Quando cinco gerações dividem o mesmo escritório: desafios e aprendizados

Nunca antes tantas gerações conviveram juntas no mesmo ambiente profissional como agora. De um lado, profissionais experientes com décadas de carreira. Do outro, jovens dando seus primeiros passos no mundo do trabalho. Naturalmente, esse encontro de diferentes vivências, valores e expectativas tem gerado atritos e também oportunidades de aprendizado.

Para quem ocupa posições de liderança, o desafio é ainda maior: como engajar e reter pessoas com motivações tão diversas?

Segundo especialistas, o choque de gerações no ambiente corporativo se intensificou justamente porque estamos vivendo um momento inédito, em que Baby Boomers (nascidos entre 1940 e 1960), Geração X (1960 a 1980), Millennials ou Geração Y (1980 a 1995) e Geração Z (1995 a 2010) compartilham o mesmo espaço de trabalho.

Você já percebeu como os jovens da Geração Z, nascidos entre o fim dos anos 1990 e o início de 2010, estão mudando a cara da liderança nas empresas? Em 2025, eles já representarão 27% da força de trabalho global e, no Brasil, quase 48% dos nascidos entre 1997 e 2010 estão economicamente ativos. Esses profissionais chegam com repertório digital de sobra, rapidez de raciocínio e muita disposição para transformar o ambiente corporativo, mas também carregam estigmas que remetem às críticas enfrentadas por gerações anteriores.

“Liderança não é só bater metas: é criar um ambiente em que o colaborador possa crescer sem comprometer o bem-estar.”

Do “mimimi” à colaboração

Não é raro ouvir que os Z’s são “mimados” ou “frágeis”: na própria pesquisa Futuro do Trabalho, feita pela consultoria Wiz&Watcher, 29% dizem que os veem como “a geração do mimimi”. Ainda assim, eles encontram caminhos próprios para aprender: 59% recorrem à internet, 51% assistem a vídeos e 36% consultam inteligência artificial, enquanto apenas 27% buscam ajuda diretamente com o chefe. Esse perfil independente revela que, ao se tornarem líderes, tendem a adotar um estilo mais colaborativo e menos hierárquico.

Equilíbrio e clareza como prioridades

Quando a Geração Z alcança cargos de comando, os desafios ganham contornos novos. Segundo o estudo, os pontos mais citados por esses jovens líderes foram:

  • Manter a entrega de resultados sem prejudicar o equilíbrio de vida da equipe (15%)
  • Entender todas as demandas e estabelecer prioridades (14%)
  • Saber o momento certo de pedir ajuda (11%)

Esses dados revelam que, para eles, liderança não é apenas atingir metas: é sobre criar um ambiente em que todos possam se desenvolver sem abrir mão da saúde mental e da qualidade de vida.

“Equipes engajadas entregam mais produtividade e, no fim, mais lucro.”

Engajamento em destaque

Chegou a hora de repensar as métricas de desempenho. Antes, performance era sinônimo de resultado puro. Hoje, com a automação dos processos, o engajamento passou a ser o diferencial na nova economia criativa. Afinal, equipes engajadas produzem mais e geram melhores resultados financeiros. O que você e sua empresa podem aprender:

  • Feedback constante: reserve momentos regulares para ouvir e orientar.
  • Transparência total: compartilhe objetivos, desafios e erros, esse é o alicerce da confiança.
  • Flexibilidade real: permita ajustes de jornada e home office, valorizando a produtividade em vez da presença física.

Convivência entre gerações: desafio ou oportunidade?

Pela primeira vez na história, cinco gerações diferentes compartilham o mesmo ambiente de trabalho. E, como em qualquer encontro de visões distintas, isso pode gerar atritos. Segundo um levantamento recente, 61% dos entrevistados acreditam que as diferenças entre as gerações dificultam a rotina profissional.

A pesquisa também perguntou como os jovens da Geração Z acham que são vistos pelos mais velhos, e as respostas revelam alguns estereótipos. A mais comum foi a de “geração do mimimi” (29%), seguida por “geração que manja de tecnologia” (28%), e empatadas com 26%, “geração emocionalmente frágil” e “geração que desiste fácil”.

Mas esses rótulos não contam toda a história. Quando o assunto é aprender algo novo, por exemplo, essa geração mostra autonomia: a maioria prefere procurar por conta própria. A relação entre líderes e liderados precisa ser baseada em confiança. Sem isso, a conexão se fragiliza e aí fica difícil construir uma parceria sólida.

“A gestão de expectativas se tornou um dos grandes desafios.”

Essa nova forma de liderar traz um olhar mais humano para o trabalho, menos autoritário, mais colaborativo, com foco em equilíbrio e bem-estar. E isso pode ser exatamente o que precisamos para reinventar a forma de trabalhar.

Quando gerações se encontram: o desafio de conciliar diferentes olhares sobre o trabalho
A chegada da Geração Z tem sido um ponto central nessa discussão. Esse grupo representa uma fatia significativa da força de trabalho: em 2025, serão 27% do mercado global e, até 2030, esse número deve chegar a 30%. É uma geração mais jovem do que o próprio Google, com uma visão de mundo bastante distinta.

Trabalhar pra quê?

