A história de um túmulo que “chora” emociona e intriga moradores e turistas em Santa Leopoldina, na região serrana do Espírito Santo. Há mais de 100 anos, uma pequena sepultura, no Cemitério Municipal, exala mistério ao se manter constantemente cheia d’água, como se estivesse em luto eterno.
O caso envolve a história da pequena Maria Gilda, enterrada no local em janeiro de 1923, com apenas cinco meses de vida.
Segundo contam os moradores, a menina teria morrido afogada em uma bacia, e, durante o enterro, a mãe – tomada pelo desespero – despejou a água da mesma bacia dentro do túmulo.
Desde então, o local passou a jorrar água misteriosamente, em um fenômeno que desafia explicações lógicas.
O guia turístico Jefferson Rodrigues, que narra a lenda para visitantes há anos, se diz surpreso até hoje.
Maria Gilda veio a se afogar em uma banheira, enquanto tomava banho, e acabou morrendo. Ela foi enterrada no cemitério local. Dizem que a mãe, quando veio ao enterro de Maria, jogou água, que estava em um balde, no túmulo da criança. Até hoje, este túmulo jorra água. Às vezes, o município enfrenta seca, mas, mesmo assim, o túmulo não para de jorrar água, disse Jefferson.
O guia de turismo conta que o mistério se tornou uma atração na cidade, que recebe milhares de turistas de todo o Brasil para conhecer a história do “túmulo que chora”. Jefferson, mesmo vendo aquela cena diariamente, se impressiona com a história.
Um túmulo que nunca seca
Icrebes Alvarenga, aposentado e antigo funcionário do cemitério, diz já ter feito de tudo para entender o que acontece com a sepultura.
“Tinha muita água. Uma certa vez, nós tiramos toda a água represada no túmulo, enxugamos, limpamos… deixamos tudo direitinho. No dia seguinte, o túmulo já estava com água novamente”, contou o aposentado.
No dia da gravação da reportagem de Ana Carolini Mota, da TV Vitória, havia cerca de quatro dedos de água dentro do túmulo, mas os moradores disseram que tem dias em que o nível chega ao topo da estrutura. A água do túmulo é cristalina e ainda não passou por análise científica.
A Prefeitura de Santa Leopoldina, por meio do vice-prefeito Valdemar Coutinho, informou que a sepultura recebe manutenção e um tipo de tratamento para evitar proliferação de insetos. No entanto, nenhum estudo foi feito para determinar a origem da água ou se ela é potável.
O monitoramento é feito pela Vigilância Sanitária do município, que faz o acompanhamento para evitar a proliferação de larvas do aedes aegypti e tudo mais. O que acontece é que a água está sempre renovada, explica Valdemar.
Patrimônio e silêncio
Maria Gilda era filha de Silvestre Ferreira, um farmacêutico local, e Lúcia Reisen. A casa onde ela morreu também resiste ao tempo e foi tombada como patrimônio histórico. Hoje, não há mais familiares da bebê vivendo na cidade.
A sepultura, por sua vez, continua recebendo visitas e atraindo curiosos de todo o Brasil. Alguns veem o fenômeno com respeito. Outros, com receio de mexer em algo que talvez não devesse ser tocado.
“Primeiro, a gente está falando de fé, e segundo é curiosidade. São duas linhas de pensamento que atraem os turistas. São histórias que serão contadas para as próximas gerações”, disse Jefferson.
VEJA A REPORTAGEM ESPECIAL COMPLETA DO BALANÇO GERAL:
*Com informações da repórter Ana Carolini Mota, da TV Vitória/Record