
A fim de garantir a criação de cotas para pessoas transgêneros e travestis nos cursos de graduação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), um ato será realizado nesta terça-feira (4). O objetivo é pressionar a instituição para que a resolução que prevê a política de ação afirmativa seja aprovada até a próxima sexta-feira (7).
A data marca o prazo final para que a medida seja implementada a tempo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de 2025, que permitirá o ingresso de novos estudantes na universidade no próximo ano.
A Administração da instituição informou que é sensível à demanda e “atua para dar celeridade ao processo, respeitando os trâmites previstos.”
O ato foi convocado pelo Diretório Central dos Estudantes da Ufes e o Coletivo Trans Encruzilhadas – que representa pessoas transgêneros, travestis e não binárias na instituição. Segundo a divulgação, a luta por cotas trans na graduação da Ufes “é histórica e urgente.” O ato acontece às 14h no campus de Goiabeiras, em Vitória.
Conforme os movimentos, a proposta foi elaborada por um Grupo de Trabalho instituído pela Reitoria da Ufes. O relatório técnico, favorável à criação das cotas trans, foi entregue no dia 16 de outubro.
“Se as cotas não forem aprovadas até dia 7 de novembro, as vagas para pessoas trans não serão incluídas no SiSU e teremos que aguardar mais um ano”, cobram os grupos.
O ato pede que a resolução seja “imediatamente” colocada na pauta da próxima sessão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), marcada para a sexta-feira.
Até o momento, a Ufes dispõe de cotas para pessoas pretas, pardas e indígenas; quilombolas; com deficiência; e estudantes de escolas públicas. A renda familiar bruta por pessoa também é levada em conta quando for igual ou inferior a 1 salário mínimo.
Outras universidades públicas do Brasil já implementaram a medida, sendo a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) a pioneira. As universidades federais de Santa Catarina (UFSC), de São Paulo (Unifesp) e de Brasília (UNB) também são exemplos de instituições que adotaram a política de ação afirmativa.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aprovou a criação das cotas trans na última quinta-feira (30). Lá, são reservadas 2% das vagas para o grupo.
O que diz a Ufes
A Ufes informou à reportagem que a proposta da reserva de cotas para trans nos cursos de graduação “está seguindo os processos administrativos legais estabelecidos, que preveem sua tramitação em diversas instâncias para análise e deliberação.”
“A Administração ressalta que é sensível à demanda apresentada e atua para dar celeridade ao processo, respeitando os trâmites previstos, que incluem a aprovação nos conselhos superiores da Universidade.”
A Universidade não informou, no entanto, qual percentual de vagas será reservado ao grupo.
A instituição também alega que está empenhada em assegurar a inclusão de grupos sociais historicamente excluídos da universidade pública e ressaltou que nos cursos e programas de pós-graduação já existe, desde 2024, reserva de vagas para pessoas trans e tavestis, além de refugiados, pessoas pretas e pardas, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência.