As famílias que ocupavam as comunidades Vila Esperança e Vale da Conquista, na região de Jabaeté, em Vila Velha, deixaram a região após a reintegração de posse determinada pela Justiça na manhã desta terça-feira (9).
Durante a desocupação, alguns moradores levaram móveis, colchões e outros pertences para a frente do Palácio Anchieta, no Centro de Vitória.
Os moradores afirmaram que pretendem ocupar as ruas e vias do Centro como forma de protesto contra a retirada forçada das residências.
Segundo lideranças comunitárias alegam, a ação judicial não considerou a situação social da população, que inclui idosos, pessoas com deficiência e famílias em vulnerabilidade.
Veja imagens do protesto no Centro de Vitória:
Adriana Paranhos, moradora da região há 32 anos e líder comunitária, destacou que a comunidade não recebeu acompanhamento suficiente durante a reintegração.
Temos pessoas com deficiência e idosos, e não houve interesse humano nem político. Tivemos porta-vozes da Polícia Federal para negociar, mas continuamos abandonados. Hoje temos famílias na porta do governador pedindo ajuda porque não sabem para onde ir.
Adriana Paranhos
O advogado Robson Lucas, que acompanha parte das famílias, afirmou que a ocupação começou em 2016, em uma área abandonada, e que o processo judicial passou por diferentes gestões municipais.
Segundo ele, embora tenha sido oferecido um auxílio-aluguel de R$ 2.200, posteriormente ampliado para R$ 3.600, o valor ainda não atende às necessidades das quase mil famílias afetadas.
Confira vídeo de como está o Palácio Anchieta:
O que diz a prefeitura e o Estado
O governo do Espírito Santo e a Prefeitura de Vila Velha informaram que vão custear o aluguel de unidades habitacionais para até 493 famílias que se enquadrem nos critérios socioeconômicos do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e pela política municipal de assistência social.
Para ter acesso ao benefício, é necessário passar pelo atendimento social realizado pelo município na estrutura montada próxima à área, no Projeto Tom de Amora, na Avenida Líbano, 26, ao lado da UMEI Hélida Figueiredo Milagres.
O atendimento social, que funciona das 8h às 17h, oferece suporte psicossocial, orientação para transferência de matrícula de crianças e adolescentes, recolhimento de animais em situação de abandono ou maus-tratos e outros serviços de apoio às famílias em vulnerabilidade.
Além do auxílio financeiro, a empresa responsável pelo terreno disponibiliza veículos para transporte de móveis e eletrônicos até municípios da Grande Vitória ou para local de guarda provisória, bem como espaço para armazenamento dos pertences por até 21 dias, sob sua responsabilidade.
Decisão da Justiça
A reintegração de posse das áreas foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) em 20 de agosto de 2025, reconhecendo que os terrenos são particulares e atendendo a ações judiciais movidas pelos proprietários em 2017 e 2019.
Alguns moradores colocaram fogo nos imóveis em forma de protesto. A desocupação foi conduzida pela Polícia Militar, com apoio de helicópteros e viaturas.