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Foto: Canva

Nossa capacidade de atenção está diminuindo. De acordo com um estudo realizado por Gloria Mark, professora da Universidade da Califórnia, o tempo médio de foco olhando para uma única tela caiu de 2,5 minutos em 2004 para 47 segundos em 2021.

Mas quem não se lembra da foto chocante do menino imigrante morto, encontrado em uma praia turca após o naufrágio de um barco de imigrantes?

E do viking do Capitólio, o homem vestido com peles, rosto pintado com bandeira dos Estados Unidos e chapéu de chifres, que se tornou um símbolo da invasão do capitólio em janeiro de 2021?

A comunicação está cada vez mais instantânea e a capacidade de atenção reduz drasticamente a cada década.

Neste contexto, a imagem, que já possui um papel importante, está se tornando cada vez mais relevante na comunicação. Imagem comunica. E líderes, CEOs, profissionais liberais e políticos já entenderam isso.

A revista espanhola de comunicação política ACOP, na edição de setembro, publicou uma ampla matéria sobre o papel dos fotógrafos na comunicação política.

Segundo a revista, o papel do fotógrafo institucional vem se transformando, exigindo dos profissionais um olhar mais sensível aos detalhes.

Líderes corporativos e políticos compreenderam que as imagens são capazes de gerar conexões profundas e imediatas, por isso, buscam fotógrafos de emoções, capazes de capturar gestos, olhares e momentos.

O atual presidente chileno Gabriel Boric compreendeu a necessidade desta estratégia há alguns anos, e tem ao seu lado Marcelo Segura, fotógrafo de olhar sensível que consegue transmitir com imagens as emoções das agendas do mandato.

Estive, ano passado, em um congresso, durante o qual o prefeito de Málaga, Francisco de la Torre, explicou como ele conseguiu ampliar o alcance e aceitação junto ao eleitorado graças ao olhar sensível da fotógrafa Amparo Garcia.

Ela realiza registros de momentos de alegria, momentos de dor, tensões… As fotografias substituíram com maior efetividade grandes discursos. Fotografias conectam, fotografias humanizam.

Milhares de pessoas navegam pela internet a todo momento em busca de conexões, poucas investem tempo ouvindo falas e discursos. As imagens se tornaram pontes emocionais mais eficientes que palavras. Fotógrafos sendo estrategistas narrativos.

A tendência é de crescimento em investimento em fotografia estratégica, que tenha a capacidade de comunicar emoções. Fotografias contam histórias, humanizam, conectam moldando a percepção de mundo e influenciando a opinião pública.

Mas esse poder exige responsabilidade: usar imagens não significa manipular, mas contextualizar e escolher com critério o que será mostrado.

Quem já compreendeu isso está saindo na frente.

Maya J. Gobira Meneghelli

Colunista

Francesa, linguista pela Ufes e mestre em comunicação política pela Universidade Internacional de Valência, pesquisa sociedade e discursos de lideranças femininas. Atua em estratégias de comunicação política e corporativa, media training e posicionamento, além de ser especialista em imagem e comunicação não verbal.

Francesa, linguista pela Ufes e mestre em comunicação política pela Universidade Internacional de Valência, pesquisa sociedade e discursos de lideranças femininas. Atua em estratégias de comunicação política e corporativa, media training e posicionamento, além de ser especialista em imagem e comunicação não verbal.