Um dos maiores contrastes entre as gerações está na forma como cada uma enxerga o trabalho. Enquanto os mais velhos costumam ver a carreira como um pilar essencial da vida, os mais jovens buscam equilíbrio entre o profissional, o pessoal e o emocional.

Muitos jovens ainda estão construindo seu próprio entendimento sobre o valor do trabalho e isso não necessariamente está atrelado à ideia de “viver para trabalhar”.

A Gen Z já entendeu que nem sempre será possível ganhar dinheiro com o que se ama. Essa percepção, inclusive, alimenta uma das principais críticas feitas a essa geração: a suposta falta de engajamento. Mas será que é isso mesmo?

Na verdade, a digitalização da vida e o acesso a um mundo cada vez mais conectado mudaram profundamente a forma como essa geração se comunica, aprende e se relaciona com o trabalho. A expectativa por respostas rápidas e processos ágeis é natural para quem nasceu na era digital. Além disso, essa mesma agilidade gera a necessidade constante de feedbacks e novos desafios. Em pouco tempo, eles já se sentem prontos para novos passos.

Cuidar da saúde mental faz toda a diferença

Com uma postura mais ativa em relação a temas como diversidade, inclusão e propósito, a Geração Z também tem colocado a saúde mental no centro das discussões. Não por acaso: muitos desses jovens cresceram vendo seus pais enfrentarem burnout, jornadas exaustivas e pouco equilíbrio.

Esse histórico faz com que sejam mais atentos a ambientes saudáveis e respeitosos. Eles valorizam o respeito, a empatia e são rápidos em identificar relações tóxicas dentro das empresas. Isso está influenciando diretamente a cultura organizacional. Essa nova geração não quer viver para trabalhar. Quer trabalhar bem, mas sem abrir mão da vida pessoal. E as empresas precisam entender isso e se adaptar.

Nem tudo é tão simples assim

É importante lembrar que esses recortes geracionais são apenas tentativas de organizar comportamentos por faixas etárias, mas cada realidade é única. As vivências de jovens da classe média alta, por exemplo, são muito diferentes da realidade daqueles com menos acesso à educação e oportunidades.

Embora os discursos sobre propósito e escolhas de carreira estejam presentes em todas as camadas sociais, os jovens com menos recursos muitas vezes não têm o privilégio de escolher, precisam trabalhar para sobreviver.

A experiência dos Millennials e da Gen Z com crises econômicas moldou sua visão de carreira. Depois de enfrentarem duas grandes recessões, muitos passaram a valorizar fatores como criatividade e propósito, em vez de estabilidade.

Mesmo sendo um grupo com enorme poder de compra coletivo estimado em mais de US$ 450 bilhões, os jovens vivem um paradoxo: no dia a dia, o custo de vida pesa no bolso individual. Gênero, raça, classe e escolaridade tornam esse cenário ainda mais complexo.

Frente a esse contexto, surgiu o que alguns chamam de “cultura do mimo”. Mas, longe de ser um comportamento mimado, trata-se de uma estratégia de sobrevivência: buscar bem-estar nas pequenas conquistas, valorizar rotinas simples e traçar objetivos alcançáveis. Tudo isso em resposta a um mundo instável e acelerado.

A ambição de ser o melhor está dando lugar ao desejo de viver com mais leveza. A Gen Z não quer reproduzir o modelo de sucesso das gerações anteriores. Prefere um estilo de vida mais realista e possível.


Superar os desafios da comunicação entre gerações exige mais escuta e menos julgamento

Enquanto Boomers valorizam hierarquia e formalidade, Millennials e Gen Z priorizam agilidade, horizontalidade e autenticidade. Essa diferença de estilos pode gerar estereótipos, ruídos e choques de expectativa.

Segundo a Drª Virgínia Pelles a escuta ativa se torna, então, a ponte entre esses mundos. Não se trata apenas de ouvir com atenção, mas de suspender o julgamento, reconhecer o contexto do outro e responder com empatia. Boomers querem ser valorizados por sua experiência, Millennials e Gen Z precisam ser legitimados como inovadores.

Para que a criatividade floresça entre diferentes gerações, é essencial promover a segurança psicológica e a sensação de que é possível falar, errar e propor ideias sem medo. Isso reduz o sentimento de ameaça no cérebro e ativa o sistema de recompensa, gerando mais confiança, colaboração e inovação.

Segundo estudos, ambientes com segurança psicológica apresentam:

  • 31% mais criatividade
  • 23% maior retenção de talentos
  • 27% mais eficácia na resolução de problemas

“A escuta ativa é uma ferramenta neurológica de inovação. Ela silencia a ameaça, acende a confiança e conecta gerações que, sozinhas, gritam, mas juntas, constroem.”

Virgínia Pelles Neurociência do Comportamento.


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Jackson Galvani

Empresário no mercado de tecnologia, foi eleito um dos melhores Gerentes de TI do Brasil, é Coordenador da ExpoTI e Presidente do HDI-Brasil no ES. www.jacksongalvani.com.br

Empresário no mercado de tecnologia, foi eleito um dos melhores Gerentes de TI do Brasil, é Coordenador da ExpoTI e Presidente do HDI-Brasil no ES. www.jacksongalvani.com.br