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Ana Teresa Pereira vence Prêmio Oceanos

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– Ana Teresa Pereira nasceu em Funchal, em 1958, estreou na literatura em 1989, lançou mais de quatro dezenas de livros, ganhou prêmios e era, até hoje, uma desconhecida no Brasil. O anúncio de seu nome como ganhadora do Prêmio Oceanos, feito na manhã desta quarta-feira, 29, começa a mudar isso. E a informação, divulgada um pouco depois, de que a Todavia publicará Karen, o romance premiado, pode ajudar ainda mais na tarefa de apresentar essa escritora – que, aliás, acaba de entrar para a história como a primeira mulher a ficar em primeiro lugar no Oceanos. Ela vai ganhar R$ 100 mil.

Vencedor, com Mil Rosas Roubadas, do Oceanos em 2015, a primeira edição com este nome depois de mais de 10 anos sendo o Prêmio Portugal Telecom, Silviano Santiago ficou agora com o segundo lugar pelo romance Machado (Companhia das Letras) e vai levar R$ 60 mil. Seu livro já tinha vencido o Jabuti e pode render outra surpresa ao autor hoje à noite, quando serão anunciados os ganhadores do livro do ano de ficção e de não ficção. Santiago está no páreo e pode ganhar mais R$ 30 mil.

O terceiro colocado foi o português Helder Moura Pereira, também inédito no Brasil, com o livro de poemas Golpe de Teatro (Assírio & Alvim). Pereira vai ganhar R$ 40 mil. Dois livros empataram no quarto lugar: Anunciações, da poeta portuguesa Maria Teresa Horta, e Simpatia pelo Demônio (Companhia das Letras), do brasileiro Bernardo Carvalho. Os autores vão dividir o prêmio de R$ 30 mil.

“Uma mulher misteriosa, como misterioso é esse romance, que leva o leitor por uma aventura que não sabe qual será o resultado”, disse a poeta Ana Mafalda Leite, do júri, sobre Ana Teresa ao anunciar o prêmio.

Reclusa, discreta, a autora aceitou responder a algumas perguntas – e o fez por troca de mensagens com a curadora Ana Sousa Dias no Facebook, acompanhada no telão pela plateia que leu, ainda, sua reação quando informada, antes, de que fora premiada. Ela disse que Karen é um romance especial para ela. Por quê? “Em todos os meus livros, tenho tentado ‘aproximar-me’, no sentido metafísico da palavra. É esse o meu trabalho. E, em Karen, senti que estava muito próxima”, respondeu.

Leitora de Manoel de Barros e Manuel Bandeira, ela falou sobre as influências em seu romance premiado. “Em primeiro lugar, Henry James: temos só um ponto de vista, o da narradora, nunca sabemos mais do que ela. Rebecca de Daphne du Maurier: o título, a opção de nunca dizer o nome da narradora. E os policiais clássicos: o livro tem a estrutura de um policial, pensei nele muitas vezes como um ‘policial abstrato’. Fernando Pessoa: a fragmentação, os duplos, a indecisão entre a realidade e a irrealidade.”

Este foi o primeiro ano em que o prêmio, uma parceira entre Selma Caetano e Itaú Cultural com apoio do Itaú Unibanco, CPFL Cultura e República de Portugal, aceitou a inscrição de obras em língua portuguesa não necessariamente publicadas no Brasil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.