
Sem ter para onde ir após serem despejados de suas casas, moradores da ocupação de Vila Esperança precisaram deixar os animais no terreno onde viviam no bairro Jabaeté, em Vila Velha.
A ação para desocupação de Vila Esperança foi iniciada na manhã de terça-feira (9). A operação contou com a participação da Polícia Militar e foi acompanhada por outras instituições.
Enquanto as casas eram demolidas, os moradores deixavam o local com alguns pertences que conseguiam salvar. Durante a operação, cachorros e outros animais foram abandonados no terreno, pois as famílias não tinham para onde levá-los, como explicou um dos ocupantes da região para a reportagem da TV Vitória.
Minha vizinha está desesperada, não tem lugar para pagar aluguel, e outra coisa que quero ser bem claro: eu sei que abandono de animais é crime, mas tenho que largar porque não tenho para onde ir, como vou levar os animais? Cadê o apoio? Tenho três cachorros, vão ficar abandonados, porque não tenho para onde levar. Prometeram algo que não cumpriram.
Morador de Vila Esperança
A secretária de Bem-Estar Social de Vila Velha, Leticia Goldner, informou que equipes de bem-estar animal e zoonoses estiveram no local e que há uma variedade de animais na ocupação. Segundo ela, a prefeitura busca abrigo para esses animais.
“No território tem porcos, patos, cachorros, gatos e cavalos. Então, também estamos com um plano para aquelas pessoas, que não puderam ou não quiseram ficar com seus animais, de dar um bom destino a eles”, afirmou.
Uma comissão do Bem-estar Animal resgatou animais em condições de abandono ou maus-tratos.
Desocupação de Vila Esperança
A ação de reintegração de posse foi realizada na manhã de terça-feira (9), nas comunidades Vila Esperança e Vale da Conquista, em Jabaeté, Vila Velha. Durante a desocupação, alguns moradores incendiaram as próprias casas em ato contrário à decisão da Justiça.
A operação contou com a presença da Tropa de Choque, além de várias viaturas da Polícia Militar e do helicóptero do Núcleo de Operações e Transportes Aéreos (Notaer), da Casa Militar, que sobrevoou a região.
De acordo com a decisão publicada em 20 de agosto, as famílias deveriam deixar a área reconhecida como terreno particular. Desde então, os ocupantes realizaram mais de cinco manifestações em Vitória na tentativa de reverter a medida.
O que diz a Prefeitura de Vila Velha
Em nota, a Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Vila Velha informou que as famílias que ocupam as áreas conhecidas como Vila Esperança e Vale da Conquista, em Jabaeté, podem realizar atendimento social na estrutura montada pelo município na região.
O serviço funciona desde quinta-feira (4), na área do Projeto Tom de Amora, na Avenida Líbano, 26, ao lado da UMEI Hélida Figueiredo Milagres. Nos três primeiros dias, 236 famílias passaram pelo atendimento.
Entre os serviços oferecidos estão atendimento psicossocial com orientações e encaminhamentos, apoio a famílias com crianças e adolescentes em idade escolar, inclusive para transferência de matrícula se necessário, e recolhimento e destinação adequada de animais doentes, abandonados ou em situação de maus-tratos, conforme legislação vigente, além de outras ações de suporte às famílias em situação de vulnerabilidade.
Auxílio extraordinário
O Estado, a Prefeitura e a empresa proprietária do terreno estão organizando recursos para custear aluguel de unidades habitacionais para até 493 famílias, totalizando aproximadamente R$ 1,8 milhão. Desse valor, R$ 1,3 milhão será fornecido pelo Estado, R$ 300 mil pela empresa e R$ 222,2 mil pela Prefeitura.
Para ter direito ao recurso, os moradores devem ter renda per capita de até meio salário mínimo, estar inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e passar pelo atendimento social realizado na estrutura próxima à área objeto da ação judicial.
Além do auxílio financeiro, a empresa disponibiliza veículos para transporte de móveis e eletrônicos para municípios da Grande Vitória ou para local de guarda provisória, bem como espaço para armazenamento dos pertences por até 21 dias, sob sua responsabilidade.
Decisão judicial
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) determinou, em 20 de agosto de 2025, a retomada da reintegração de posse das áreas da Vila Esperança e Vale da Conquista, reconhecendo que os terrenos são privados. A medida atende a ações judiciais movidas pelos proprietários em 2017 e 2019.