O fotógrafo Sebastião Salgado, que morreu aos 81 anos no último mês, pode dar nome ao Cais das Artes, em Vitória, caso seja aprovado um projeto de lei apresentado à Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales).
A proposta do deputado Alexandre Xambinho (Podemos) prevê que o equipamento seja nomeado como “Centro Cultural Sebastião Salgado“ para homenagear “um dos maiores nomes da fotografia documental contemporânea, reconhecido mundialmente por sua contribuição à arte, à cultura e aos direitos humanos”.
O trabalho do fotógrafo é visto, pelo autor do texto, como algo que “transcende o campo estético e se insere de forma contundente nas discussões sobre justiça social, migração, trabalho, preservação ambiental e povos originários”.
Por isso, a denominação do edifício “não apenas valoriza um dos maiores expoentes culturais de nosso tempo, como também projeta o Espírito Santo no cenário nacional e
internacional, vinculando esse importante equipamento cultural à identidade de um artista cuja obra dialoga com os temas mais urgentes da atualidade”, justifica.
O projeto deve passar pela Comissão de Justiça da Ales e pelo plenário para ser aprovado e seguir para análise do governador Renato Casagrande (PSB).
As obras do complexo cultural, localizado na Enseada do Suá, foram iniciadas em 2010 e chegaram a ser embargadas pela Justiça. Até o momento, foram gastos R$ 315 milhões durante os 15 anos de trabalhos para erguer o centro.
Com inauguração prevista para o meio do ano de 2026, o equipamento vai figurar entre os cinco maiores espaços culturais e artísticos do Brasil.
Legado de Sebastião Salgado
Sebastião Salgado nasceu em Aimorés, em Minas Gerais, em fevereiro de 1944. Ainda jovem, ele veio para Vitória, no Espírito Santo. Foi na Capital capixaba que ele conheceu Lélia Salgado, com quem se casou.
Ao longo da carreira, mundialmente reconhecida, Salgado fez contribuições em diversas organizações humanitárias. Entre elas, estão o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional.
Desde abril de 2016, Sebastião era membro da Academia de Belas-Artes de Paris pertencente ao Institut de France.
Em abril de 1998, o fotógrafo fundou o Instituto Terra, uma organização não governamental para recuperar a Mata Atlântica e as nascentes da antiga Fazenda Bulcão, local onde passou a infância com a família.
Conforme o comunicado da família, Salgado morreu no dia 23 de junho deste ano em decorrência de uma leucemia grave. A doença surgiu como evolução de uma malária contraída durante uma viagem na Indonésia, em 2010.