Entretenimento e Cultura

Abraço da Serpente vencido 3ª edição dos Prêmios Platino del Cine Iberoamericano

Abraço da Serpente vencido 3ª edição dos Prêmios Platino del Cine Iberoamericano Abraço da Serpente vencido 3ª edição dos Prêmios Platino del Cine Iberoamericano Abraço da Serpente vencido 3ª edição dos Prêmios Platino del Cine Iberoamericano Abraço da Serpente vencido 3ª edição dos Prêmios Platino del Cine Iberoamericano

PUNTA DEL ESTE, URUGUAI – Não foi surpresa o colombiano O Abraço da Serpente ter vencido a 3.ª edição dos Prêmios Platino del Cine Iberoamericano. Era favorito. Surpresa foi ter emplacado sete das oito categorias para as que estava indicado. Seu concorrente direto, o guatemalteco Ixcanul, também com oito indicações, foi premiado em apenas uma delas – a de melhor filme de diretor estreante. A cerimônia se deu domingo à noite, 24, no novíssimo Centro de Convenciones do balneário.

Um dos grandes momentos da noite foi a premiação de Ricardo Darín, o homenageado do ano. O ator argentino ganhou um longo aplauso em pé da plateia de cerca de 2 mil pessoas e pronunciou discurso breve e inteligente sobre a necessidade de o cinema ibero-americano se impor diante do gigante de Hollywood, que ocupa a maior parte das salas do mundo. O Brasil, excluído das indicações, foi representado pelo filme que teria possibilidades de fazer bonito na festa. Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, recebeu troféu especial, o Prêmio Platino de Cinema e Educação em Valores. A atriz Karine Telles (que faz a “patroa” de Regina Casé), recebeu o troféu das mãos da Prêmio Nobel da Paz guatemalteca, Rigoberta Menchú, e fez um discurso político, iniciado pela palavra de ordem “Fora Temer”. Foi muito aplaudida. Rigoberta Menchú definiu o cinema como “arte poderosa, capaz de ensinar respeito, concórdia e paz” e daí apoiar a iniciativa de premiar filmes que sintetizem essas três qualidades. Emocionou o público. É figura carismática.

O grande vencedor dos Platinos deste ano poderia ser citado por Menchú como detentor também desses ideais, ao mostrar o problemático encontro entre civilizações dotadas de vocação colonial e os habitantes autóctones das Américas. Na história, dois pesquisadores alemães, em dois tempos distintos, encontram um xamã amazônico. Os dois indígenas, que representam o personagem Karamakate, Nilbio Torres e Antonio Bolivar, estiveram em Punta del Este e encantaram a todos com sua simpatia. No fim da festa, o veterano Antonio Bolivar, de cocar, ergueu o troféu e saudou seu país e os povos indígenas. O diretor do filme, Ciro Guerra, agradeceu aos povos amazônicos terem lhe franqueado seus segredos e seu mundo.

De todas as categorias para que foi indicado, O Abraço da Serpente deixou escapar apenas a de melhor roteiro, que foi para o chileno O Clube, de Pablo Larrain, história de pedofilia na Igreja. O Chile ficou também com o prêmio de melhor documentário para o estupendo Botão de Pérola, de Patrício Guzman, novo mergulho do diretor nos horrores da ditadura de Pinochet.

A Argentina emplacou dois troféus de interpretação, melhor ator para Guillermo Francella, de O Clã, e melhor atriz para Dolores Fonzi, por Paulina. Ambos, lá estiveram para buscar seus prêmios e também Dolores pronunciou um discurso duro contra a sociedade machista e a opressão da mulher, tema do filme de Santiago Mitre no qual ela faz uma professora idealista estuprada por seus próprios alunos. Dolores subiu ao palco portando um cartaz com a inscrição “Somos todos Belém”, em apoio à moça desse nome, encarcerada em Tucumán por haver praticado o aborto.

Prêmio itinerante, o Platino terá Madri como sede em 2017, depois de haver passado por Cidade do Panamá, Marbella e Punta Del Este.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.