Ilha do Mel, Cidade Sol, Capital da Beleza, Cidade Ilha ou até o simples “Vix”, entre tantas outras designações, são utilizadas para apelidar a cidade de Vitória. A Capital do Espírito Santo completa 474 anos nesta segunda-feira (08) repleta de curiosidades e histórias.
Segundo a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Vitória possui uma população com cerca de 340 mil habitantes, com histórias e culturas distintas, mas, que em sua essência e mistura, que fazem a ilha ter características únicas.
O dia 8 de setembro remete à data em que, no ano de 1551, os portugueses venceram a acirrada batalha contra os indígenas Goytacazes e, entusiasmados pela vitória, passaram a chamar o local de Ilha de Vitória.
Para comemorar a data tão importante para o município, a reportagem do Folha Vitória lista a seguir algumas curiosidades, costumes e histórias que marcam a Ilha do Mel.
Vitória já foi considerada “a Mônaco brasileira”
Vitória já foi considerada a “Mônaco brasileira”. Acredite se quiser, mas a comparação com a pequena cidade-estado da Europa aconteceu com a capital do Espírito Santo.
Fã de corridas, o editor de Esportes do Folha Vitória, Flávio Dias, relembra que já trabalhou na cobertura como repórter durante a Fórmula Renault e Copa Clio, disputadas em 2003, no circuito de rua da Enseada do Suá.
Dei até uma volta no circuito na carona de um carro da então Copa Clio! E foi demais! Sempre foram eventos grandiosos, que a cidade parava para ver. Também era uma oportunidade para pilotos do Espírito Santo mostrarem talento, já que participavam da etapa. Organização sempre impecável e que deixou muitas saudades.”
Flávio Dias, editor de Esportes
Em entrevista recente com o campeão da Stock Car, Gabriel Casagrande afirma que até hoje os pilotos mais experientes lembram com carinho da “Mônaco brasileira”.
“Torcem por uma volta de Vitória ao circuito. Gabriel é mais novo, não chegou a correr aqui, mas conhece a cidade e aprovou na hora de ideia da retomada das corridas aqui”, disse Flávio Dias.
Glória, um nome comum na Capital
Turistas e moradores já devem ter reparado que o nome Glória é comum em alguns estabelecimentos e locais da Capital, a exemplo do Sesc Glória e Bistrô Glória.
Segundo a professora Juliana Simonato, do Departamento de História da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o nome está associado a uma embarcação que defendeu Vitória de três invasões francesas.
No terceiro confronto, o navio naufragou heroicamente, impedindo que os invasores chegassem à cidade. Esse ato de coragem é lembrado até hoje em locais como o Sesc Glória e o Bistrô Glória.”
Juliana Simonato, professora de História da Ufes
Praça Oito de Setembro foi palco de eventos importantes
Inaugurada em 1909, a Praça Oito de Setembro, anteriormente conhecida como Praça Santos Dumont, foi erguida no antigo Cais da Alfândega.
A professora Juliana Simonato também destaca que o local histórico foi palco de eventos, incluindo a resistência contra invasões holandesas e Diretas Já.
Vitória é uma das três capitais-ilhas do Brasil
Diante da “correria cotidiana”, muitos moradores acabam por deixar de lado uma das peculiaridades da Capital: Vitória é uma das três únicas capitais-ilhas presentes no Brasil.
Em conjunto com São Luís, no estado do Maranhão, localizado no Nordeste, e da cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, no Sul, as três capitais são em sua forma mais simples um pedaço de terra sub-continental cercado de água.
Vitória é composta por 33 ilhas
Segundo registros da Prefeitura de Vitória, a Ilha de Vitória é formada por um arquipélago composto por 33 ilhas e por uma porção continental, totalizando 93,38 quilômetros quadrados.
