeto “Que lugar é este (?)”, realizado no Presídio de Segurança Média II, em Viana.

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O projeto foi idealizado por Kátia com o objetivo de promover a diversidade por meio da leitura, com a formação de leitores e a realização de oficinas de escrita para pessoas LGBTQIAP+ em privação de liberdade no presídio.

Ao todo, estão inseridos no “Que lugar é este (?)” 25 detentos do regime fechado, que sabem ler e escrever. Eles participam de oficinas de leitura e escrita, e se debruçam no livro “Corpos benzidos em metal pesado” para os trabalhos.

A publicação traz 11 contos que falam sobre a vida no Norte do Brasil, mostrando as vivências na floresta, os povos indígenas, a precarização das cidades, a violência com os desfavorecidos, a desigualdade e a comunhão com a natureza, além da industrialização.

Contos escritos por presos vão virar livro

Ao final do projeto, um livro de contos será publicado, apresentando a vida dos participantes. O livro tem como título “TAL”. Cada detento escreveu um conto da obra.

Nas oficinas, os participantes têm acesso a oficinas de leitura e escrita. O produto destas oficinas será o lançamento de um livro de crônica, disse Kátia.

Projeto LiteraCURA
Foto: Reprodução/Instagram

O projeto é executado por meio do Edital 04/2023 – Valorização da Diversidade Cultural Capixaba, com recursos do Fundo de Cultura (Funcultura), por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). E Kátia ressalta a importância da iniciativa:

O projeto é uma forma de levar fomento à leitura e à escrita para um lugar onde a gente não costuma ver iniciativas desse tipo. A literatura como direito humano pode e deve ser praticada em todo e qualquer lugar. Entendo que as pessoas privadas de liberdade têm muitas histórias para contar, uma potência de vida grande, que podem, inclusive, se reintegrar à sociedade por meio da literatura.

Literatura cura, defende escritora

Além do “Que lugar é este (?)”, outro projeto encabeçado por Kátia foi aplicado no mesmo presídio, em Viana. Foi o “LiteraCURA: palavra que abre caminho”, desenvolvido no início do ano e que, como o nome já diz, mostra que a literatura tem o poder de transformar vidas.

LiteraCURA trabalhou com 25 detentos, também da comunidade LGBTQIAP+, e que enfrentam problemas com vício.

O trabalho promoveu, assim como o “Que lugar é este (?)”, oficinas de leitura e escrita para contribuir com sua saúde mental, autoestima e ressocialização.

Projeto Literacura
Foto: Reprodução/Instagram

Ao todo, foram dez encontros, levando publicações para as oficinas de leitura e escrita. O projeto também teve como produto final um livro feito pelos próprios detentos, que ainda será publicado.

Outras atividades, como sessões de Arteterapia conduzidas pela arteterapeuta Luziane Silveira e o suporte técnico da psicóloga Brunella Alóquio, foram oferecidas no projeto.

*Texto sob supervisão da editora Elisa Rangel

Lucas Gaviorno, estagiário do Folha Vitória
Lucas Gaviorno *

Estagiário

Estagiário do Folha Vitória, graduando em Jornalismo, pela Faesa, e em Letras, pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)

Estagiário do Folha Vitória, graduando em Jornalismo, pela Faesa, e em Letras, pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)