A impressionante trajetória de Jackson do Pandeiro daria um filme e alguns livros. Uma das biografias que existem é Jackson do Pandeiro – O Rei do Ritmo, de Fernando Moura e Antonio Vicente, de 2001, pela Editora 34. Suas melhores histórias são contadas por quem dedicou anos a ele e as leituras desse rojão da Paraíba não param de ser feitas e refeitas.
“O maior legado de Jackson é a própria obra, não só como intérprete, mas principalmente como compositor. Alguém que teve esse perfil… Veja, ele só foi se alfabetizar já no Rio de Janeiro, com Almira Castilho (sua mulher de então). Ela o ajudou a aprender a ler e a escrever. São quase 500 músicas compostas por ele, além de algumas assinadas pela Almira”, diz o pernambucano Lenine. Ele lembra mais: “Toda a profusão de produção que aconteceu pelas décadas de 40 e 50, ele e Almira, estavam muito próximos disso tudo. Isso sim foi maravilhoso, talvez o que o difere de outros contemporâneos a ele, como Ary Lobo, por exemplo, que não teve a mesma projeção porque a imagem dele não estava sendo divulgada por intermédio do cinema nacional.”
Não vai sumir. Geraldo Azevedo vê outro aspecto. “Jackson do Pandeiro nunca vai sumir”, diz, sobre os riscos de extinção de artistas nem sempre aptos à digitalização das obras mais recentes. “Mas preciso ressaltar que a memória brasileira é ingrata. Ele deixou um legado de canções que vão ficar para a eternidade e, dessa forma, jamais será esquecido. Só que existe uma ingratidão da memória cultural brasileira e, ainda mais no atual momento político, um esforço muito grande para reforçar o esquecimento de fatos marcantes da nossa cultura.”
Azevedo gravou, em 2007, no disco O Brasil Existe em Mim, a música Já Que o Som Não Acabou, com participação de Alceu Valença. “É um reforço do quanto ele me influenciou e do quanto seu cancioneiro segue influenciando muita gente. Jackson não acabou. Jackson vai continuar”, acrescenta.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.