Entre as ilhas reconhecidas no arquipélago estão: Ilha de Vitória (a principal); Ilha da Pólvora; Ilha Dr. Américo de Oliveira; Pedra do Ovo; Ilha das Pombas; Ilha do Urubu; Ilha das Tendas; Ilha das Cobras; Ilha Maria Catoré; Pedra da Baleia; Ilha dos Práticos.
Também são presentes: Ilha do Boi; Ilha do Papagaio; Ilha do Sururu; Ilha do Príncipe; Ilha do Bode; Ilha do Rebelo e Ilha das Caieiras, sendo consideradas ilhas, mas historicamente foram integradas à Ilha de Vitória por meio de aterros.
Avião que pousa sobre “as cabeças” na Praia de Camburi
Caminhar na praia e tomar uma água de coco no calçadão fazem parte do dia a dia dos moradores da Capital. Eles, além disso, são presenteados cotidianamente com um “pouso sobre as cabeças” na Praia de Camburi.
Embora não faça parte de algum ranking oficial dos “pousos mais bonitos do Brasil”, para os “capixabas da gema e de coração”, a sensação de pousar no Aeroporto em Vitória é considerada indescritível.
Vitória e a força do seu manguezal
Segundo dados da Prefeitura de Vitória, a Capital possui uma área territorial de aproximadamente 97,96 km², dos quais aproximadamente 11 km² são ocupados por manguezais, formados pelo encontro entre rios e mar.
Esse tipo de ambiente é essencial diante da importância das mudanças climáticas. É um ecossistema democrático para as populações que nele circundam com base na subsistência.
Além disso, segundo o órgão, a Capital capixaba abriga um dos maiores manguezais totalmente circundados por área urbana do Brasil e da América Latina.
“Ventória” e a prática de esportes náuticos
O comodoro do Iate Clube de Vitória, Fabiano Pereira, descreve a forma interessante e curiosa como a ilha de Vitória se integra naturalmente com o ambiente náutico, sobretudo em função dos ventos, que fizeram a Capital ganhar o apelido de “Ventória”, que são propícios à prática de esportes náuticos, como o iatismo.
Por ser uma ilha com uma baía e diversos canais, a cidade tem uma conexão intrínseca com a água. Isso se reflete não apenas nos esportes, mas cultura e estilo de vida. Muitos dos pontos turísticos e avenidas têm vista para o mar ou para a baía, tornando a prática de esportes náuticos presente no cotidiano.”
Fabiano Pereira, comodoro do Iate Clube de Vitória
Visita do Papa foi um marco em Vitória
Um marco histórico da cidade foi a visita do Papa João Paulo II, autoridade máxima da Igreja Católica, no dia 19 de outubro de 1991, que parou a Capital capixaba.
O acontecimento ficou marcado na história do Estado. Milhares de pessoas se reuniram na então Praça da Enseada do Suá, atual Praça do Papa, para participar da missa celebrada pelo pontífice. Karol Józef Wojtyła (nome de batismo) foi o primeiro, e até agora o único papa a visitar o Espírito Santo.
João Paulo II também marcou a história da cidade de Vitória ao visitar o bairro São Pedro, na época “Aterro de Comdusa”. O feito aconteceu logo após a missa, quando ele foi conduzido de helicóptero até a região da Grande São Pedro, também na Capital.
Na década de 90, o cenário era de grande pobreza. A população vivia em meio aos lixões e em casas muito simples e precárias, feitas de madeira, sob palafitas sobre o mangue.
Diferentemente da passagem pela praça na Enseada do Suá, no local não houve missa, mas sim um ato litúrgico, seguido de pronunciamento. A visita durou cerca de 40 minutos. Além de visitar o bairro, antes de ir embora, o Papa fez uma doação.
Com 474 anos de história, Vitória encanta moradores e visitantes com suas paisagens únicas, tradições marcantes e curiosidades que revelam a alma da cidade-ilha. De seus morros e manguezais à força cultural, esportiva e religiosa, sua beleza, diversidade e espírito de resistência seguem inspirando gerações.
Parabéns, Vitória!